O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu arquivar definitivamente, na sessão de 31 de maio, o processo de liquidação do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) cujo destino, entretanto, ainda segue incerto.
“Foi uma decisão do executivo em conjunto dos ministros do TCU por entenderem que a intenção do Governo, inúmeras vezes já declaradas, era de reversão da liquidação”, comenta o presidente da Associação dos Colaboradores do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Acceitec), Silvio Luís dos Reis Santos Júnior.
Os atos preparatórios já estavam sendo feitos, como o decreto de retomada da Ceitec para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) – durante boa parte do governo passado a empresa estava vinculada ao Ministério da Economia. Também havia sido criado o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), para estudar e propor alternativas para a nova Ceitec, e sido feita a retirada da empresa do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República (PPI) e do Plano nacional de desestatização (PND).
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“Agora faltam a conclusão dos trabalhos e apresentação de relatório de curto prazo do GTI, que continuará a estudar alternativas de médio e longo prazo. E a marcação de uma assembleia autorizada pela Casa Civil para formalização da exclusão da Liquidação que deve ocorrer antes do dia 10 de agosto, limite do prazo da liquidação”, explica o presidente da Acceitec.
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A entidade foi chamada para uma reunião com o GTI e apresentou cinco cenários associados a investimentos, tempo de retorno e métricas de políticas públicas do setor.
O destino da Ceitec ainda é incerto. Na sede da empresa, na Lomba do Pinheiro, estão, atualmente, apenas o corpo técnico, responsável pela manutenção do ativo; um projetista, três pessoas da área industrial e administrativo.
“O CTU, que sempre combinou às exigências de rigor na aplicação dos recursos públicos do país com a audiência permanente dos setores que entendiam que a Ceitec poderia ser muito importante na estratégia de produção de semicondutores do País, fez o que se esperava, arquivou o processo”, comenta o engenheiro e professor de Gestão do Conhecimento e da Inovação da Politécnica PUCRS, Adão Villaverde.
Para ele, a Ceitec poderá contribuir muito para abrir caminho para a incursão definitiva do Brasil no seleto grupo mundial de países que dominam e detêm conhecimento e expertise na produção de chips, pois é a única fábrica (front end) de solução completa na América Latina.
“É evidente, que pelos efeitos da tentativa de liquidação sem esperar a curva de maturação da evolução deste tipo de indústria, a empresa amplificou seu gap tecnológico. Mas, nada que um investimento de 10% a 15% do que custaria fazer uma nova fábrica, em qualquer lugar do país, não resolva”, aponta Villaverde.