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Mercado Digital

- Publicada em 18 de Janeiro de 2023 às 21:10

Para avançar, Ceitec terá que focar, alerta gestor

Leão alerta que oferecer tudo junto na mesma planta é muito ambicioso

Leão alerta que oferecer tudo junto na mesma planta é muito ambicioso


Arquivo pessoal/Divulgação/JC
Patricia Knebel
A possibilidade da reativação do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), que esteve sob ameaça de liquidação no governo passado e agora terá seu papel na estratégia de semicondutores do Brasil revista, foi muito bem recebida por uma parcela do mercado que ainda acredita no potencial da empresa, localizada em Porto Alegre, deslanchar.
A possibilidade da reativação do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), que esteve sob ameaça de liquidação no governo passado e agora terá seu papel na estratégia de semicondutores do Brasil revista, foi muito bem recebida por uma parcela do mercado que ainda acredita no potencial da empresa, localizada em Porto Alegre, deslanchar.
Mas, a verdade é que o panorama mundial do mercado de semicondutores é muito dinâmico e evoluiu bastante desde que a Ceitec foi criada. Isso significa que o modelo de negócio, as aplicações e as áreas de atuação da empresa precisarão ser discutidas e definidas de acordo com a realidade atual, caso o governo federal decida realmente reativar a operação.
Neste novo direcionamento, um caminho precisa ser repensado em relação a como a empresa vinha atuando antes do processo de liquidação: foco. É o que aponta Julio Leão da Silva Jr, diretor da empresa inglesa EnSilica, uma das líderes mundiais no fornecimento de circuitos integrados, sediada no Parque Científico e Tecnológico da Pucrs (Tecnopuc).
“A iniciativa na criação da Ceitec foi muito ambiciosa na época. Tentar oferecer projeto, fabricação encapsulamento e testes de circuitos integrados na mesma planta é uma ambição muito grande em qualquer lugar do mundo. Normalmente as empresas focam em uma destas três áreas; fazer tudo junto é exceção”, avalia.
Apesar das dificuldades, ele destaca que o investimento na área de projetos no Brasil gerou dividendos com a atração de várias empresas para o país, como Impinj, Silvaco, Cadence, HCL e, inclusive, a própria EnSilica, que incorporou parte dos profissionais altamente capacitados do Ceitec, como o próprio Leão.
Leão também acredita que a área de produção da Ceitec obteve menos sucesso devido ao foco inicial ser em atender a demanda de chips da administração pública. Que, aliás, nunca se concretizou. “Apesar de a empresa ter desenvolvido etiquetas de RF competitivas para o mercado privado, estes produtos têm retorno financeiro pouco expressivo. E mesmo se este mercado fosse maior, a Ceitec não teria a capacidade de supri-lo devido ao tamanho reduzido de sua planta”, diz.
Para ele, uma alternativa interessante para uma planta deste tamanho seria considerar mercados de alto valor agregado como, por exemplo, Nitreto de Gálio ou Grafeno.
O gestor da EnSilica defende que a Ceitec retome as atividades e coloque em operação suas salas limpas para a produção de chips. “As necessidades das instalações produtivas atuais precisariam de uma parceria privada com capacidade de investimento e a agilidade requeridas para prosperar e que tenham uma base de clientes instalada como, por exemplo, nos setores automotivo ou 5G. Também serão necessários subsídios para atrair tais parceiros, sendo fundamental que a fábrica se torne comercialmente viável, tão logo esteja operando”, conclui.
Ele também sugere que a Ceitec tenha um “Technical Advisory Board” para que estas definições iniciais de estratégia sejam realizadas e acompanhadas por pessoas com experiência na área.
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