A questão do identitarismo, movimento com origem no pós-Segunda Guerra Mundial na Europa e que domina até hoje muitas agendas políticas, econômicas, sociais e culturais, está lastreada na busca de tratamentos especiais para determinados grupos, como mulheres, minorias raciais e sexuais, ambientalistas, indígenas e outros. Nas eleições presidenciais de 2018 e 2022 no Brasil e na última eleição presidencial nos Estados Unidos, a questão identitária esteve em foco.
Mais iguais que os outros (Avis Rara, 160 páginas, R$ 49,90), do combativo e experiente jornalista, biólogo e tradutor mineiro Eli Vieira, em síntese procura, com base em muitas leituras, pesquisas e reflexões, demolir o identitarismo a partir das suas próprias falácias.
Política identitária, woke, lacração, reparação histórica, justiça social crítica e politicamente correto são nomes e conceitos ligados ao identitarismo, termo que com frequência é indefinido demais para ser alcançado pelas críticas. Eli Vieira com coragem e obstinação fala de origens, conceitos, ciência e, na segunda parte do livro, fala de gênero, de sexo, de questões raciais, mostrando incongruências e paradoxos do identitarismo e revelando que ao, fim e ao cabo, o movimento acaba prejudicando os que alegava defender com unhas e dentes.
Mesclando ciências com humanidades, Eli Vieira, sem enveredar em polêmicas e beligerâncias gratuitas, mas com sensibilidade e mente aberta, cutuca tabus e inverdades e mostra os problemas e as consequências altamente negativas e polarizantes de um movimento que deve ser estudado a fundo, em termos de Brasil e de mundo.
O antropólogo baiano Antonio Risério, decano da crítica ao identitarismo no Brasil, aprovou a abordagem de Eli e escreveu: "É um livro que merece ser lido com sensibilidade, atenção e mente aberta. Em meio à enxurrada de baboseiras identitaristas que abundam por aí e de meras produções plagiárias, Eli é pássaro de outra plumagem. Vamos ouvi-lo."