Eu já te contei? (Editora Intrínseca, 304 páginas, R$ 59,90, tradução de Natalie Gerhardt) é o pungente romance de estreia de Genevieve Kingston, formada em linguística e teatro pela Universidade de Berkeley, Califórnia e com mestrado em atuação pela Brown University. A história, em síntese, celebra o amor materno e a importância da memória ao narrar a perda da mãe, dias antes da autora completar 12 anos de idade.
Genevieve emocionou milhares de leitores com o relato She Put Her Unspent Love in a Cardboard Box, publicado na coluna Modern Love no The New York Times, e aí resolveu escrever Eu já te contei?, onde narra a história de sua vida, marcada pela morte precoce da mãe para um câncer agressivo. Sabendo que não veria os filhos crescerem, a mãe de Genevieve deixou dois baús cheios de cartas, presentes e fitas cassete que a representariam nos marcos que perderia na vida. Carteira de motorista, formatura, aniversários até os 30 anos, entre outros momentos importantes da vida foram pensados pela mãe. A mãe também instruiu familiares, amigos, colegas de faculdade, seu ex-namorado e sua terapeuta a responderem perguntas que os filhos fariam sobre seu passado. Tudo com muita honestidade, para que os filhos a conhecessem de verdade e pudessem construir memórias sobre ela.
Genevieve teve momentos difíceis que nem mesmo a mãe poderia prever, como a distância do irmão, o segundo casamento do pai e a morte dele anos depois. Os presentes deixados pela mãe funcionaram como um porto seguro. Com o passar do tempo o baú foi ficando mais leve, as cartas e os presentes chegando ao fim, mas Genevieve seguiu descobrindo a mãe. "Nada me deixaria mais feliz do que saber que vocês seguiram em frente e foram felizes. Isso é a melhor coisa que vocês podem fazer em minha homenagem". Palavras que sintetizaram o imenso legado da mãe que se foi e não se foi muito cedo.