Tormenta (Editora Intrínseca, 336 páginas, R$ 59,90, tradução de Thaís Brito), da jornalista, roteirista e escritora inglesa C.J. Tudor é, acima de tudo, um eletrizante romance e uma assombrosa narrativa sobre o que somos capazes de fazer para sobreviver.
C.J. Tudor é autora do bestseller O Homem de Giz, seu livro de estreia e um dos mais vendidos no Brasil em 2018 e 2019. A Editora Intrínseca também publicou da autora os livros As Outras Pessoas, Garotas em chamas e Onze portas para a escuridão.
Três vidas em risco. Um lugar seguro. Ninguém em quem confiar. Essa é a premissa do mais novo livro da autora, que se tornou fenômeno editorial no mundo por suas reconhecidas habilidades em criar enredos macabros. Tormenta está sendo considerada a história mais assustadora criada pela escritora.
Após um acidente numa nevasca, Hannah fica presa com estranhos no ônibus que os levava ao Refúgio. Ela lidera o grupo, mas uma descoberta aterrorizante acontece. Quando o teleférico de Meg sofre uma pane, ela e os passageiros precisam criar um plano. O espaço é pequeno e há um assassino entre eles. Já Carter vive com certa tranquilidade no Refúgio, um porto seguro para sobreviventes. Uma falha no gerador transforma o local num pesadelo e revela segredos terríveis de seus hóspedes.
Os três são peças centrais do quebra-cabeça. Todos escondem algo. O passado pouco importa quando o amanhã pode não existir. "Ou você é mocinho, ou um sobrevivente. E o mundo está cheio de mocinhos mortos", diz a narradora, sobre as três histórias terríveis que se conectam e levam a um desfecho de tirar o fôlego.
C.J. Tudor explora com grande habilidade os dilemas da consciência humana e traça paralelos sutis com nossa realidade. Ao apresentar os dramas dos personagens complexos que vivem situações inimagináveis, a autora nos faz questionar sobre nossa capacidade de tomar atitudes drásticas em busca da autopreservação. C.J. Tudor pergunta: o que fazer quando o custo da sobrevivência é alto demais?
O mestre e o pasteleiro (Versus Editora, 180 páginas), romance de estreia de Geverson Aparício Ferrari, formado em direito, oficial da Brigada Militar e palestrante para crianças vulneráveis, traz narrativas emocionantes baseadas em acontecimentos reais da família Ferrari, de Pato Branco - PR, que foi para a zona rural de Sapucaia do Sul. Geverson diz: a vida não é fácil, mas pode ser bela e estoicismo, persistência e virtude vencem pobreza, alcoolismo, pobreza e intolerância. Belo livro para sonhar e agir.
Adriano - meu medo maior (Planeta, 604 páginas, R$ 78,00), do jornalista Ulisses Neto, é a história de Adriano Imperador, um dos maiores futebolistas das últimas décadas. Da favela para o mundo. "Adriano tem uma história que merece ser registrada e lida. Vivemos em um mundo onde todos são pressionados a competir e vencer o tempo todo", disse o grande Zico na apresentação.
Cidade Abstrata (Libretos, 244 páginas, R$ 75,00), do arquiteto, professor da Pucrs, escritor e poeta Flávio Kiefer, coletânea de textos publicados no portal Sler, fala de Porto Alegre, história, vida, arquitetura, passado, especulação imobiliária, sustentabilidade, presente e futuro e das sombras e luzes de uma cidade que precisa de nossos cuidados para um futuro digno.
Quantas vidas pode alguém viver? Quantos lugares do planeta consegue visitar? Quantas pessoas e histórias alguém pode conhecer? Flavio Del Mese é um guri de noventa anos e, para contar tudo o que fez, seria necessário uma enciclopédia. Aos 16 fez as primeiras viagens: Bolívia, Pará, Manaus e Buenos Aires, onde foi office boy da Lloyd por dois anos. Com 17 Flavio tirou brevê de piloto, falsificando a idade. Com 19 anos Flavio torna-se piloto de provas automobilísticas. Aos 34 enviava fotos e escrevia para o Correio do Povo sobre corridas de automóveis a partir de Londres. Depois foi para a Rússia. Flavio trabalhou na Vemag, conheceu 60 países, fez dezenas de milhares de fotografias e nunca perdeu o encanto pela estrada.
Flavio Del Mese - Um nômade pelo mundo (Libretos, 272 páginas, R$ 60,00), linda edição em papel couchê, conta com bela capa de Clô Barcellos, com a placa de metal de Xico Stockinger que ficava na frente do Studio de Flavio. Clô assinou também a edição, o design gráfico e a coordenação de produção e textos da consagrada jornalista, escritora, professora universitária e pesquisadora Susana Gastal. Temos uma obra que retrata as vidas, os caminhos, os trabalhos e, acima de tudo, mostra a alma de viajante encantado de Flavio, que já deve ter nascido com rodas nos pés. Dezenas de fotos em cores e em preto e branco do premiado Marco Nedeff e do acervo de Flavio completam o delicioso livro, que resultou de cinco anos de entrevistas e pesquisas feitas por Susana Gastal. No início do livro está uma entrevista que Flavio concedeu ao jornalista Ney Gastal, em abril de 1987, para o Correio do Povo , que na época tinha o elegante tamanho standard, o que possibilitava uma entrevista de página inteira. Nela Flavio fala de família, automobilismo, fotografias, guerras e de como saiu de uma guerra para virar corretor de imóveis e produtor de audiovisuais.
Durante vinte anos, de 1979 a 2001, sem depender de verba pública alguma, Flavio manteve numa casa de esquina da José do Patrocínio o lendário Studio, no qual realizou 45 slideshows a partir de suas viagens pelo planeta. Com generosidade, simplicidade, simpatia, sorrisos e humor, Flavio mostrava slides, colocava trilha sonora e contava sobre países, cidades, encontros com pessoas, histórias, gastronomia, cultura e tudo mais que um viajante verdadeiro e curioso é capaz. Nada contra o turismo tradicional, os museus, monumentos, pontos turísticos e correrias. Cada um é cada um, ensinava Flavio, que gostava de flanar sem pressa pelas cidades, sentindo a graça do momento e, de repente, esbarrando com alguma catedral. Flavio gosta da frase portuguesa: "Temos que ter olhos de ver" e enfatiza a necessária curiosidade e as surpresas que as viagens podem nos proporcionar. As boas lembranças do Studio permanecem na memória afetiva dos porto-alegrenses e muitos frequentadores saíam das sessões motivados para viajar. Muitas vezes, no final dos slideshows, Flavio trocava ideias com os participantes sobre o infinito universo das viagens.
Parabéns Flavio pelas multividas, parabéns Susana pelos magníficos "contiúdos" e textos competentes; parabéns Marco pelas fotos, e cumprimentos para a Clô pelos merecidos cuidados artísticos e editoriais. Rogério Mendelski, amigão do Flavio, disse: Como não ser fã de um gringo desses, além de amigo de todas as horas? Amos Oz disse que as melhores pessoas são as curiosas e bem humoradas. É o Flávio, é verdade, e que bom que esse livro saiu com o Flavio ainda muito e extremamente vivo. Flavio diz que nasceu com um ano em Caxias. Ele é dez. Se tivesse nascido em Bento, seria 20. Viva nosso globetrotter! Longa vida e longas viagens para ele! (Jaime Cimenti)