Todos almejam viver mais e com saúde. Estudos internacionais, inclusive de Harvard, apontam que bom convívio consigo mesmo, com amigos e familiares e sentimento de pertencimento são ainda mais importantes que dormir bem, se alimentar adequadamente e fazer exercícios.
Comer para não envelhecer (Editora Intrínseca, 736 páginas, R$ 139,90), de Michael Greger, consagrado médico, palestrante especialista em segurança alimentar e escritor, autor do best-seller Comer para não morrer, nesta obra apresenta um guia completo de alimentação com métodos simples e acessíveis para prolongar a vida com saúde.
Inspirado no estudo dos hábitos das comunidades mais longevas do mundo, o autor aprofundou seus estudos sobre a dieta à base de vegetais (plant-based diet), que pode prevenir, controlar ou até reverter muitas das questões médicas da atualidade. Neste livro o Dr. Greger, fundador da NutritionFacts.Org,que disponibliza vídeos e artigos científicos gratuitos sobre alimentação, mostra que estilo de vida e alimentação são eficazes no combate de doenças crônicas e outros males ao longo da existência.
A primeira parte da obra fala das onze vias do envelhecimento, como autofagia, glicação, oxidação e etc. Na segunda Greger fala de antienvelhecimento ideal, com dieta, estilo de vida, exercícios, sono e vínculos sociais. Na terceira, Greger fala como preservar os ossos, os cabelos, a audição, as articulações, a visão e outras funções. A parte final trata dos oito princípios do envelhecimento, com oleaginosas, vegetais verdes, frutas vermelhas, restrições calóricas e proteicas e fermento alcoólico do suco de levedura.
Na contramão da indústria do envelhecimento, que movimento centenas de bilhões de dólares prometendo fórmulas mágicas, Greger comprova que a alimentação é a chave para a longevidade. Greger não prega imortalidade, mas, sim, envelhecimento com graça e vitalidade, ao invés de doenças e mazelas da decrepitude.
Café com aroma de pecado: porções diárias de língua portuguesa (Editora AGE, 403 páginas, R$ 98,90), do renomadíssimo professor, editor e homem de cultura Professor Paulo Ledur, traz dicas saborosas e aromáticas como um café, para todos os dias do ano, envolvendo nossa língua. Ledur ensina a escrever livre, leve e solto e, de leve, corretamente.
Entre um gole e outro 2 , o retorno (Bá Editora, 270 páginas), antologia Butantan, traz textos dos cobras Alexandre Bach, Carlos Wagner, Elton Werb, Flávio Dutra, Horst Eduardo Knak, Marcelo Villas-Boas, Márcio Pinheiro, Marco Poli, Marcos Martinelli, Mario de Santi, Luiz Reni Marques, Ricardo Chaves e Sérgio Schueler. A energética editora Mariana Bertolucci reuniu os guris da Confraria do Alemão, que segue firme e fértil.
Literatura, Memória e Identidades Plurais (Oikos Editora, 204 páginas) traz textos da consagrada professora universitária , escritora e pesquisadora Zilá Bernd, um dos maiores nomes de nossa crítica literária. Escritos entre 1975-2023, com rigor, clareza e consistência próprios da autora, os textos falam de racismo, literatura afro-brasileira, sul-riograndense , brasileira e da América Latina e temas variados.
Ninguém gosta de morrer, com raras exceções. O ser humano sempre sonhou com a vida eterna, reencarnação, a fonte da juventude e os poderes da alquimia da pedra filosofal. Até o Harry Potter se envolveu com a pedra essa. Muitos acumulam objetos, dinheiro, imóveis, honrarias, filhos, mulheres, maridos, roupas, jornais velhos, cargos, joias, livros raros e antiguidades na esperança de que aí não vão bater as botas. Alguns entram em academias, ordens e instituições para se tornar imortais, como certos times de futebol que, de vez em quando, morrem na praia e depois ressuscitam. Antigamente diziam que os escritores brasileiros eram imortais porque não tinham onde cair mortos. Hoje nem tanto.
O Woody Allen, que vai fazer 89, diz que gostaria de ser imortal em vida e que prefere não sair de Manhattan, onde gosta de ir até a esquina comer sanduíche de pastrami. O Machado de Assis disse que matamos o tempo e que o tempo nos enterra.
Esse papo todo inicial é para falar do impactante filme A Substância, terror moderno, body horror high tech da diretora Coralie Fargeat (Vingança) em cartaz por aqui. Na história, uma atriz decadente, que ainda fazia sucesso como professora de aeróbica na TV, aos 50 anos é chamada de velha e superada e é demitida sumariamente. A gloriosa Demi Moore (Proposta Indecente, Striptease) , na vida real uma guria de 62 anos, é a protagonista. A brilhante jovem Margaret Qualley é a coadjuvante meio protagonista.
Desesperada com a demissão repentina, Elizabeth, a estrela apagada, aceita um estranho tratamento para encarnar uma nova e jovem versão de si mesma. Depois de uma replicação celular, ela vai virar duas em uma, e quantidades industriais de sangue-ketchup, vísceras e monstruosidades vão rolar. Se você tem estômago light, não vá ou leve um saco plástico que pode ser útil. O filme mereceu o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes de 2024.
O filme desperta ideias sobre etarismo, ageísmo, velhofobia, feminismo polêmico, olhar masculino machista e sobre as ditaduras da forma, da magreza e da beleza, que andam por aí infernizando milhões no planeta, assim como a ideia de rejuvenescer a qualquer custo, mesmo ficando com rosto de buldogue assimétrico, bocas com lábios imensos, um olho maior do que o outro e remédios caríssimos, de uso contínuo e vitalício, para comer menos.
Não conto detalhes da película, claro, para não dar spoiler aos meus queridos vinte e nove leitores. A Substância lembra a série brasileira A Fórmula, de 2017, na qual uma cientista desenvolve um elixir que a rejuvenesce em cerca de trinta anos.
Algumas pessoas não suportam as cenas fortíssimas e saem da sala, outros ficam com nojo, sentem raiva, medo, estupefação e têm reações extremas, sem tirar os olhos da telona. Ou seja: é terror do bom, de alta qualidade, que virou clássico gótico moderno. Demi Moore entende muito bem dos temas do filme, como demonstrou em sua biografia, Inside Out. Demi entregou seu livro para a editora e reivindicou o papel. Sábia decisão das duas. Demi sabe tudo de auto imagem e, aos 62, está com tudo em cima.
A Substância mostra a luta para rejuvenescer e tornar-se, muitas vezes com exageros, um cadáver de inútil beleza. Em boa parte do mundo as pessoas, especialmente as mulheres, estão vivendo mais. Viver mais tempo é ótimo. Melhor ainda com saúde física e mental, equilíbrio e respeito à natureza. Conhecer o Ikigai japonês, a arte de viver mais com saúde e felicidade, sendo sempre ativo ao lado da família e amigos, calmo, comendo moderadamente, ficando em forma para o próximo aniversário, sorrindo, agradecendo aos antepassados, vivendo o momento e buscando sua razão de ser e o motivo maior para levantar da cama a cada nascer do sol é o caminho verdadeiramente substancial. (Jaime Cimenti)