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Jaime Cimenti

Jaime Cimenti

Publicada em 01 de Agosto de 2024 às 18:35

Cem mil anos de criatividade humana

uma breve história da arte

uma breve história da arte

L&PM EDITORES/DIVULGAÇÃO/JC
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Jaime Cimenti
Há cem mil anos o ser humano faz arte, buscando expressar suas emoções, sua história e sua cultura. A arte é o território da liberdade e da criatividade infinitas, e sua história confunde-se com a trajetória da humanidade. Desde os desenhos rupestres até os atuais movimentos como arte conceitual, pop art, arte de novas mídias e hiperrealismo, a arte busca beleza, harmonia, equilíbrio, resistência e participação. Há quem diga que está difícil definir o que é arte hoje, mas isso mostra as buscas permanentes e as saudáveis inquietações dos artistas.
Há cem mil anos o ser humano faz arte, buscando expressar suas emoções, sua história e sua cultura. A arte é o território da liberdade e da criatividade infinitas, e sua história confunde-se com a trajetória da humanidade. Desde os desenhos rupestres até os atuais movimentos como arte conceitual, pop art, arte de novas mídias e hiperrealismo, a arte busca beleza, harmonia, equilíbrio, resistência e participação. Há quem diga que está difícil definir o que é arte hoje, mas isso mostra as buscas permanentes e as saudáveis inquietações dos artistas.
Uma breve história da arte (L&PM Editores, 304 páginas, R$ 63,90), de Charlotte Mullins, experiente e detalhista apresentadora, escritora e crítica de arte, autora de doze livros sobre artes visuais, é um belo e instigante passeio pelos cem mil anos de arte no mundo. Charlotte fala das marcas dos povos pré-históricos, das obras-primas da Antiguidade e da longeva relação da arte com a religião. A autora trata do Renascimento, de Da Vinci, Giotto, Donatello, Van Eyck, Michelângelo e outros.
Mais adiante, relata como artistas se agrupam e se separam em meio ao tumultuado século XX. Picasso, Frida Kahlo, Georgia O'Keefle, Kathe Kollwitz e outros são enfocados pela autora, que depois fala sobre nossos agitados dias. Arte como resistência aos desafios sociais, novas plataformas e ideias, conceito e atitude sendo mais valorizados que, necessariamente, o objeto final. Artistas como Ai Weiwei, Shirin Neshat e o ícone pop Yayoi Kusama estão na obra. São apresentados artistas esquecidos, como a italiana Sofonisba Anguissola e a chinesa Guan Daosheng. O livro foge do eurocentrismo e do cânone e a jornada traz a América do Sul, Austrália, passando pela Índia, Oriente Médio, Vale do Niger, Japão, Java e Rapa Nui.
O livro proporciona a estudantes, universitários e qualquer adulto interessado uma visão global, ampla e aguçada da história da arte de forma concisa. O livro é ao mesmo tempo erudito, fresco, inclusivo e acessível e mostra como a arte pode fazer pessoas e mundo melhores.
 

Lançamentos

Uma poética do efêmero e outros textos ( Edição do Autor, 104 páginas) quarto livro do poeta e escritor dois Santos dos Santos , tem três partes: uma poética do efêmero e outros textos; microcontos e aforismos. “É fluida a nossa percepção de mundo, e nessa insegurança andamos a vida inteira por lugares movediços.” é um dos belos aforismos schopenhauerianos do livro.
Censura por toda parte ( Avis Rara-Faro, R$ 27,47, 128 páginas) de André Marsiglia,consagrado advogado constitucionalista especializado em Liberdade de Expressão , analisa com profundidade e objetividade os bastidores jurídicos do inquérito das fake news e a nova onda repressora que assola o Brasil.
Os maridos ( Editora Intrínseca, 352 páginas, R$ 56,30) romance de estréia de Holly Gramazio é um olhar original e divertido sobre relacionamentos e escolhas determinantes da vida. Ao voltar da despedida de solteira da melhor amiga Lauren é recebida por Michael,seu marido. Só que ela não é casada com ele , que desaparece depois de ir ao sótão trocar uma lâmpada...aí aparecem outros maridos,que desaparecem no sótão...

Domingo

Domingo frio, céu em tons de chumbo, sol escondido. Garoa fina. Acordo cedo, vou em busca do café e dos jornais. Como sou meio cult e setentão, gosto de jornais impressos. Na sacada observo as árvores e os postes com seus fios de energia elétrica e telefonia. Nos cabos de fibra ótica um passarinho pousa. Como se estivesse fazendo um exercício de pilates, ele fica ali, firme, sem ligar para a chuvinha.
Ele está sozinho, enfrentando o frio, o vento e a água. É um bom pássaro gaúcho, que não se entrega diante dos rigores do inverno. Estou só de pijama, está frio ali na sacada, mas não me afasto, hipnotizado pela imagem da ave, que segue ali, impávida, firme e forte.
Os minutos vão passando e a ave ali, sem mover uma peninha sequer, sem um pio, silêncio e concentração totais. O passarinho lembra o cavalo Caramelo, símbolo da resistência, que se quedou, parado, em cima do telhado, aguardando o futuro, no meio da inundação. O pássaro segue ali, seguro de si, na corda bamba, fazendo seu espetáculo de circo ao ar livre, sem se preocupar com toldo, arquibancadas, plateias e aplausos. Ele esta ali, vivendo o seu momento, vivo, sereno, não dando a mínima para as persistentes gotículas da chuva.
Mas eis que o sol aparece entre as nuvens cinzentas, que se abrem como se fossem as cortinas do Theatro São Pedro. O astro-rei mostra que está ali, como em quase todos os dias, para clarear o mundo e as ideias dos humanos e jogar luz na fauna, na flora, nos rios e nos mares. Depois de um primeiro ato, o sol desaparece e as nuvens se movimentam, formando novas cortinas. Como disse o Ulysses Guimarães, política é como nuvem, sempre em movimento .
Digo eu que a política e nuvens se movimentam, muitas vezes, para que tudo fique como já era no tempo do Rei Salomão, que nos deixou o Eclesiastes, onde está escrito que não há novidades debaixo da luz do sol. Nesses últimos séculos houve muitas e rápidas mudanças, mas ainda temos muito o que aprender em matéria de humanismo propriamente dito. O sol volta, o pássaro voa em direção ao infinito, como se fosse um avião pontual carregando passageiros, bagagens e esperanças em direção a algum ponto do planeta.
Era um pássaro ou uma pássara? Não sei, não deu para ver e nem importa. Resolvi tirar o pijama, pois não sou civil e nem militar de pijama. Depois de algum tempo fora da cama, semi-aposentado, visto a roupa do dia. Antigamente alguns aposentados ficavam de pijama o dia inteiro. Uns até iam no armazém da esquina de chinelos e pijama, como seu Setembrino, na minha terra, que botava o pijama assim que chegava em casa e, nos fins de semana, usava o pijama de sexta de tardezinha até segunda de manhã. O Setembrino já fazia isso antes de se aposentar. Já a Maria, que mora sozinha na Serra, depois de aposentada, só tira o pijama quando sai.
 

A propósito

Com um mate, sento na poltrona confortável e leio os jornais. Antigamente, de manhãzita, muitos gaúchos pegavam o Correio do Povo e iam direto para o banheiro, para o café ou para o mate. Muitos ainda devem fazer o mesmo, com o Correio, a Zero Hora e o Jornal do Comércio, eterno noventão competente, lépido e fagueiro. Hoje muitos levam o celular para todo lado e aí podem ler os jornais sentados no trono. Nos periódicos as agressões e polarizacões deletérias do planeta, os egos oceânicos, as guerras sem sentido e as notícias boas da reconstrução do RS, das artes e dos esportes. Tem até crônica clássica sobre passarinho, falta de assunto e outras amenidades amadas pelos leitores. (Jaime Cimenti)
 

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