Um cavalheiro em Moscou (Editora Intrínseca, 464 páginas, R$ 79,90), do escritor norte-americano Amor Towles, ficou na lista dos mais vendidos do The New York Times por quase um ano. Mais de um milhão de exemplares vendidos, virou sucesso mundial. O romance épico é tido por muitos como um clássico da atualidade, pela construção narrativa, linguagem e conteúdo.
Antes de dedicar-se totalmente à escrita, Towles trabalhou mais de 20 anos no mercado financeiro. Em 2011 publicou o best-seller Regras de Cortesia e, em 2021, saiu A estrada Lincoln. Barack Obama indicou Um cavalheiro em Moscou e A estrada Lincoln e Bill Gates indicou Um cavalheiro em Moscou.
Um cavalheiro em Moscou inspirou a minissérie homônima que estreia nesta sexta-feira, 17 de maio, na Paramount , estrelada pelo premiado ator Ewan McGregor (Star Wars, Fargo) e Mary Elisabeth Winstead (Scott Pilgrim contra o mundo).
Cinco anos depois da Revolução Russa, o Conde Aleksandr Rostov foi acusado de escrever um poema contra a revolução e não aderir aos bolcheviques.
Foi condenado a viver até os últimos dias num modesto alojamento no sótão do aristocrático Hotel Metropol, onde antes costumava ocupar uma confortável suíte. O regime tirou os privilégios do Conde, mas não lhe retirou a elegância e cortesia inatas.
Habitando onde moravam mordomos e criados, em meio às convulsões sociais que afetaram a Rússia e o mundo no século XX, o Conde descobre as engrenagens por atrás da pompa e da grandeza do Metropol. Vai conhecendo os responsáveis pelo ecossistema e observa os clientes famosos.
Ele precisa transformar em lar o alojamento e, para tanto, usa sua personalidade cativante para formar uma nova família e aprofundar os laços com as pessoas que cruzam seu caminho. Ele passa a integrar a equipe do hotel e, altamente culto, vai narrando sua vida e a dos outros com referências à história e à cultura russas. Todos os personagens têm histórias próprias e algumas tão surpreendentes como a dele, que, aos 23 anos, foi condenado a ser prisioneiro no Metropol, mas sem perder a nobreza, jamais.
Incidentes em um ano bissexto (Editora Casa Vinte e Nove), do consagrado psicólogo, psicanalista e escritor Luiz Olyntho Telles da Silva, traz contos que poderiam ser usados em oficinas literárias. Intensidade, linguagem enxuta e a voz de um contador estão nas histórias que vão do sonho e da ternura até o barbarismo.
Entre Franciscos (Minotauro-Almendina, 128 páginas, R$ 49,00), do celebrado Gabriel Chalita, escritor, dramaturgo e ensaísta, narra o encontro do Papa Francisco com São Francisco de Assis no Vaticano, na lavanderia que o Papa mandou fazer para moradores de rua. Os dois falam de esperança, desesperança, animais, vida e natureza.
Sobre a medicina antiga (Editora Unesp, 120 páginas, R$ 39,00 - bilíngue português-grego), de Hipócrates, o pai da medicina, mostra como revolucionou a arte médica, com racionalidade e dedicação ao paciente. Ele promovia métodos de observação e desafiava crenças supersticiosas. Criou um padrão duradouro.
Bem que o cronista municipal-estadual, biógrafo do pequeno e grande cotidiano e especialista em generalidades, gostaria de falar das folhas amarelo-ouro do outono, de flores, passarinhos, da iluminação dicroica do sol de Porto Alegre ou falar da falta de assunto, que hoje em dia virou excesso de assunto. Bem que o cronista poderia falar, em todos os seus 3500 caracteres, sobre a querida, linda Malu, que nasceu em meio a estes dias difíceis da enchente de maio de 2024 e agora dorme com paz de bebê. E sonha com a próxima mamadeira e o próximo beijo da mamãe e do papai e, para sorte dela, não sabe do que está acontecendo ali fora.
Lá fora está o maior desastre e desafio para todos os rio-grandenses, ou gaúchos, como você preferir. Acho que, unidos, vamos sair dessa catástrofe. Marcamos nossas fronteiras com pontaços de lanças e marcas de patas de cavalo, povoamos o pampa com pessoas, cidades, plantações, rebanhos, lutas, sonhos, esperanças e histórias. Na Serra, os imigrantes escalaram os montes, a pé ou com mulas, com suas crianças, famílias e sua fé inabalável, abriram picadas a facão, comeram pinhões nos primeiros anos para sobreviver, plantaram, criaram animais e, literalmente, tiraram uva e vinho das colinas pedregosas. Comércio, indústria e turismo vieram depois. Nossos sul, norte, oeste e litoral também sempre marcaram o Rio Grande com a vontade de crescer e ser grande.
No momento, o foco é ajudar quem precisa e que são milhares. Num momento duro como este, o melhor do ser humano, a solidariedade, a caridade e a humildade crescem, ao lado de características menos nobres do animal racional, como o egoísmo, a maldade, o oportunismo e o mau aproveitamento privado e público da situação. Felizmente, os meios de comunicação atuais dão a oportunidade rápida de ver quem é quem. Evidente que responsabilidades precisam ser apuradas, que é preciso conviver melhor com a natureza , que é preciso examinar detidamente o que aconteceu , especialmente nestas últimas décadas, em nível mundial, federal, estadual e municipal. Claro que precisamos de planejamento urbano, de cidades-esponja, de visões modernas sobre cidades e de prevenção. É preciso olhar para exemplos da Holanda, de New Orleans, Nova York e observar o que vem acontecendo em várias partes do Brasil. Existe tempo para tudo e o tempo tem que fazer o papel dele. O tempo se vinga das coisas feitas sem a colaboração dele. Acho que, nessa hora crucial, é preciso deixar a pátina do tempo cair, ao menos um pouco, para então entender tudo o que aconteceu.
As pessoas, os vizinhos, os grupos, empresas, entidades de classe e as organizações público e privadas estão dando um show de solidariedade e, certamente no momento de reconstrução, seguirão juntos. Os governos nos três níveis, as forças públicas armadas e desarmadas estão agindo, e espera-se que nossos homens públicos pensem primeiro no interesse social e que tenham consciência de que o julgamento do tempo e das urnas vem logo ali na frente.
Que venha o sol, que Deus siga abençoando os gaúchos-rio-grandenses de todas as querências, que já lutaram muito nestes séculos e têm uma história gloriosa marcada por desafios vários, invernos e verões rigorosos, temporais inclementes com trovões ribombando nas coxilhas, minuano dobrando esquinas e chicoteando tudo o que encontra pela frente, secas e enchentes. Mas o Rio Grande tem as prendas mais bonitas do Brasil e homens de valor, paisagens lindas de todo tipo, riquezas materiais e imateriais e um futuro que vamos construir juntos, depois de aprender com as coisas da natureza, do tempo e da vida. E espero que o governo federal ajude diretamente governos estadual e municipais, como já ocorreu na pandemia, com sucesso.