É dezembro de 2020. Bem vivido, bom de saldo bancário graças à consistente aposentadoria recheada de interessantes penduricalhos, o destacado ex-operador jurídico, viúvo, boa pinta - se é que isso é possível para um cidadão com 70 anos de idade - sai com uma moça interessante, mignon, bem malhada, 25 de idade. De comum entre eles, principalmente o Direito.
Antes do jantar agendado, ele segredara a amigos: "Ela me parece uma 'Menina Veneno' - com letras maiúsculas - amadora nos embates de Eros, e honrada iniciante das lides forenses.
Os dois vão a um restaurante cinco estrelas. Após opíparo jantar com o melhor vinho da carta, eles acabam em envolvente motel. Era um duplex com piscina, hidro e solarium (como se o último item fosse necessário para as delícias da madrugada).
Ele já dera a ela, durante o jantar, uma joia rara.
Descansando após mais 'umazinha' (viva a pílula azul!), os dois se aconchegam e - preparando novo bote - ela pergunta:
- Benzinho, eu estou saindo muito cara pra você?
O jurista jubilado responde na hora:
- Meu amor, na minha idade não tem jeito. Ou a mulher é cara ou é coroa!
No dia seguinte, via Pix, o douto cidadão faz um depósito consistente para ela. Envia o comprovante e, na sequência, um cartão digitalizado que encomendara, às pressas, a um publicitário amigo. O texto evocava uma música de sucesso, anos 1980, do anglo-brasileiro Richard Ritchie: "Menina veneno / O mundo é pequeno demais pra nós dois / Em toda cama que eu durmo.../ Só dá você, só dá você!"
Agosto último, por uma irreversível página da vida - talvez consequência do incontido uso da pílula azul - o jurista parte da vida terrena para os eflúvios celestiais.
Sábado passado, Dia de Finados, a "Menina Veneno" foi vista depositando flores de saudade no túmulo dele em um dos cemitérios da Azenha. Se vivo estivesse, neste 5 de novembro de 2024, o provecto jurisconsulto estaria comemorando seu 74º aniversário.
Recuperações judiciais recordistas
A onda de insolvência nas empresas brasileiras, que emergiu em 2023 segue ganhando volume, mesmo com a economia crescendo acima das expectativas, o desemprego estar nos menores níveis históricos e a renda das famílias em alta. De janeiro a setembro deste ano 1,7 mil empresas pediram recuperação judicial - foi uma alta de 73% ante o mesmo período de 2023. O número já é maior que o da recessão de 2016.
No contexto, os juros altos são apontados por especialistas como o principal vilão a minar a contabilidade das empresas, porque ficou mais caro financiar os negócios. Há também quatro fatores comprometendo a capacidade de pagamento das empresas: 1) a alta da inadimplência dos consumidores; 2) o impacto das mudanças climáticas na produção de alimentos; 3) a depreciação cambial, que pressiona custos; 4) a dificuldade de acompanhar as transformações tecnológicas.
Seguro é necessário?
Virou quase um código de vestimenta na avenida Faria Lima, em São Paulo, o colete acolchoado usado por executivos. O presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, aderiu. Gostou tanto que encomendou de várias cores, com a marca de produtos do banco indicada no peito.
Há alguns anos esse coletinho já vem fazendo moda entre investidores do Vale do Silício (nos EUA) e CEOs de corretoras e bancos digitais em São Paulo.
Nova geração do PT
Na semana em que uma reunião da cúpula do PT terminou com lavação de roupa suja entre suas lideranças, uma das estrelas da nova geração do partido foi recebida discretamente no Planalto. Três dias depois da briga na cúpula, Lula recebeu Pedro Rousseff, sobrinho-neto da ex-presidente Dilma Rousseff. Aos 24 anos, ele foi eleito o sexto vereador mais votado (17,6 mil) em Belo Horizonte.
As novas lideranças do PT veem o pleito como um sinal amarelo para 2026, querem mais espaço e acelerar a renovação tímida da sigla. É que nas 10 maiores capitais do País, 5,7% dos 35 vereadores eleitos pelo PT têm menos de 30. Entrementes, no PL de Bolsonaro, a proporção é de 10,6% entre os 47 eleitos.
Imposto para
combater o câncer
A gaúcha Melissa Medeiros - doutora em Biologia Celular e Molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e professora adjunta da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - traz um lembrete importante: "O tabaco está diretamente ligado a vários tipos de câncer, especialmente de pulmão, cavidade oral e laringe". Estes, juntos, aparecem entre as principais causas de morte no País.
Ela propõe que "se reforme o sistema tributário e inclua-se o tabaco numa categoria especial de taxação, não apenas para desestimular o consumo, como para devolver recursos ao SUS, que tem de arcar com tratamentos". Dados da ACT Promoção da Saúde revelam que o tabagismo custa à sociedade brasileira mais de R$ 125 bilhões por ano. Simultaneamente, a arrecadação com impostos sobre o tabaco é de R$ 13 bi. "A disparidade evidencia a necessidade de políticas que desencorajem o consumo desses produtos", ela sugere. É pertinente.
Multas insuficientes
O secretário nacional do Consumidor do Ministério da Justiça, Wadih Damous, pede a revisão do teto (R$ 13 milhões) das multas aplicadas a empresas que infringem o direito do consumidor. Ele considera que a cifra "não é nada" para as companhias.
E foi o valor da sanção à Enel, por exemplo, pelo recente apagão em SP. Ele defende que o Congresso delimite em lei a atuação das empresas e não deixe essa tarefa para as jeitosas agências reguladoras.
Excelência da advocacia
A OAB de São Paulo julgará na sexta, 8 de novembro um recurso - em processo ético - contra o advogado Ives Gandra Martins. É que a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e o Movimento Nacional dos Direitos Humanos apresentaram à entidade advocatícia uma representação disciplinar. Nela acusam o jurista de "ter incitado ações golpistas das Forças Armadas". A representação ocorreu após a Polícia Federal encontrar, no ano passado, no celular do tenente-coronel Mauro Cid, um questionário respondido por Ives Gandra sobre a "garantia dos poderes constitucionais", além de apresentar um suposto roteiro para um golpe. (O texto questionado era de 2017).
Em dezembro de 2023, a 6ª Turma do Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem paulista concluiu que o jurista não cometeu infração. As entidades recorreram. As teses de contrarrazões de Ives Gandra são de que "nunca defendeu qualquer tipo de golpe de Estado" e que "terceiros fizeram uma interpretação desfigurada e incorreta de uma tese sua".