Por Fernanda Crancio, interina
Acumulando problemas de saúde e algumas internações hospitalares nos últimos anos, o ex-prefeito de Porto Alegre e ex-governador do RS Alceu Collares morreu na madrugada de terça-feira (24), véspera de Natal, aos 97 anos. Tinha ao seu lado a companheira dos últimos 40 anos, Neusa Canabarro, e familiares. Primeiro governador negro do Rio Grande do Sul, teve uma trajetória admirável, foi vendedor de laranjas, jogador de futebol, carteiro, sindicalista e, a partir daí, formou-se em Direito e alçou uma bela trajetória pessoal e política. Em uma entrevista antiga veiculada em uma rádio da Capital, comentou sobre sua vida: "Chegar onde cheguei é prova de uma grande ajuda da vida. Vê a sorte que tive, nascido num rancho em Bagé e primeiro negro a ser governador."
Observações políticas
Em uma das últimas entrevistas que concedeu ao JC em 2011, Collares disse que os partidos políticos precisavam fazer uma grande revisão para retomar a confiança da população e vencer a crise por que passavam. Na ocasião, observava a carência de novas propostas e o desinteresse por boas ideias antigas. Passados 13 anos, pouca coisa mudou...
Presença de ex-governadores
Pela manhã, os ex-governadores Pedro Simon, Yeda Crusius e Tarso Genro - de quem Collares ficou muito amigo nos últimos anos e recebia visitas frequentes em casa - passaram pelo Piratini para se despedir do companheiro de política.
Figura marcante
O governador Eduardo Leite fez questão de destacar a figura marcante e de posições firmes, mas também o bom humor e a cordialidade de Collares. Leite, que tem 39 anos, lembrou que tinha entre cinco e nove anos de idade quando o pedetista governou o Estado, mas que desde sua entrada no meio político aprendeu a admirá-lo. "Acompanhei com admiração e muito respeito a trajetória política muito bonita que ele cumpriu no nosso Estado. Deixou uma grande contribuição e exemplo pela origem humilde que teve, chegando a prefeito da Capital e governador do Estado", comentou.
O voto é tua única arma...
... Põe o teu voto na mão. Esse é o verso mais conhecido do poema "O voto e o pão", escrito por Collares em 1977. A cada eleição que concorria ou apenas apoiava algum candidato, o ex-governador sempre fazia questão de declamá-lo ou gravá-lo para o horário eleitoral. Fica eternizado.
Despedida do trabalhista
O corpo de Alceu Collares foi velado das 11h às 16h no Salão Negrinho do Pastoreio do Palácio Piratini com toda a pompa e honra que uma despedida de chefe de estado deve ter. A repórter Maria Amélia Vargas, que acompanhou parte do funeral, relata que a urna fúnebre foi colocada sob a guarda de uma "câmara ardente", composta por quatro cadetes da Brigada Militar e próxima às bandeiras do Brasil e do Rio Grande do Sul. Dragões Farroupilhas, nome dado aos militares que fizeram a recepção dos convidados e populares que acompanharam a cerimônia, seguravam suas lanças na entrada do Palácio Piratini.
Despedida do trabalhista II
Ao final da cerimônia, uma missa foi celebrada e o clarim soou anunciando o chamado "toque de silêncio", executado por soldado da Brigada Militar. O caixão, então, foi carregado até o caminhão do Corpo de Bombeiros, de onde seguiu em cortejo fúnebre até o Cemitério Jardim da Paz, onde o corpo do ex-governador foi sepultado.
Clima doido
Natal chuvoso foi o clima em muitas cidades gaúchas. No Litoral Norte, para onde se deslocaram milhares de pessoas, a chuva dominou o dia. Já na Capital, períodos de precipitação forte e sol a pino desafiaram os que se arriscaram a passear pelas ruas.
Tragédia aérea
Depois da tragédia com o avião em Gramado, no último domingo, o feriado foi marcado pela queda de uma aeronave comercial da Azerbaijan Airlines com 67 pessoas a bordo. O avião fabricado no Brasil pela Embraer saiu de Baku, capital do Azerbaijão, com destino à cidade de Grósnia, na Rússia.
Mercado vai de mal a pior
A desvalorização do real em meio à incerteza fiscal do País e o fortalecimento do dólar com a volta de Donald Trump ao comando dos Estados Unidos resultaram em uma saída de investimentos do Brasil para a potência norte-americana. O mercado não tem descanso mesmo.