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Fernando Albrecht

Fernando Albrecht

Publicada em 11 de Julho de 2024 às 19:18

Trensurb segue tomado por água na Região Metropolitana de Porto Alegre

Tânia Meinerz/JC
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Fernando Albrecht
O que chama a atenção do popular? Pode estar pensando no tempo que vai levar para aparecer o trem no túnel da esquerda. Uma região que continua alagada e coberta por areia é o bairro Navegantes, na altura do acesso às pontes e da Igreja Nossa Senhora dos Navegantes. O interior está tomado por água e areia, então, até o trem poder chegar à Estação Central vai levar um tempo. Não só para limpar a área, mas recolocar trilhos e sensores eletrônicos ao longo do caminho. O Trensurb é o Aeroporto Salgado Filho da Região Metropolitana.
O que chama a atenção do popular? Pode estar pensando no tempo que vai levar para aparecer o trem no túnel da esquerda. Uma região que continua alagada e coberta por areia é o bairro Navegantes, na altura do acesso às pontes e da Igreja Nossa Senhora dos Navegantes. O interior está tomado por água e areia, então, até o trem poder chegar à Estação Central vai levar um tempo. Não só para limpar a área, mas recolocar trilhos e sensores eletrônicos ao longo do caminho. O Trensurb é o Aeroporto Salgado Filho da Região Metropolitana.
 

As luzes da cidade

Vocês não têm ideia como a capital gaúcha era vista nos anos 1950 e 1960, especialmente para adolescentes e jovens. Falo pela minha geração. Quando era criança, em São Vendelino, a cidade grande deixava a gurizada de olhos arregalados. Eu mesmo participei de trilhas que levavam ao Morro Canastra, de onde à noite, com céu claro, se avistava a claridade de Porto Alegre. O efeito era o mesmo de mariposa dando volta ao redor de um bico de luz, extasiadas que ficavam agitando freneticamente as asas. Então nós sonhávamos em vê-la de perto, quem sabe morar nela. A mais de 130 quilômetros de distância, com estradas ruins de chão batido, fim de semana nem pensar.
Quando a visitei pela primeira vez, com 7 ou 8 anos, não dormi na noite anterior. Cedinho o pai preparava o Dodge, calibrava os pneus, enchia o tanque e deixava o motor aquecer. Da porta, a mãe acenava desejando boa viagem com algum receio.
Quando entramos na avenida Farrapos botei a cabeça para fora e arregalei os olhos com a sucessão de prédios, esquinas, o asfalto duradouro de cimento na época, as sinaleiras, o trânsito e a montoeira de pessoas nas calçadas. Em São Vendelino eu via quando muito três ou quatro veículos por dia, incluindo o ônibus do seu Kurt Backes. Na Capital, era um atrás do outro e em fila dupla! A primeira parada era na esquina onde ficava o Bazar Central, no 4º Distrito; a uma quadra dali, na Franklin Roosevelt, também chamada de avenida Eduardo, meu tio Edmundo Weissheimer e a tia Sílvia tinham um armazém de secos e molhados; no letreiro lia-se "Armazém Edmundo, o Terror da Zona". No lado oposto, a casa com um amplo jardim em horta cercados por um simulacro de cerca. Toda aberta, mas sem temer ladrões.
O 4º Distrito era um charme só. Orgulhava-se de não depender do Centro para nada, tinha até Carnaval e Natal próprios com profusa decoração, além do eternamente eleito vereador Aloísio Filho. Havia até um grupo de teatro, o Grupo dos 16, com primos e primas no elenco. Adiante a Sociedade Gondoleiros, famosa por seus carnavais. Na copa, o ecônomo, seu Heinz. Perto da esquina com a Moura Azevedo, o dono de uma farmácia colocou um jacaré pequeno em laguinho ao lado interno da vitrine, encimado por um letreiro "atende-se dia e noite". Foi a forma de chamar atenção dos passantes.
Nas viagens subsequentes o bairro foi meu xodó. Adiante ficava a Sociedade Polonesa. Perto do armazém Edmundo comia-se pernas de rã no Recreio Avenida, da família Tagliassuchi. O pai e tios tomavam chope debaixo de um carramanchão. Chope preto no inverno, claro, fora dele, sempre empilhando bolachas para o garçom fazer a conta. Eu ia junto, mas piá não dava palpite, apenas ouvia atentamente as histórias dos mais velhos, especialmente sobre longas e tenebrosas viagens Rio Grande do Sul afora.
Certo dia, do caramanchão caiu um maranduvá no sanduíche do meu tio, mas essa já é outra história.

General Motors e o futebol colombiano

O futebol foi usado como tema para descontração durante a solenidade de anúncio de investimento de
R$ 1,2 bilhão da General Motors (GM) na fábrica de Gravataí. Com a dupla Gre-Nal em baixa, o tema foi lembrado em função da vitória da Colômbia sobre o Uruguai. O presidente da GM América do Sul, Santiago Chamorro, é colombiano, e estava todo pimpão com a classificação da sua seleção para a final da Copa América.

Varas verdes

Mesmo quem gosta do inverno está revisando sua posição. A chuva e a umidade aumentam a sensação de frio. Certa vez o folclorista Paixão Côrtes me disse que nas campereadas se dizia que batia "a lichiguana", uma espécie de vespa que bate freneticamente as asas. Também se usava a expressão "tremia como vara verde", para a tremedeira com frio.

Azar de urubu I

Quando urubu está de azar, o de baixo faz cacaca no que voa em cima. Temos um aeroporto fechado, um trem metropolitano funcionando a meia boca, pontes e mais pontes caídas e, agora, o vão móvel da ponte do Guaíba vai ficar dois meses fora de operação.

Azar de urubu II

Moradores de Eldorado do Sul, mas não só eles, temem que a viagem de ida e volta para Porto Alegre tenha ainda mais demora. Eles perguntam se a segunda ponte vai dar conta do recado. Bueno, em tese sim, mas que vai ter água no chope, lá isso vai.

JC em São Paulo

A jornalista Bruna Suptitz representa o Jornal do Comércio no 19º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, evento da Abraji, que acontece até domingo em São Paulo. Bruna participa de painel sobre a cobertura da catástrofe climática no RS. A titular da coluna Pensar a cidade ainda vai debater sobre imprensa e conselhos municipais.
 

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