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Começo de Conversa
Fernando Albrecht

Fernando Albrecht

Publicada em 27 de Junho de 2024 às 19:06

A guerra dos porongos

Fernando Albrecht/Especial/JC
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Fernando Albrecht
Esta dupla sentada em banco defronte ao Chalé da Praça XV, em Porto Alegre, chamava a atenção dos passantes pela indumentária caprichada e pelo tamanho das cuias de chimarrão. Uma é larga e grossa, e a outra ganha no comprimento, mas ambas se prestam para o mate amigo.
Esta dupla sentada em banco defronte ao Chalé da Praça XV, em Porto Alegre, chamava a atenção dos passantes pela indumentária caprichada e pelo tamanho das cuias de chimarrão. Uma é larga e grossa, e a outra ganha no comprimento, mas ambas se prestam para o mate amigo.

O crime do bigode

- Vou dançar uma valsa debaixo do teu bigode!
Essa expressão traduzida do alemão no dialeto Hunsrick foi dita por um agregado do meu pai, cujo desfecho foi um assassinato. Quando minha mãe completou 91 anos - ela faleceu um ano depois, em 1994 - tive uma longa conversa com ela sobre os tempos de sua juventude e os duros anos do início do casamento. O Vale do Caí era pouco habitado na época, e meu pai percorria longas distâncias com sua mula. Depois, com os frágeis carros e caminhões.
Lembro em especial uma noite tempestuosa dos anos 1940, quando o pai, eu e a mãe viajamos de Feliz para São Vendelino a bordo de uma casquinha de noz com motor, o Juwa 4, da Renault. Havia uma balsa no Rio Caí, mas para economizar o pedágio era costumeiro cruzar o rio em um trecho pedregoso, quando o nível estava baixo. De dia já dava um frio na barriga, imagina uma noite com chuva. Em dado momento, o autinho balançou ao saber das marolinhas causadas pelo vento e aumento do nível para, depois, ir patinando até a margem salvadora. Rapaz, nunca senti tanto medo nos meus poucos anos de vida.
Ela contou que imagens antigas reapareciam na sua cabeça, e era capaz de descrever cenas, cheiros, roupas e rostos com minúcia assombrosa. Contou em episódio em que o pai foi com ela numa festa de dia de matança de porcos no Morro do Tico-Tico (Spatzberg), em Bom Princípio, anos 1930. Um evento comum naquela época. Apareceram vizinhos, conhecidos e amigos - e inimigos. O pai era uma espécie de líder da região. A festa ia bem até que apareceu um desafeto de revólver em punho.
Para entender o espírito da época, o abate de suínos naqueles tempos era uma festa para adultos e crianças. Os pais bebiam cerveja e contavam causos enquanto comiam torresmo ainda quentinho, que para mim era manjar dos deuses. As mulheres trocavam confidências e a criançada disputava a bexiga do porco, que era inflada e servia como bola de futebol aérea ou como balão.
O homem era violento e tinha um brilho assassino no olhar, contou a mãe. Desafiou meu pai para uma briga armada e ficou brincando com a arma até apontá-lo para o pai. Nisso, um empregado nosso na venda e prensa de alfafa, muito disputado pelos quartéis para alimentar cavalos, se postou na frente do pai e desafiou o inimigo comum com uma frase que fazia sentido em alemão.
- Vou dançar uma valsa debaixo do teu bigode!
Neste preciso momento o valentão atirou. Ele morreu defendendo meu pai, disse a mãe com os olhos marejados de lágrimas. Foi um enterro triste. Ela só não lembrou o desfecho, se o assassino foi preso ou não. Conhecendo as histórias daquele tempo, temo que o crime tenha ficado impune. Toda aquela região tinha histórias de violência, com brigas com os bugres que sequestravam filhos de colonos, episódio narrado por Monsenhor Matias Gansweidt no título Luis Buger und die opfer seiner rache (As Vítimas do Bugre), conflitos entre famílias e brigas novas turbinadas por cerveja e um coquetel chamado "Serrano" (Serôna, no dialeto), mistura de cachaça, mel ou guaco, suco de limão, açúcar e canela, servido em copo de chope que corria de boca-em-boca.

Movimento Brasil

Na terça-feira que vem, Gerdau, Vale, Instituto Helda Gerdau e Din4mo Lab vão reunir parceiros para apresentar o fundo para angariar mais investidores e lançar dois projetos já apoiados pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC) e Sebrae-RS. O encontro é virtual e gratuito. Informações no link: https://www.sympla.com.br/regenerars__2519391.

A volta difícil

Algumas operações no Centro Histórico em geral e no Mercado Público, em particular, vão retornando - a Padaria Copacabana é uma - , e só não tocam a máquina a 100% porque balcões afetados pelas águas tem que ser substituídos, e estes equipamentos, uma vez encomendados, levam dois ou três meses a chegar. Não se compram na bodega da esquina.

Todo poder ao tráfico I

O Supremo Tribunal Federal (STF) liberou até 40 gramas de maconha para uso pessoal, o que foi saudado pelos costumeiros foguetes cidade afora, sinal que chegou droga fresquinha. O tráfico tem motivos para comemorar. Quem tem estrutura e logística para comercializar a maconha junto com drogas pesadas?

Todo poder ao tráfico II

Não será a iniciativa privada (além dos traficantes...) que vai comercializar a cannabis, em princípio. Ah, dirão vocês, o tráfico segue proibido. Quando é que os mercadores de drogas deram bola para as leis? Agora mesmo é que eles vão ganhar dinheiro, o que vai resultar em mais brigas entre as facções com cadáveres espalhados por aí.

Experiência no ramo

Quanto mais pobre um país, menos segurança constitucional tem e mais generais de plantão para golpes de Estado. A Bolívia tem um histórico de golpes ou tentativas geradas pelos meios castrenses, os quartéis.

Atendimento nota zero

Você vai a qualquer loja ou lancheria solicitar algo ou comprar e, se não tiver gente na sua frente, as atendentes estarão quase sempre dedilhando o medito celular. Para chamar atenção só berrando. E a produtividade, ó...
 

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