É paradoxal o que se observa no Centro de Tramandaí. O movimento de carros e pedestres é elevado, mas as lojas estão vazias. Pelo que dizem os motoristas de Uber e lojistas, o movimento de carros vindo de Porto Alegre e outras cidades da Região Metropolitana aumentou consideravelmente depois da volta das chuvas e previsão de quebra do recorde anterior do nível do Guaíba. Como a gente não está acostumado em ver a cidade fora do veraneio, precisa se escorar na opinião dos nativos.
Alagamentos em Capão
Chuva intensa durante todo o final de semana devolveu cenário de inverno a uma Capão da Canoa com público de verão
CLAUDIO MEDAGLIA/ESPECIAL/JC
O repórter Cláudio Medaglia informa que as chuvas no sábado e domingo em Capão da Canoa também alagaram as ruas, assim como aconteceu em Tramandaí, fato noticiado pela coluna. Por lá, também é intenso o movimento de veículos. O tempo fechado, entretanto, tirou o público de bares, restaurantes, padarias e cafeterias do município do Litoral. Quem se deu bem em Capão foram os estabelecimentos gastronômicos com tele-entrega. Na noite de domingo, em alguns casos, o aviso era de que o pedido poderia levar quase três horas para chegar.
Cidade de lona
Quando as águas baixarem, os que hoje estão em abrigos terão que ter um mínimo do que chamaríamos de lar. Então, é provável que vejamos áreas imensas com "casas" de lona infileiradas como refugiados de guerra na Palestina e em outros lugares do mundo.
Uber de fora
Um motorista do Uber me falou que tem muitos colegas vindos de Porto Alegre e cidades vizinhas atingidas pela enchente. A demanda compensa. Pode ser, porque cidades como Capão da Canoa tem até congestionamentos.
Espanto
Quando se fala com nativos, como garçons, atendentes de lojas e lancherias que perguntam como está a situação na Capital, observa-se olhos arregalados, espanto e medo no rosto.
O crime compensa
Décadas de observação e com a experiência de ter sido repórter policial lá atrás me ensinaram a identificar a maioria dos assaltantes profissionais. Geralmente são dois, um deles a um metro e meio do outro e ao lado, o "segurança" caso algo dê errado. Pois vi duas duplas no Centro de Tramandai ontem de tarde.
Noites vazias
Como moro perto da praia, o movimento de carros e pedestres praticamente some depois de determinada hora da noite. Então, o silêncio é sepulcral. Nada diferente de Porto Alegre.
Falta dinheiro em espécie
FERNANDO ALBRECHT/ESPECIAL/JC
Hoje se paga até cafezinho com cartão, mas se precisar sacar dinheiro vivo, não conte com o Banco 24h em Tramandaí. Dificuldades em repor as células e questões de segurança explicam.
O telhado de todos nós
A imprensa do centro do País está dando cobertura total à triste condição do Rio Grande do Sul, incluindo colunistas. Talvez a melhor definição seja de Fernando Gabeira no jornal O Globo: como o cavalo Caramelo, o Brasil subiu no telhado.
Incredulidade
Alguns leitores que moram na Europa manifestam sua incredulidade ao saber que a enchente deve voltar com mais força e o Guaíba irá além da marca anterior, de 5,35 metros. Não estão sós. Este é o nosso sentimento também.
Longe, tão perto
Leitor diz que não consegue comprar mais nada pela internet. O Mercado Livre, por exemplo, dá como opção "a retirada em um local próximo da minha residência", citando dois "locais": Montenegro ou Carlos Barbosa! É o novo normal de "local próximo".
Santa Casa
Mais de 1,2 mil funcionários da Santa Casa de Porto Alegre foram atingidos pelas enchentes e 500 perderam suas casas. A instituição pede doações pelo Pix solidariedade@santacasa.org.br