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Cinema
Hélio Nascimento

Hélio Nascimento

Publicada em 19 de Dezembro de 2024 às 19:29

O Conde de Monte Cristo, de Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte: A Vingança

Obra literária de Alexandre Dumas ganhou nova versão cinematográfica em 2024

Obra literária de Alexandre Dumas ganhou nova versão cinematográfica em 2024

PARIS FILMES/DIVULGAÇÃO/JC
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Hélio Nascimento
Provavelmente, o primeiro filme baseado em O Conde de Monte Cristo, o romance de Alexandre Dumas, escrito com a colaboração de Auguste Maquet, foi realizado em 1918, por Henri Poctual. Foram tantas as versões que o espaço dedicado a uma relação com a ambição de ser completa das versões omitiria o número de cineastas, espalhados pelo mundo, que abordaram a história de um injustiçado pela inveja e a traição, que passou por terríveis sofrimentos antes de se transformar em um indivíduo poderoso, graças a um tesouro cujo local lhe foi revelado por outro condenado. E há também filmes que apenas tiveram o romance como sugestão, entre eles uma obra-prima como Um Sonho de Liberdade, de Frank Darabont, realizado em 1994. Despois que o cinema foi enriquecido pelo som, alguns filmes foram realizados, nenhum deles obtendo lugar expressivo na História do Cinema, mas que sobreviveram nos arquivos graças a alguma ambição e aos nomes de seus intérpretes.
Provavelmente, o primeiro filme baseado em O Conde de Monte Cristo, o romance de Alexandre Dumas, escrito com a colaboração de Auguste Maquet, foi realizado em 1918, por Henri Poctual. Foram tantas as versões que o espaço dedicado a uma relação com a ambição de ser completa das versões omitiria o número de cineastas, espalhados pelo mundo, que abordaram a história de um injustiçado pela inveja e a traição, que passou por terríveis sofrimentos antes de se transformar em um indivíduo poderoso, graças a um tesouro cujo local lhe foi revelado por outro condenado. E há também filmes que apenas tiveram o romance como sugestão, entre eles uma obra-prima como Um Sonho de Liberdade, de Frank Darabont, realizado em 1994. Despois que o cinema foi enriquecido pelo som, alguns filmes foram realizados, nenhum deles obtendo lugar expressivo na História do Cinema, mas que sobreviveram nos arquivos graças a alguma ambição e aos nomes de seus intérpretes.
Em 1934, Roland W. Lee realizou uma versão americana, tendo Robert Donat como protagonista. Em 1976, David Greene realizou sua versão no Reino Unido com vários nomes famosos no elenco: Richard Chamberlain, Tony Curtis, Trevor Howard, Louis Jourdan e Donald Pleasence. Em 2002 foi a vez de Kewin Reynolds dirigir um filme com Jim Caviezel e Guy Pearce. Depois de voltar para a França, em 1943 e 1948, o falso conde foi focalizado em filmes dirigidos respectivamente por Robert Vernay e Albert Valensin. O mesmo Vernais voltou ao tema com uma versão, realizada em 1948, com Jean Gabin no papel de Edmond Dantes. Em 1961, Claude Autant-Lara, o famoso diretor de Adúltera, filme idolatrado por P.F. Gastal e por muitos de sua geração, dirigiu nova versão, com Louis Jourdan, desta vez promovido a protagonista. E agora uma curiosidade: Deniys de La Patellière foi roteirista, em 1950, de uma versão para a tevê francesa. Este cineasta é pai de Alexandre de La Patellière, um dos diretores da nova versão agora circulando pelos cinemas brasileiros. O outro é Mathieu Delaporte.
Ao citar o nome de Claude Autant-Lara, impossível deixar de lembrar que ele foi a vítima preferida por François Truffaut, que quando era crítico patrocinado por André Bazin investiu com toda a irreverência contra muitos cineastas da geração anterior, sendo uma das exceções Jean Renoir, ídolo do pessoal dos Cahiers du Cinéma. Consta que o próprio Truffaut teria escrito uma carta a Autant-Lara justificando-se pelos ataques por necessidade de abrir espaço para os novos cineastas. Mas Autant-Lara nunca o perdoou. Quando Truffaut morreu, em 1984, ele fez questão de lembrar que o então crítico havia feito muito mal ao cinema francês. O futuro diretor de Os incompreendidos chamava a maioria dos que antes haviam realizado filmes na França de produzirem um "cinema de qualidade", voltado apenas para o nível formal. A polêmica na época era grande, valendo lembrar que René Clément fazia questão de ser chamado de anti-nouvelle-vague. É justo lembrar, no entanto, que Truffaut mostrou simpatia por uma das realizações de sua vítima, o filme Travessia de Paris, realizado em 1956. Tudo isso pertence ao passado, mas por ser o diretor do novo Conde filho de um integrante da "velha onda", vale algumas observações sobre o papel desempenhado pelo filme.
Não há dúvida que estamos diante de um filme muito bem realizado, com virtudes espalhadas pelos vários setores de uma produção cinematográfica. Os intérpretes são todos talentosos. Mas também é indiscutível que o trabalho perde a oportunidade de aprofundar o tema da vingança de um injustiçado por um poder maligno. Não há ênfase na focalização de um impulso violento gerado por uma distorção que, aos poucos, vai revelando para o espectador sua sordidez. O poder material, a riqueza que permite o orgulho por um título de nobreza e um poder de transformar a vítima em julgador e executor de sentenças são abordados sem profundidade. O gesto de humanismo no final de tudo é a vitória de uma narrativa que não traz a trama para o tempo presente. Ao contrário, exalta o título do protagonista. Mas há cenas excelentes do ponto de vista formal, como o encontro do casal desfeito e a noturna narrativa assustadora diante dos inimigos. Mas um novo Truffaut teria argumentos para uma crítica devastadora.
 

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