Violência e paixão

Por Hélio Nascimento

Napoleão, de Ridley Scott
Uma das características da obra do cineasta Ridley Scott, o contraste entre a ciência que permite o uso avançado das mais diversas tecnologias e a realidade que cerca os personagens, surge claramente em seu terceiro e o mais admirado de seus filmes, Blade Runner, o caçador de androides, realizado em 1981. Em tal filme, avanços em transportes e em outros setores da sociedade não impedem que os seres humanos vivam sob uma chuva constante e agredidos por uma poluição que a tudo transforma num cenário sombrio, um mundo que torna o viver uma tarefa difícil. No filme anterior, Alien, o oitavo passageiro, realizado dois anos antes, esse encontro com forças destrutivas se revela inteiramente num combate contra um primitivismo que, tendo origem nas entranhas humanas, se transforme em ameaça constante e destruidora, às vezes até integrado a um cenário que expressa uma avançada tecnologia que permite viagens e pesquisas interplanetárias. Até um robô integra uma missão cujos componentes serão exterminados, com exceção de uma sobrevivente. De uma ou outra forma esse tema estará sempre presente na obra de Scott, seja naqueles filmes desenrolados no futuro, seja naqueles que voltam ao passado, sem esquecer os que, desenrolados no nosso tempo, colocam na tela dilemas decorrentes da luta entre a natureza humana e as leis destinadas a discipliná-la. E por vezes, como em Alien: covenant, o robô criado pelo homem como que supera as limitações, pedindo ao sistema tecnológico que lhe propicie a audição da Entrada dos Deuses em Valhalla, o final da primeira parte da tetralogia wagneriana sobre o Anel do Nibelungo. Uma antecipação cinematográfica do reinado das máquinas.

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