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Cinema

Cinema

- Publicada em 11 de Maio de 2023 às 17:46

Homenagem e lembranças

Assim como existem, espalhados pelo mundo, festivais de cinema, não sendo necessário lembrar aos cinéfilos os mais conhecidos, há, como é sabido, mostras de pintura, promoções destinadas a divulgar o movimento editorial e os dedicados à música. Um deles, e dos mais antigos, é o BBC Proms, realizado anualmente em Londres e do qual participam orquestras, instrumentistas e cantores de todo o mundo. Os seus organizadores são atentos a todo o universo cultural nos mais diversos países. Vale lembrar que, para assinalar o centenário da morte de Heitor Villa-Lobos, sua noite de encerramento foi dedicada àquele compositor brasileiro, com a execução do Choro Número 10. O palco das apresentações é o Royal Albert Hall, que foi o cenário no qual Hitchcock realizou uma antológica sequência de O homem que sabia demais, na segunda versão, aquela interpretada por Doris Day e James Stewart. A noite de encerramento é uma festa transmitida pela TV para todo o Reino Unido. O festival londrino dura cerca de 40 dias e sua homenagem a Villa-Lobos pode ser vista no Youtube. O encerramento é tão concorrido que telões são localizados em várias cidades para que pessoas confraternizem e assistam também nas ruas peças da música britânica e, como no caso de Villa-Lobos, de compositores de outras nacionalidades. Algo que merece destaque numa coluna dedicada ao cinema é que neste ano, mais precisamente no dia 11 de agosto, algo inédito acontecerá: o Festival vai homenagear Stanley Kubrick. Naquela noite, a orquestra regida por Edward Gardner interpretará um programa intitulado Uma odisseia no espaço, integrado por obras utilizadas por aquele cineasta em seu maior filme.
Assim como existem, espalhados pelo mundo, festivais de cinema, não sendo necessário lembrar aos cinéfilos os mais conhecidos, há, como é sabido, mostras de pintura, promoções destinadas a divulgar o movimento editorial e os dedicados à música. Um deles, e dos mais antigos, é o BBC Proms, realizado anualmente em Londres e do qual participam orquestras, instrumentistas e cantores de todo o mundo. Os seus organizadores são atentos a todo o universo cultural nos mais diversos países. Vale lembrar que, para assinalar o centenário da morte de Heitor Villa-Lobos, sua noite de encerramento foi dedicada àquele compositor brasileiro, com a execução do Choro Número 10. O palco das apresentações é o Royal Albert Hall, que foi o cenário no qual Hitchcock realizou uma antológica sequência de O homem que sabia demais, na segunda versão, aquela interpretada por Doris Day e James Stewart. A noite de encerramento é uma festa transmitida pela TV para todo o Reino Unido. O festival londrino dura cerca de 40 dias e sua homenagem a Villa-Lobos pode ser vista no Youtube. O encerramento é tão concorrido que telões são localizados em várias cidades para que pessoas confraternizem e assistam também nas ruas peças da música britânica e, como no caso de Villa-Lobos, de compositores de outras nacionalidades. Algo que merece destaque numa coluna dedicada ao cinema é que neste ano, mais precisamente no dia 11 de agosto, algo inédito acontecerá: o Festival vai homenagear Stanley Kubrick. Naquela noite, a orquestra regida por Edward Gardner interpretará um programa intitulado Uma odisseia no espaço, integrado por obras utilizadas por aquele cineasta em seu maior filme.
Kubrick era um apaixonado por música e quase sempre soube revelar ao público a essência de muitas peças, como, por exemplo, na cena que parece retirada de uma página de Engels, na Dialética da natureza: a descoberta e a transformação da mão em arma poderosa. Em tal cena ele utiliza a abertura do poema sinfônico Assim falou Zaratustra, de Richard Strauss. Assim como utilizou O Danúbio azul, de Johann Strauss, filho, para reforçar a ideia da eterna transformação através do símbolo do rio como a passagem do tempo e o azul referente ao universo contemplado pelo ser humano. A valsa está ausente do programa, mas serão interpretadas, além do poema sinfônico, cuja abertura é utilizada no início do filme, na já mencionada cena da grande descoberta e também no final, duas obras do húngaro Giorgy Ligetti: o Requiem e Lux Aeterna. O canal da BBC no Youtube provavelmente transmitirá o concerto. Peças de compositores como Ennio Morricone e John Williams já foram interpretadas por orquestras regidas pelos autores em várias cidades, mas esta é a primeira vez que um festival de música homenageia um diretor de cinema, através de peças por ele escolhidas para um filme.
Um outro acontecimento curioso em relação a encontros entre música e cinema é o de Bernard Hermann, que foi um grande parceiro de Hitchcock e que aparece regendo a orquestra na célebre cena de O homem que sabia demais, na interceptação da cantata Nuvens de tempestade, de Arthur Benjamin. Hermann também foi colaborador de Orson Welles, outro melômano, em Cidadão Kane. O diretor pediu a Hermann que utilizasse uma ária de ópera que iniciasse um ato, para uma cena do filme que começa com a cortina sendo erguida. Hermann disse a Welles que tal cena não existia e resolveu escrever ele próprio uma ária. Em tal momento do filme a ária de uma ópera fictícia, chamada Salambo, era "assassinada" pela esposa do protagonista. Quando a aria chega ao fim apenas o marido, o poderoso Kane, aplaude a desastrada interpretação. A curiosidade aqui é que a ária escrita por Hermann décadas depois foi gravada por Kiri Te Kanawa, uma das intérpretes do Don Giovanni dirigido por Joseph Losey, a partir da ópera de Mozart. O nome da cantora fará certamente com que os admiradores do gênero procurem, através dos diversos caminhos hoje possíveis, a versão correta da peça de Hermann, escrita para uma cena de um dos maiores filmes da história do Cinema.