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Colunas#A voz do Pastor

Coluna

- Publicada em 23 de Agosto de 2012 às 00:00

A relação com os outros


Jornal do Comércio
Para aprofundar a relação consigo mesmo, fala-se de introspecção. O ser humano entra, pela consciência, em si mesmo. Experimenta-se ou, como alguns preferem, “experiencia-se”. Para realçar sua relação com o mundo, recorre às ciências e à técnica. Fala de um conhecimento objetivo. Assume o universo como objeto. Transforma-o em conceito e o interioriza. Molda-o e se apropria dele. Nele, o mundo torna-se vida consciente. O homem vive sua relação com o mundo pelo conhecimento, pela vontade e pelos sentimentos. Objetiva-o, apesar de o ter trazido para dentro de si e o experimentar ali.
Para aprofundar a relação consigo mesmo, fala-se de introspecção. O ser humano entra, pela consciência, em si mesmo. Experimenta-se ou, como alguns preferem, “experiencia-se”. Para realçar sua relação com o mundo, recorre às ciências e à técnica. Fala de um conhecimento objetivo. Assume o universo como objeto. Transforma-o em conceito e o interioriza. Molda-o e se apropria dele. Nele, o mundo torna-se vida consciente. O homem vive sua relação com o mundo pelo conhecimento, pela vontade e pelos sentimentos. Objetiva-o, apesar de o ter trazido para dentro de si e o experimentar ali.
Existe um terceiro plano de relacionamento. Não se faz nem por introspecção nem por conhecimento objetivo, ou seja, não se encontra na própria intimidade, nem se atinge pela ciência. É o outro. A expressão “outro” seria suficiente, se não se lhe tivessem embutido outras conotações. Por isso, sentimo-nos na obrigação de especificar: falamos do “outro eu” para dizer que não se trata de um objeto – que possa ser atingido por um conhecimento objetivo. É um eu, que não sou eu, mas que é eu como eu. Como atingi-lo? Como relacionar-me com ele. Ninguém duvida de sua existência, ou seja, todos têm certeza que existem outros eus e que não se está sozinho no mundo, ou com animais.
Certamente o outro não se conhece por um conhecimento objetivo. No momento em que o objetivo coisifica-o, o que significa que o mata, ou talvez o animalize. Não posso, pois, chegar a ele pela ciência. Nem pela introspecção, como se quisesse descobri-lo dentro de mim. Ele não sou eu e eu não sou ele. Não posso, pois, simplesmente projetar minha vida, meus pensamentos, sentimentos e vontade nele. Ele é ele. Devo respeitá-lo em sua personalidade.
Mas ele – como eu – não somos indivíduos fechados nem isolados. Dizendo que é pessoa, entendo-o como relação. Eu também sou relação, porque sou pessoa. Então eu me relaciono com ele e ele comigo. Não se trata, evidentemente, de um relacionamento, por assim dizer, objetivo, de dois existentes, à semelhança de meu relacionamento com os demais seres do universo mais próximos. Eu sou sujeito e ele é sujeito, com  pensamento, vontade e sentimentos. Relaciono-me com ele como sujeito a sujeito. Nosso relacionamento, porém, não se restringe à dimensão subjetiva, ou seja, não afeta somente a mim e a meu íntimo. Sendo relacionamento de sujeito a sujeito, chamamo-lo intersubjetivo. Eu acolho o eu dele no meu eu, e ele acolhe meu eu no eu dele. Falamos então de convivência. Criamos unidade vital. Entendemos que a vida humana não é individual, mas essencialmente convivência. Realiza-se pela intersubjetividade. É a interpretação ou comunicação de espíritos.
Não por nada Jesus Cristo veio trazer-nos, como seu mandamento específico, o amor. O homem só vive se convive. O maior empenho humano está exatamente na criação de relações intersubjetivas. Assim se responde à pergunta objetiva do por que o do para que, mas intersubjetiva do para quem vivemos.
Não se consegue elaborar uma ideia clara do relacionamento. Há quem confunda amor com carinho. Ouvimos apelos de amor pelos animais, pelas plantas, pela ecologia... Isto, na verdade, não se enquadra, a rigor, na natureza do amor. Amor é eterno, total. Só pode ser dado, com propriedade, a seres que tenham uma dimensão imortal. Quem ama quer que o amado não pereça. Vai, por isso, além do túmulo. Pode-se gostar de animais e de plantas; dar-lhes carinho e ministrar-lhes cuidados. Mas não amor. Porque o amor é próprio das pessoas. Situa-se num outro patamar, que é o da intersubjetividade.
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