Familiares de vítimas comemoram suspensão de novo julgamento

Dias Toffoli acatou um pedido do Ministério Público do Rio Grande do Sul e suspendeu o novo julgamento

Por Gabriel Margonar

Incêndio em 2013 matou 242 pessoas e deixou mais de 600 feridos
"Com um sentimento de alívio muito forte". Foi assim que Flávio Silva, ex-presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) e pai de uma das vítimas, reagiu à suspensão pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, do novo julgamento dos acusados pelo incêndio da Boate Kiss, originalmente agendado para o dia 26 de fevereiro. Diante dessa decisão, pais e familiares das vítimas da tragédia continuam mantendo a esperança de que a anulação do júri anterior, que condenou dois sócios da boate e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira em dezembro de 2021, seja revertida.

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Defesa dos réus entende, mas critica decisão do STF

Por outro lado, os representantes dos réus expressaram respeito pela determinação do ministro Dias Toffoli, mas a criticaram veementemente. Em suas declarações, destacaram, principalmente, a necessidade de uma discussão justa e transparente sobre o caso.
Jean Severo, advogado do roadie da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Bonilha, condenado a 18 anos de prisão, lamentou a decisão, afirmando que estavam preparados para o júri. De acordo com Severo, "o Ministério Público percebeu que Bonilha seria absolvido e fugiu do plenário. Agora, aguardaremos o julgamento do recurso e, enquanto isso, continuaremos trabalhando para sua absolvição".
Jader Marques, representante de Elissandro Spohr, ex-sócio da boate, que recebeu a maior pena (22 anos e seis meses), também criticou a decisão, alegando manobras do MP-RS para "enterrar o caso de uma vez por todas, impedindo uma discussão justa". Marques prometeu que "não diminuiremos a intensidade de nossa luta até que a verdade seja revelada".
Para Tatiana Borsa, advogada do vocalista da Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus, condenado a 18 anos de prisão, "causa espanto que o MP esteja empenhando tanto esforço pela não realização da sessão plenária, causando ainda mais sofrimento a todos os envolvidos e a sociedade de um modo geral". Segundo ela, a defesa estava preparada para provar a inocência do vocalista.
O Escritório Cipriani, Seligman de Menezes e Puerari Advogados, representante de Mauro Hoffman, ex-sócio da boate, condenado a 19 anos e seis meses de prisão, lamentou a suspensão, enfatizando a importância de que "a população dê os nomes corretos aos responsáveis pela morosidade e eventual impunidade aos fatos trágicos decorrentes da Boate Kiss".