A tecnologia na advocacia moderna vai além do que se vê

É importante estarmos atentos ao impacto que a inteligência artificial pode gerar na advocacia

Por JC

Artigos de renomados juristas gaúchos e do Brasil
Kazan Costa
Com quase 25 anos de experiência no campo do Direito, tive a oportunidade de testemunhar de perto o avanço tecnológico. Como advogado, lembro-me de uma época em que as operações do escritório eram realizadas unicamente de forma manual. Embora já existissem softwares jurídicos, só tive contato com esses recursos algum tempo depois. Já como professor de pós-graduação em Direito na Ufrgs, sempre incluo o tema da tecnologia em minhas aulas, promovendo diálogos produtivos com meus alunos. Por fim, coincidentemente, acabei trabalhando na Preâmbulo Tech, uma empresa que desenvolve o software jurídico que utilizo.
Nessa última experiência, pude confirmar algumas convicções relacionadas à transformação digital. Uma delas diz respeito à forma como a advocacia moderna é percebida pelos profissionais da área. Nesse sentido, faço uma analogia com um iceberg: na parte visível, acima da água, estão a inovação tecnológica, o foco nos clientes, as Legal Operations, o Legal Design e o Marketing Jurídico.
Entretanto, o que sustenta toda essa área aparente da advocacia moderna são os fatores que se encontram abaixo da água. Trata-se de uma série de elementos determinantes para o uso efetivo da tecnologia: Business Intelligence, otimização de tempo, automação de fluxos, processos e relatórios.
Nesse contexto, é importante estarmos atentos ao impacto que a inteligência artificial, assim como a utilizada pelo ChatGPT, pode gerar na advocacia no futuro. Com o avanço da tecnologia, é possível que os robôs de chat se tornem cada vez mais sofisticados e capazes de auxiliar os advogados em diversas tarefas, desde a análise de documentos até a elaboração de contratos.
No entanto, é importante lembrar que o uso da inteligência artificial na advocacia ainda é relativamente novo e que há muitas questões éticas e legais a serem consideradas. Por isso, é importante que os advogados estejam atentos aos desafios do mesmo modo que abertos para as mudanças que podem surgir na profissão.
Mestre e professor de pós-graduação em Direito pela Ufrgs