No 9º andar do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, representantes do poder judiciário, legislativo e executivo se reuniram, nesta segunda-feira (1º), para firmar uma parceria solidária, no âmbito do Poder Judiciário, contra a fome no Estado, que já atinge 1.2 milhão de gaúchos, segundo os dados do Cadastro Único para Programas Sociais. A Chefe do Poder Judiciário Estadual, a desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira, também anunciou no evento um investimento de R$ 20 milhões para tentar amenizar o problema da fome no Estado. O programa Rio Grande Contra a Fome busca beneficiar 320 mil pessoas.
A ideia do programa, que nasceu na Assembleia Legislativa, é unir instituições do Estado que possam arrecadar e distribuir os alimentos a quem mais precisa em diversas regiões do Rio Grande do Sul. Depois de serem coletadas nas 164 comarcas do Tribunal de Justiça, as doações devem ser entregues à Defesa Civil, que dará o destino adequado, entregando os recebimentos às pessoas mais pobres. A ação, que faz parte do programa Judiciário Solidário, coordenado pela desembargadora Gisele Anne Vieira de Azambuja, não tem prazo para encerrar e pretende começar as entregas “o mais rápido possível”, segundo a desembargadora Iris.
“O Poder Judiciário Gaúcho não será mero firmatário dessa iniciativa. Queremos que a campanha seja muito bem sucedida. Os juízes do século XXI não estão mais encastelados em seus gabinetes, estão próximos de suas comunidades”, reflete a desembargadora Iris Helena. Ela ressaltou ainda que a disponibilidade da verba de R$ 20 milhões (que faz parte da dotação orçamentária do Poder Judiciário) destinada ao projeto se dá por conta da austeridade do tribunal e pela “definição de prioridades”.
Apesar da iniciativa que, segundo a desembargadora Iris, em um cenário otimista, poderia “eliminar a fome”, ser extremamente simbólica, ela não é capaz de erradicar o problema sistêmico da fome no Estado, como bem ressalta a Coordenadora Executiva do movimento Rio Grande Contra a Fome e assessora do gabinete da presidência da Assembleia Legislativa, Paola Loureiro Carvalho. “A gente só combate a fome com políticas públicas.”
Ainda assim, ela destaca a necessidade e a potência desta ação emergencial, que irá adquirir cerca de 80 mil cestas básicas, pois quem “tem fome, tem pressa” e por ter “colocado todos os poderes na mesa para conversar sobre o assunto, criando uma linha de trabalho, o que nunca tinha acontecido", pondera Paola.
O governador do RS, Ranolfo Vieira Júnior (PSDB), que também estava presente no lançamento do movimento, definiu a pauta como “importantíssima”, enfatizou a grandeza das instituições em proporem essa ação solidária e reforçou o papel do executivo na articulação de entrega das doações. “Essa mazela só se resolve a várias mãos institucionais”, considera.