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JC Logística

- Publicada em 20 de Julho de 2020 às 21:14

Entregadores cobram de apps melhorias no trabalho

Trabalhadores de apps de transporte e de entregas aderiram à paralisação nacional

Trabalhadores de apps de transporte e de entregas aderiram à paralisação nacional


/Antonio Neto/PSOL/Divulgação/JC
João Pedro Rodrigues
A paralisação dos entregadores de aplicativos, também chamada de Breque dos Apps, ganhou a atenção do País no início do mês. Trabalhadores dos serviços de delivery saíram às ruas de diversas cidades do Brasil reivindicando o aumento do valor por quilômetro rodado e da taxa mínima das entregas, seguro de vida e para roubos e acidentes, além de auxílio na pandemia, com equipamentos de proteção individual e licença para aqueles que forem diagnosticados com a covid-19, e o fim da pontuação e restrição de local no Rappi.
A paralisação dos entregadores de aplicativos, também chamada de Breque dos Apps, ganhou a atenção do País no início do mês. Trabalhadores dos serviços de delivery saíram às ruas de diversas cidades do Brasil reivindicando o aumento do valor por quilômetro rodado e da taxa mínima das entregas, seguro de vida e para roubos e acidentes, além de auxílio na pandemia, com equipamentos de proteção individual e licença para aqueles que forem diagnosticados com a covid-19, e o fim da pontuação e restrição de local no Rappi.
Em razão disso, aplicativos como iFood, Rappi e Uber Eats, através da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) e a Associação Online to Offline (ABO20), divulgaram notas procurando esclarecer a situação. Nelas, é destacado que, desde o início da pandemia, diversas ações foram tomadas para garantir a segurança dos entregadores parceiros.
Dentre elas, estão a distribuição ou reembolso pela compra de máscaras e álcool em gel, a criação de fundos para apoiar financeiramente os entregadores parceiros que forem diagnosticados com Covid-19 ou que estão em grupos de risco e a garantia de seguro contra acidentes durante a realização das entregas.
No entanto, de acordo com presidente do Sindicato dos Motociclistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindimoto-RS), Valter Ferreira, o que foi feito para a categoria, em termos de distribuição de álcool em gel e máscaras não partiu dos aplicativos, mas sim de empresas fabricantes de capacete, de peças, de roupa de chuva, revendedoras de motos, lojas de motopeças, fabricantes de pneus, e, até mesmo, de escritórios de advocacia. Ele afirma que, apesar do discurso, os aplicativos não têm contribuído com a segurança dos trabalhadores.
Desde o início da pandemia, houve um crescimento na demanda por serviços de delivery no País. Segundo a startup de gestão de finanças pessoais, Mobills, através da análise de dados de mais de 160 mil usuários do seu aplicativo entre os meses de janeiro e maio de 2020, foi possível observar um crescimento de 60,67% nos gastos com os principais aplicativos de entregas focados no delivery de comida (Rappi, Ifood e Uber Eats) no mês de abril em relação a março, e, em maio, 39,58% em comparação com abril. Junto a esse aumento, também cresceu o número de entregadores.
Devido ao desemprego gerado pela crise do novo coronavírus, muitas pessoas foram atrás de outra forma de garantir o seu sustento. Ferreira explica que grande parte delas passou a investir em motocicletas, em razão de seu baixo custo, e a se inscrever em aplicativos. "Hoje, entrou a grande maioria que trabalhava no Uber transportando passageiros. Então houve um inchaço automático de ex-profissionais que retornaram por necessidade de trabalhar", diz. Hoje, no Estado, cerca 250 mil trabalham em serviços de delivery.
Apesar da alta na mão de obra, o presidente do Sindimoto-RS também ressalta o grande número de horas que os motociclistas precisam trabalhar para garantir uma renda adequada. Segundo ele, grande parte deles chega a ganhar mais de R$ 3 mil, mas em razão de um grande período de serviço. "Hoje, não ganham o que deveriam ganhar, trabalham 18h por dia, não têm vida social", conta. "Após 12 horas de trabalho, a visão dele já está ofuscada. Tudo já está prejudicial para ele sofrer um acidente". Ele lembra, ainda, que os trabalhadores da categoria devem arcar com os custos de todos os equipamentos utilizados, diminuindo ainda mais sua renda.
Além disso, Ferreira critica a falta dos devidos requerimentos previstos na lei 12.009/09 para se tornar um motociclista entregador de mercadorias. De acordo com ela, para o exercício das atividades, alguns dos pré-requisitos são ter 21 anos completados, possuir habilitação por pelo menos 2 anos na categoria e ser aprovado em curso especializado, nos termos da regulamentação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), o que não ocorre nos aplicativos.
Sobre as afirmações de que não tem disponibilizado o auxílio adequado, a Rappi afirma "que está atenta aos pleitos dos entregadores parceiros e busca constantemente aprender com todas as demandas de forma a aplicar melhorias operacionais para todo seu ecossistema, sempre alinhada às recomendações das autoridades competentes para melhor apoiar todos os elos desse ecossistema, reiterando que todos os protocolos que visam a segurança dos entregadores parceiros estão ativos".
Segundo dados da empresa, cerca de 75% dos entregadores parceiros ganham mais de R$ 18,00 por hora quando estão ativos em entregas, e quase metade deles passam menos de 1 hora por dia conectados no aplicativo. Além disso, a Rappi possibilita que clientes deem gorjeta aos entregadores por meio do aplicativo. Entre fevereiro e junho, a empresa identificou um aumento de 238% no valor médio das gorjetas e de 50% no percentual de pedidos com gorjeta, valores que são integralmente repassados ao entregador.
O iFood reforça que tomou medidas desde o início da pandemia e que, em junho, cerca de 60% dos entregadores ativos em Porto Alegre retiraram os kits. Além disso, afirma que, recentemente, disponibilizou ajuda de custo de R$ 30,00 para quem não conseguiram retirar o kit. A empresa alega que não houve redução no valor das entregas. Desde maio, todas as rotas têm um valor mínimo de R$ 5,00 por pedido. Segundo eles, o ganho por hora on-line (enquanto o entregador aguarda pedidos ou logados em outras plataformas) chegou a cerca de R$ 9,50 em maio.
São cerca 170 mil entregadores ativos na plataforma. Em março de 2020, 175 mil pessoas enviaram documentos para validação, o que representa uma alta de mais de 100% com relação a fevereiro (85 mil). Eles ressaltam, no entanto, que isso não significa que todas essas pessoas estão aptas a atuar em nossa plataforma, necessitando de validação. Já o Uber Eats reitera posicionamento divulgado em nota, relacionado às manifestações do dia 1º e suas as ações frente à Covid-19. Informações sobre as ações de auxílio podem ser encontradas no site uber.com.
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