Enquanto os gaúchos residentes ou passageiros que passam pelo Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, terão de esperar até 2026 para ter de volta a ligação do aeromóvel com o metrô - devido aos impactos da enchente de 2024 no sistema -, o maior hub aeroviário do País e um dos maiores da América Latina poderá ter em 2025 o mesmo tipo de transporte para chamar de seu, mas em condição de usar.
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Sim, porque a operação do People Mover, como já foi exposto em sinalizações em terminais do complexo em Guarulhos, está atrasada. A expectativa era que entrasse literalmente nos trilhos em 2024. Agora a informação da concessionária e da dona da solução, a gaúcha Aerom, mesma do conjunto do Salgado Filho, é de que estão sendo feitos testes com pré-operação do novo sistema.
O transporte sobre a pista de 2 mil metros - os veículos construídos por outra gaúcha, a Marcopolo, não têm motores e são movidos pelo empuxo do ar que circula em dutos sob os trilhos -, conectando a estação Jade, do trem metropolitano paulista (CTPM) e os três terminais, já tem os pontos onde as pessoas vão desembarcar e embarcar.
As estruturas podem ser visualizadas externamente, no complexo, com altura de 11 metros do chão. As pistas de dois sentidos se prolongam em frente aos terminais. Mas internamente, ainda há tapumes que impedem visualizar como são os acessos às estações, situadas no terceiro piso.
Hoje o vai e vem de passageiros com suas malas (foram mais de 43 milhões de pessoas transportadas em 2024) em percurso a pé entre os terminais 2 (doméstico) e 3 (internacional) e ainda de ônibus entre o 2 e 1 (companhia Azul), mais afastado, ainda é a regra. Grandes aeroportos no mundo têm o sistema chamado em inglês de airtrain que segue o que se vê, de forma, claro, mais simples e menor, em Porto Alegre e se terá no GRU.

Estação do People Mover já está montada no terminal doméstico, à espera da operação
PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
O viajante chega, por exemplo, com transporte público - metrô ou ônibus e até mesmo de airtrain ao terminal de embarque. Em muitos complexos aeroportuários, o trem interconectado faz a ligação entre os terminais, devido às longas distâncias, exemplo do GRU. O projeto em Guarulhos tem financiamento federal e privado, pois foi inserido dentro de medidas para melhorar a mobilidade e atendimento aos usuários.
A assessoria da GRU Airport não confirmou um prazo para a inauguração. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) vem cobrando o prazo para a implementação.
Quando estiver rodando, o aeromóvel, desenvolvido pelo engenheiro gaúcho Oskar Coester, morto em 2020, e já aplicada em 16 países, será o maior no Brasil.
O consórcio AeroGRU, com FBS, grupo HTB, TS Infraestrutura e Aerom, é responsável pelo projeto e por fornecer uma solução 100% automatizada para transporte de passageiros entre os terminais e o trem metropolitano. O transporte é silencioso devido a ventiladores estacionários.
O trajeto completo entre a estação da CPTM e os três terminais levará seis minutos, com o transporte inicial de 2 mil pessoas por hora, podendo chegar a 4 mil passageiros/hora. A construção do Aeromóvel paulista começou em 2022, orçado em R$ 271 milhões.
Por dentro do People Mover do GRU:
- Capacidade de transporte: 2 mil passageiros por hora, em cada sentido
- Extensão da linha: 2.700 metros
- Veículos: dois, um fica em operação e outro é reserva (200 passageiros cada)
- Estações: quatro ligando a estação de trem metropolitano e os três terminais de passageiros
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Tempo de viagem: seis minutos
Marcopolo fabricou carros do aeromóvel do maior aeroporto do Brasil

Cada composição tem quase 25 metros de comprimento e pode transportar até 2 mil passageiros
MARCOPOLO/DIVULGAÇÃO/JCO sistema que promete tornar a vida mais rápida e fácil dos usuários do maior aeroporto do Brasil é liderado por duas empresas gaúchas. O sistema do People Mover, como foi apelidado no GRU, segue com a Aerom, Aeromóvel Brasil, e a fabricação dos veículos foi feita pela Marcopolo Rail, braço dedicado ao modal de trem e que executou o design que veio diferente do que os porto-alegrenses estão acostumados.
O People Mover teve atualizações também na tecnologia de transporte, segundo a Aerom. As duas composições que integram o aeromóvel do GRU, que vão atuar complementarmente, foram entregues em 2024 pela fabricante. O People Mover, série Aeromóvel A200, é composto por dois carros, em uma composição de 24,7 metros de comprimento, tendo capacidade de transportar até 2 mil pessoas por hora, em cada sentido.
A Marcopolo explica que o veículo conta com abertura automática de portas identificadas e de fácil acesso, ar-condicionado, sistema antifogo, saída de emergência em cada cabeceira do veículo para desembarque na via, espaço reservado para pessoas com mobilidade reduzida e acesso à área interna facilitada, com oito portas amplas.
"Os passageiros terão à disposição um material rodante 100% automatizado, com alto nível de conforto, segurança e com controle realizado pelo Centro de Controle Operacional (CCO), dispensando a presença de um condutor na cabine do veículo. Internamente, o layout foi desenvolvido para facilitar e otimizar o fluxo de entrada e saída de pessoas com malas no Aeroporto", explicou a Marcopolo Rail, em nota.

Plano de Voo - Aeromóvel - GRU - Aeroporto de Guarulhos - trem - vagão - Marcopolo -
MARCOPOLO/DIVULGAÇÃO/JC
A construção dos veículos foi feita em um pavilhão industrial criado para a montagem dos People Movers, além de uma equipe de produção especializada. Entre os desafios, a fabricante diz que focou em levar ao mercado "uma solução confiável e de qualidade internacional".
"Todos os materiais, componentes e equipamentos foram desenvolvidos de acordo com as normas específicas para sistemas metroferroviários". Os modelos também têm um alto índice de nacionalização dos componentes. "A Marcopolo produz atualmente em suas fábricas vários subsistemas, como assentos e todo o interior dos veículos, além de revestimentos externos, atendendo à normas ferroviárias internacionais".
Segundo a Aerom, o aeromóvel operou por quase 30 anos na Indonésia, onde transportou mais de 25 milhões de passageiros. Em Porto Alegre, onde estreou em 2013, foram mais de 6 milhões de passageiros transportados.
A tecnologia do transporte é sustentável, pois não gera emissões de poluentes na operação. Além disso, por não utilizar pneus, o sistema elimina o descarte de resíduos desse tipo. A implantação em vias elevadas, com estruturas esbeltas e de baixo impacto visual, reduz interferências no espaço urbano. O sistema também apresenta baixo nível de ruído, minimizando impactos sonoros na região onde opera.
Equipamento no aeroporto de Porto Alegre voltará com atualização de tecnologia

Geral - trânsito - transportes - Trensurb - estação Aeroporto - aeromóvel - manutenção - Porto Alegre - mobilidade - cheias - clima - trem parado
/PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JCTem mal que gera grandes perdas, mas também oportunidade. É o caso do aeromóvel de Porto Alegre, o primeiro da modalidade que nasceu no Rio Grande do Sul. O equipamento instalado para deslizar sobre uma "via de concreto" de quase um quilômetro, ligando o Aeroporto Internacional Salgado Filho à estação da Trensurb, está parado devido aos impactos da enchente de maio e 2024 nos sistemas, entre parte mecânica e elétrica.
A contingência, que levou a projeção de retorno do serviço apenas em 2026, abriu caminho para a atualização do sistema. Os carros, dois com diferentes capacidades de transporte, não devem ser trocados, observa a Aerom, que é a Aeromóvel Brasil, detentora da Tecnologia. A modernização do aeromóvel porto-alegrense vai trazer ao transporte o que foi instalado na versão do People Mover, de Guarulhos, que ainda não roda de forma comercial, ou seja, com passageiros.
O aeromóvel estreou em 2013, como um dos equipamentos destinados a melhorar a mobilidade para a Copa do Mundo de 2014. Aliás, foi uma os poucos que ficou pronto para o Mundial, que teve jogos na Capital.
A Trensurb diz que a Aerom elaborou "um laudo sobre a condição de cada equipamento que estava nas duas salas técnicas atingidas pela enchente, para definir o que pode ser recuperado (motores propulsores, motores elétricos, quadros de comando eletrônicos, sistemas geradores, servidores, switches, sistema de comunicação, reconstrução predial)".
Marcus Coester, CEO da Aerom, explica que houve "perda total em vários equipamentos elétricos e de automação", o que eleva o prazo de conserto. Coester confirmou que, pelo tamanho do dano, não vale a pena tentar consertar o sistema antigo, mas já fazer a atualização.
O aeromóvel tem uma grande vantagem aos usuários, tanto quem viaja e desembarca no terminal como para quem trabalha no complexo. Além do pessoal de companhias aéreas, prestadores da concessionária Fraport Brasil e seus funcionários, há centenas de empregados das lojas e serviços que atendem os passageiros. São mais de 100 operações.
A ligação do aeroporto ao metrô barateia muito o transporte, além de impulsionar um modal alternativo ao rodoviário e ser de alcance de massa, pelo volume que pode conduzir. O usuário pagaria, em valores de março de 2025, a passagem de R$ 4,50. Um transporte particular por aplicativo, por exemplo, pode sair mais de R$ 30,00 (principalmente se forem consideradas tarifas dinâmicas em horários de pico).