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Publicada em 09 de Dezembro de 2024 às 17:02

As organizações estão preparadas para a implementação do ERP de 4ª geração?

Jaqueline Jobim, diretora de Pré-Vendas da Ninecon

Jaqueline Jobim, diretora de Pré-Vendas da Ninecon

Ninecon/Divulgação/JC
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Jaqueline Jobim
Há décadas, as empresas buscam soluções mais eficientes e eficazes para a gestão dos seus negócios. Realizar previsões de estoque mais precisas, evitando gastos desnecessários; gerir com maior precisão o fluxo de todo o processo de negociação e relacionamento com o cliente; e permitir uma visão macro do negócio para apoiar a tomada de decisão são algumas das demandas que cresceram em paralelo ao aumento da competitividade no mercado e ao avanço da tecnologia.
Há décadas, as empresas buscam soluções mais eficientes e eficazes para a gestão dos seus negócios. Realizar previsões de estoque mais precisas, evitando gastos desnecessários; gerir com maior precisão o fluxo de todo o processo de negociação e relacionamento com o cliente; e permitir uma visão macro do negócio para apoiar a tomada de decisão são algumas das demandas que cresceram em paralelo ao aumento da competitividade no mercado e ao avanço da tecnologia.
Nos anos 1960, surgiram os sistemas de Material Requirements Planning (MRP), focados na questão técnica e matemática de planejar as necessidades de materiais para otimizar a cadeia de produção e os estoques. A Black & Decker foi a primeira empresa a utilizar o MRP, em 1964. Esse desenvolvimento abriu caminho para a evolução dos sistemas Enterprise Resource Planning (ERP), um conceito que surgiu na década de 90 e passou a integrar outras funções, como vendas, compras, logística e contabilidade.
Foi nesse momento que se começou a entender que os sistemas haviam expandido sua atuação. Eles não estavam mais restritos à cadeia de produção; agora, também abrangiam a área financeira. A partir daí, surgiram metodologias menos técnicas e mais focadas em adaptação, visando maximizar a eficiência dos sistemas de gestão. Quando chegamos aos anos 2000, o ano do famoso 'bug do milênio', presenciamos o boom do Customer Relationship Management (CRM), momento em que as empresas perceberam a necessidade de melhorar o relacionamento com o cliente.
Mais recentemente, em 2010, surgiram as aplicações Software as a Service (SaaS), ou software como serviço. Se olharmos para a evolução desde o MRP até os ERPs atuais, percebemos que essas aplicações já não exigem preocupações com infraestrutura e demandam muito menos atenção do cliente em relação à manutenção. São 50 anos de avanços significativos, e nós, especialistas em ERP, assim como as empresas, estamos cada vez mais empenhados em manter essas aplicações atualizadas frente à crescente velocidade das mudanças.
No MRP, utilizavam-se metodologias Waterfall, um processo linear que seguia etapas como planejamento, desenho, desenvolvimento e testes, resultando em projetos longos. Com a chegada dos ERPs, as metodologias passaram a focar mais na personalização dos sistemas para atender às necessidades específicas dos negócios e na integração com sistemas legados.
Com o advento das aplicações em Cloud, passamos a focar em projetos menores, cuja prioridade é adotar as melhores práticas já integradas ao sistema. Com isso, as metodologias começam a incorporar práticas ágeis, oferecendo uma abordagem flexível e adaptável para diferentes tipos de projetos. É interessante observar que essa mudança nas metodologias, agora com foco em SaaS, está trazendo até conceitos da manufatura, como o Lean Manufacturing, e também elementos de DevOps.
Quando pensamos em aplicações SaaS que são frequentemente atualizadas, o conceito de Lean Manufacturing faz total sentido, pois um projeto pode começar com a implementação das melhores práticas, como um processo eficiente de compras a pagamento, incluindo controles de conformidade, segurança e um painel de indicadores. Em uma segunda fase, é possível desenvolver extensões, uma vez que os usuários ganhem mais maturidade sobre os processos e possam avaliar quais funcionalidades são realmente essenciais. Além disso, as aplicações podem incorporar essas necessidades inicialmente não atendidas em versões subsequentes, permitindo que as empresas adotem o conceito de melhoria contínua no que se refere aos sistemas e sua evolução.
O tempo em que se investia meses em atualizações intermináveis ficou para trás. Agora, essas atualizações acontecem, em alguns casos, trimestralmente ou até mesmo mensalmente, transformando completamente a dinâmica da área de TI.
O ERP precisa refletir o que realmente acontece na prática nas empresas. Se o dia a dia exige uma atualização, seja por meio de novas funcionalidades ou por uma mudança tecnológica, o ERP deve acompanhar essa evolução. Consequentemente, a metodologia de implementação também precisa estar em sincronia com esse processo.
Atualmente, observa-se uma grande preocupação com a experiência do usuário, ou seja, com a forma como uma pessoa interage e percebe um produto ou sistema. Assim, as aplicações precisam, além de estar alinhadas com as necessidades da empresa, garantir aos usuários interfaces intuitivas, que permitam a identificação e familiaridade com o sistema. O usuário deve poder manipular e personalizar a interface, de modo que realmente se enxergue naquele sistema. Não adianta a empresa incorporar diversos novos processos se os usuários não souberem operar o sistema.
O que observamos é que as empresas têm se esforçado para quebrar o paradigma de se manterem fieis aos padrões tradicionais, investindo em inovação e na adoção de ERPs mais tecnológicos. Em alguns casos, o ERP tem sido o principal agente da transformação digital.
Quando uma empresa decide implementar um ERP, é fundamental ter clareza sobre as dores que pretende resolver e os objetivos que deseja alcançar, fazendo com que essas diretrizes permeiem todas as áreas da organização, desde o nível estratégico até o tático e operacional. Assim, quando o projeto de implementação do ERP se inicia, todos os envolvidos têm uma visão clara dos objetivos da empresa, facilitando para a implementadora não apenas propor, mas também defender a abordagem de adoção, quando a empresa decide se adaptar ao novo ERP.
É claro que existem situações em que a empresa possui processos muito específicos que não permitem uma abordagem de Adoção, tornando necessária a abordagem de Adaptação, onde o sistema se adapta à empresa. Essas duas abordagens não precisam ser mutuamente exclusivas e podem coexistir. Existem empresas que optam pela abordagem de Adaptação nos projetos de implementação, geralmente aquelas que fazem parte de segmentos muito específicos e entendem que precisam manter suas particularidades, pois representam seu valor agregado. Vale destacar que a adaptação nem sempre significa personalizar ou estender o sistema; em alguns casos, pode se tratar de uma integração com um sistema especialista.
O ERP evoluiu de forma significativa em termos de tecnologia, a ponto de hoje se adaptar completamente às necessidades específicas de cada organização. Com o advento de tecnologias que permitem altos níveis de personalização nas interfaces, fluxos de aprovação, geração de relatórios e indicadores — e, mais recentemente, com a chegada da IA — o grau de automação e flexibilidade tornou-se imenso.
Outro ponto a ser destacado é a incorporação da Internet das Coisas (IoT) ao ERP. As empresas desejam utilizar essa tecnologia, que já está disponível. A própria Inteligência Artificial introduziu ferramentas que foram rapidamente adaptadas e integradas ao ERP. A trajetória dos ERPs demonstra como a tecnologia pode moldar e transformar o ambiente de negócios, ajudando as empresas a otimizar processos e tomar decisões mais estratégicas. À medida que novas tecnologias, como IA, IoT e aplicações em Cloud, se integram aos ERPs, as organizações ganham ferramentas poderosas para atender às necessidades específicas de suas operações e se manterem competitivas em um mercado dinâmico. Adotar e adaptar essas soluções não é apenas uma questão de eficiência, mas de visão estratégica.
 

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