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Publicada em 04 de Novembro de 2024 às 20:54

IA no transporte e a urgência da redução da pegada de carbono

Raphael da Fonte é cofundador e sócio-diretor na Mobs2

Raphael da Fonte é cofundador e sócio-diretor na Mobs2

Mobs2 / Divulgação / JC
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Raphael da Fonte
Raphael da Fonte
Cofundador e sócio-diretor na Mobs2
Em meio a um cenário global de mudanças climáticas que exigem respostas imediatas, o setor de transporte se destaca como um dos maiores emissores de gases de efeito estufa. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), o setor de transporte é responsável por aproximadamente 24% das emissões globais de CO2 relacionadas à energia, o que ressalta a urgência de se adotarem medidas para descarbonizar esse segmento. A redução da pegada de carbono no transporte é mais que um objetivo passageiro — é uma necessidade para garantir a sustentabilidade do planeta.
Recentemente, o Brasil deu um passo importante nessa direção com a aprovação da Lei PL 2148/2015, que institui o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). A lei estabelece limites para as emissões e define regras para a negociação de títulos de compensação, demonstrando um compromisso concreto com a luta contra o aquecimento global. Além disso, grupos empresariais têm se mobilizado em favor de políticas que acelerem a criação de um mercado de créditos de carbono, garantindo a importância de ações coordenadas antes de eventos globais, como a COP29.
Outro avanço significativo foi a aprovação do Projeto de Lei 1.425/2022, que estabelece um marco regulatório para a captura e o armazenamento de carbono (CCS) no Brasil. Essas iniciativas são um indicativo de que a questão ambiental está ganhando destaque nas agendas políticas e empresariais, mas os desafios para reduzir as emissões de carbono no transporte ainda são vastos e complexos.
As emissões de gases de efeito estufa do setor de transporte têm consequências profundas, não apenas para o aquecimento global, mas também para a saúde pública e a qualidade do ar. A dependência de combustíveis fósseis, como o diesel e a gasolina, perpetua um ciclo vicioso que impacta as qualidades do meio ambiente e gera uma série de problemas econômicos e sociais. No entanto, reduzi-las não significa apenas tornar a operação mais eficiente. Trata-se de repensar a gestão de frotas, otimizar operações e garantir a manutenção dos veículos de maneira que a sustentabilidade seja um princípio central.
Além disso, tecnologias emergentes como veículos elétricos e combustíveis alternativos já demonstram resultados positivos na redução de emissões. No entanto, a necessidade de transformação é mais ampla, exigindo uma integração de soluções tecnológicas com um compromisso estratégico de longo prazo para descarbonizar o setor.
E é neste olhar de tecnologias e oportunidades que a Inteligência Artificial (IA) surge, para esse contexto, como uma ferramenta poderosa na busca para reduzir as emissões de carbono no transporte, como ônibus e caminhões. Por meio da análise de grandes volumes de dados em tempo real, a IA permite uma compreensão detalhada do comportamento de veículos, motoristas e rotas, reduzindo o tempo ocioso e melhorando o uso de combustíveis.
Com IA, também é possível monitorar as condições de tráfego e as práticas de condução, identificando comportamentos que aumentam as emissões, como acelerações bruscas e longos períodos com o motor ligado sem necessidade. Esses dados, quando analisados, permitem ajustes imediatos que melhoram a eficiência energética e diminuem o impacto ambiental.
Outro avanço fornecido pela IA é a manutenção preditiva. Com a capacidade de prever a necessidade de reparos antes que ocorram falhas, a IA reduz o desgaste dos veículos e melhora o uso eficiente de combustível, contribuindo diretamente para a redução de emissões. Apesar dos claros benefícios, a adoção de IA no setor de transporte enfrenta barreiras significativas. O custo de implementação é um dos maiores obstáculos. Integrar IA aos sistemas de gestão de frotas exige investimentos robustos em tecnologia, infraestrutura e capacitação de profissionais. Para muitas empresas, especialmente em mercados emergentes, esses custos podem ser difíceis de suportar.
Mesmo com os desafios indicados, o futuro da IA na redução de emissões de carbono no transporte é promissor. À medida que a tecnologia avança e os benefícios ambientais e operacionais se tornam mais evidentes, a adoção tende a crescer. A otimização no uso de combustíveis, a introdução de veículos independentes e a integração de IA em toda a cadeia logística podem reduzir significativamente as emissões globais de carbono nos próximos anos.
 
A transformação necessária
O setor de transporte está em um ponto crucial para sua transformação em direção à sustentabilidade. Tecnologias como a IA oferecem soluções para otimizar operações e reduzir o impacto ambiental, mas é necessário um compromisso coletivo entre governos, e sociedades empresariais para promover essa mudança.
Conscientizar os motoristas sobre boas práticas de condução é igualmente fundamental. O treinamento contínuo deve ser parte integrante da estratégia empresarial, capacitando motoristas a adotarem comportamentos que melhorem a eficiência operacional e reduzam as emissões.
Ao adotar tecnologias inovadoras e investir na capacitação de seus colaboradores, o setor de transporte pode não apenas reduzir suas emissões de carbono, mas também contribuir de forma significativa para um futuro mais sustentável e equilibrado. O compromisso com a sustentabilidade no transporte é o caminho para um futuro mais limpo e responsável. A transformação começa agora.
 

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