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Publicada em 07 de Outubro de 2024 às 16:42

Seca força soluções temporárias e afeta frete rodoviário em todo País

Estiagem muda dinâmica de empresas de logística, que tiveram de buscar alternativas diante da diminuição do calado (profundidade) em rios brasileiros

Estiagem muda dinâmica de empresas de logística, que tiveram de buscar alternativas diante da diminuição do calado (profundidade) em rios brasileiros

Cadu Gomes/VPR/divulgação/JC
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Folhapress
A seca histórica que atinge o País forçou uma mudança na dinâmica de empresas de logística, que tiveram de buscar alternativas diante da diminuição do calado (profundidade) em rios brasileiros. O setor relata transferência de demanda entre modais e variação no preço do frete.
A seca histórica que atinge o País forçou uma mudança na dinâmica de empresas de logística, que tiveram de buscar alternativas diante da diminuição do calado (profundidade) em rios brasileiros. O setor relata transferência de demanda entre modais e variação no preço do frete.
O cenário impulsiona a utilização de outros modais, como o rodoviário, segundo Marcio Salmi, diretor-executivo da Costa Brasil. Ele explica que o acionamento mais frequente de rodovias encarece o preço do serviço.
Se o frete médio feito por caminhões no trajeto entre São Paulo e Manaus normalmente fica na casa dos R$ 40 mil, a seca faz os preços subirem para R$ 60 mil, segundo Salmi.
"É o preço que o mercado precifica, porque, como não tem solução de cabotagem, muita gente começa a buscar o rodoviário. E, mesmo que precise [das rodovias], às vezes não tem como atender, não tem capacidade", diz o executivo.
A Costa Brasil chegou a fazer uma operação-teste, em junho, para levar carga para Manaus por meio de ferrovia. Essa, porém, é uma alternativa mais cara e que não deve ser usada por enquanto, já que outros modais estão conseguindo absorver a demanda. "Como a seca começou há pouco tempo, e o serviço ainda tem sido atendido, não há necessidade", diz.
João Petroni, especialista da consultoria Argus, afirma que a seca já impacta algumas rotas rodoviárias usadas para transportar grãos até os rios. Em certos corredores, o tempo de descarga nas hidrovias é maior por causa das limitações impostas pelas secas, o que desestimula o motorista a optar por aquele trajeto, explica.
"Muitos motoristas têm evitado essas rotas, então o frete sobe para tentar motivar o caminhoneiro a percorrer esse trajeto", relata. Segundo Petroni, a dificuldade de operação no Norte estimulou um desvio de fluxo para escoamento em outros pontos do País, o que pressionou o frete. "Algo que estava indo para o norte do País passa a ser encaminhado para o Sul, por exemplo."
Na Log-In Logística, outra empresa de soluções logísticas, a seca está agregando um custo de aproximadamente R$ 15 mil por contêiner transportado, segundo o vice-presidente da companhia, Marcus Voloch. O valor considera toda a cadeia logística e inclui caminhões e balsas, por exemplo.
Os píeres flutuantes foram saídas encontradas pelo setor para manter a operação durante a estiagem. Por meio dessas estruturas, as cargas de embarcações maiores são transferidas para balsas, que têm mais facilidade para circular pelos rios assoreados.
Porém, essa é uma operação inflacionária, e os custos são percebidos pelo setor. Voloch explica que, enquanto um navio pode carregar quase dois mil contêineres para Manaus, uma grande balsa leva cerca de 160, somente, o que acarreta um custo adicional.
"No entanto, é indiscutível que é muito melhor agregar R$ 14 mil ou R$ 15 mil de custo por contêiner transportado do que parar por seis semanas, como foi no ano passado", afirma.
Voloch diz que 2023 foi um ano de ruptura, com caos instaurado. À época, diante da seca, o setor concentrou as operações no porto de Vila do Conde, no Pará, sobrecarregando o terminal, explica. A expectativa da empresa é que a seca deste ano dure até dezembro.
A Log-In foi uma das empresas autorizadas pela Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) neste ano a contratar embarcação de empresa estrangeira para fazer parte da operação.
O afretamento de embarcação estrangeira por tempo para operar na navegação interior (como em rios e lagos) de percurso nacional ou no transporte de mercadorias por cabotagem é previsto em lei, somente, para algumas exceções, como indisponibilidade de embarcação de bandeira brasileira do tipo e porte adequados. O contrato depende da autorização do órgão regulador.
 

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