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Publicada em 19 de Agosto de 2024 às 18:11

Possível alta dos preços dos pneus acende alerta

De acordo com a ANIP, os pneus importados estão abaixo do valor de produção no Brasil

De acordo com a ANIP, os pneus importados estão abaixo do valor de produção no Brasil

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A Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP) apresentou ao atual governo a proposta de aumentar a alíquota de importação de pneus de 16% para 25%. Na visão da ANIP, existe uma disparidade entre o mercado asiático e o brasileiro. Por outro lado, a Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Pneus (ABIDIP) destaca os impactos dessa decisão no território nacional.
A Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP) apresentou ao atual governo a proposta de aumentar a alíquota de importação de pneus de 16% para 25%. Na visão da ANIP, existe uma disparidade entre o mercado asiático e o brasileiro. Por outro lado, a Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Pneus (ABIDIP) destaca os impactos dessa decisão no território nacional.
A proposta aguarda votação na Câmara de Comércio Exterior (Camex), porém, já preocupa um dos setores primordiais para a economia brasileira, o Transporte Rodoviário de Cargas (TRC). Segundo estudo da ABIDIP, os pneus deverão ficar 25% mais caros, o que corroboraria um aumento de 6% nos custos do TRC. Atualmente, os pneus representam o segundo insumo mais caro do setor, atrás somente do combustível.
Marcel Zorzin, diretor operacional da Zorzin Logística - transportadora com manutenção própria -, pondera sobre as dificuldades que essa medida pode acarretar para as empresas. "Isso só permitirá ainda mais a elevação dos custos dentro de um setor que, historicamente, já sofre com as inflações. Quando colocamos todos esses números na planilha, acabamos tendo um prejuízo nas operações, já que não conseguimos repassar esse aumento nos fretes. Ou seja, mais uma inflação, principalmente por se tratar de um dos insumos que mais consumimos, podendo causar sérios problemas."
De acordo com dados apresentados pela ANIP, os pneus importados estão abaixo do custo de produção no Brasil, prejudicando a indústria nacional. Entre 2017 e 2023, as vendas de pneus nacionais diminuíram 18%, enquanto, no mesmo período, as importações cresceram 117%.
A visão das empresas de transporte é buscar estratégias e soluções que não encareçam ainda mais os custos das operações. "Essa situação é semelhante ao transporte. Se aumentarmos o custo de peças, combustível, entre outras coisas, não conseguimos repassar, porque não tem como. Então, se o governo, as montadoras e as fabricantes estão forçando essa taxação, na minha visão está errado, porque vamos pagar mais caro no final das contas", descreve Marcel.
Em contraponto, a ressalva seria a sustentabilidade que o mercado interno brasileiro poderia promover. A decisão geraria uma proporção maior na reciclagem, frente aos importadores de pneus internacionais. De acordo com dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), os fabricantes nacionais têm um saldo acumulado de 127 mil toneladas de pneus recolhidos para reciclagem. Os importadores, por sua vez, têm um passivo ambiental de 419 mil toneladas de pneus não recolhidos.
Para Marcel, apesar dos apontamentos daqueles que desejam a taxação, é necessária outra visão: "Internamente, compramos pneus novos mensalmente. Fazemos um estudo, ou seja, uma pesquisa de marcas de preferência, que nos permite uma rodagem maior e de qualidade. Porém, com o aumento dos preços, tivemos que encontrar outras oportunidades que nos atendam. Então, por isso, acredito que a indústria brasileira precisa se reinventar, buscar formas de captar e atrair clientes internos para comercializarem seus produtos a preços acessíveis, principalmente para as empresas de transporte", finaliza.
 

Infraestrutura não acompanha PIB, com estoque de capital em queda e longe do ideal

O estoque de capital da infraestrutura brasileira encolheu nos últimos 30 anos, deixando o País com a demanda de duplicar os investimentos para alcançar o patamar adequado com relação ao que é visto no resto do mundo. Os apontamentos fazem parte de estudo a ser divulgado na noite desta terça-feira, 13, pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon).
Ao avaliar o valor estimado da infraestrutura nacional e o quanto os ativos representam no Produto Interno Bruto (PIB), o levantamento mostra que, enquanto o PIB cresceu, os investimentos em infraestrutura ficaram estagnados. A soma do patrimônio em infraestrutura representavam 54% do PIB em 1992 e está em 35,5% em 2024.
O autor do estudo, Claudio Frischtak, considera que o baixo investimento anual, hoje próximo de 2% do PIB, pode resultar em prejuízos para o País, tanto em aspecto de competitividade, quanto de bem estar da população. O ideal, considera, seria uma média entre 4% e 4,5%. Por isso, sugere um plano de aumento gradual de aplicações para que a infraestrutura alcance 60% de capital em relação ao PIB em cerca de 20 anos.
"Esse processo deve ter metas realistas e quantificáveis, que permitam uma convergência ao estoque alvo, ao final de duas décadas. Acreditamos ser factível uma expansão anual dos investimentos em cerca de 0,2% do PIB", considera trecho do relatório. O aumento, destaca, pode se dar por frente pública e privada, com potencial protagonismo do setor privado.
Na comparação entre a média dos investimentos setoriais executados nos últimos anos e os investimentos necessários, o estudo indica que os maiores esforços terão de ser realizados em transportes e saneamento básico. O setor de transportes, estima, tem um hiato de 195% de investimentos e, o saneamento, 137,3%.
Pilares
Para que o País amplie os investimentos e se aproxime do estoque de capital apontado como ideal, o estudo do Sinicon aponta itens como a necessidade de avanço na estabilidade regulatória e a continuidade programática. "Propostas e programas construídos com atores não governamentais, empresas, entes da sociedade civil, plasmados no planejamento de médio e longo prazo", considera.
Ainda que o estudo destaque o potencial de colaboração do setor privado, também chama a atenção para a necessidade de ampliação dos investimentos públicos. Contudo, ponderam que essas alocações devem prezar por critérios diferentes dos observados na história recente do País, com prioridade a projetos de maior retorno para a sociedade.
Na parte dos investimentos indicados para a iniciativa privada, o trabalho pede a ampliação da participação dos mercados de capitais no financiamento de projetos de infraestrutura. Ainda, o fortalecimento do BNDES "como estruturador de projetos de infraestrutura com maior resiliência frente às mudanças climáticas, reforçando seu papel pioneiro no setor".
"O programa de concessões e desestatização deverá se estender certamente por uma ou mais décadas, dado o excesso de demanda de investimento no setor. O BNDES seria um instrumento essencial para dar materialidade (às demandas)", aponta o estudo.
 

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