O preço da passagem de eVtols (também conhecidos como carros voadores) ainda não é consenso entre as companhias aéreas. Inicialmente, o valor previsto para viagens de até 30 quilômetros está na faixa de US$ 100 (pouco mais de R$ 500), mas, segundo a Gol, no começo das operações o patamar deve ficar acima da projeção.
"(O preço de) US$ 100 é alcançável, mas não é possível no começo", disse Sergio Quito, presidente do conselho de segurança e operações de voo da Gol, durante fórum sobre o setor de eVtols realizado em São Paulo.
A companhia tem 250 encomendas de eVtols da fabricante britânica Vertical Aerospace, que já está tratando a certificação do modelo com a Anac.
De acordo com Quito, o preço estimado pelo setor esbarra em custos de operação. Para manter a passagem em US$ 100, a aeronave teria de ser utilizada por pelo menos 12 horas por dia, o que não será possível, diz ele. "Essa aeronave vai ficar muito tempo no chão. É bastante desafiador."
Quito também aponta dificuldades na infraestrutura para voos de eVtols. Segundo ele, um vertiporto com 12 operações por hora demandaria 1MW de energia. "Para colocar isso em um topo de um edifício, vai ser desafiador, quase impossível."
"A infraestrutura não está pronta. Não se prepara um vertiporto em dois meses - talvez em dois anos."
Rogerio Andrade, CEO da Avantto, empresa de compartilhamento de aeronaves executivas, afirma que a rota mais provável para o começo da operação ligaria centros financeiros, como a avenida Faria Lima, em São Paulo, a aeroportos do centro urbano. "Esse é um trecho de aproximadamente 30 quilômetros e deve ser feito em dez minutos e custar cerca de US$ 100 ou mais", diz.
Com a evolução do setor, as passagens poderiam chegar posteriormente ao preço de US$ 50 (quase R$ 260) para um carro voador de cinco assentos e pilotagem autônoma, segundo ele.
O setor estima que Rio de Janeiro e São Paulo vão representar um mercado de eVtols com potencial de US$ 7,3 bilhões (R$ 37,6 bilhões) de receita até 2040. Na região metropolitana paulista, são estimados 850 mil passageiros para 2025.
Para voos operados pela Azul, o mercado estará voltado para passageiros de alta renda que queiram se deslocar para cidades do interior de São Paulo, como Campinas, e do litoral do estado. "Infelizmente, em termos qualitativos, não vai ser barato no começo. O foco é mais o mercado que hoje está voando de helicóptero", afirma Camilo de Oliveira, relações institucionais da Azul.
A companhia aérea tem uma parceria para operar com eVtols da Lilium. Segundo Oliveira, o eVtol da fabricante alemã realiza voos intrarregionais com até 150 km de alcance, o que permitiria atender cidades como Campinas e a região do aeroporto Catarina, em São Roque, por exemplo.
Outro mercado visado pela Azul, o Rio de Janeiro será mais difícil de atender no começo, segundo Oliveira. Ele diz que, no estado, o raio de voos será menor -rotas previstas incluem cidades como Paraty. A Azul prevê que as operações com carros voadores tenham início entre 2028 e 2030.
Folhapress