No segmento das estradas concessionadas, os números de 2023 mostram uma extensão de milhares de quilômetros, além de desafios e impactos significativos que melhoram cada vez mais os serviços e atendimentos prestados aos usuários de transporte terrestres nas rodovias concedidas sob regulação e fiscalização da ANTT. O Anuário da Superintendência de Infraestrutura Rodoviária da Agência Nacional de Transportes Terrestres (Surod/ANTT) traz um diagnóstico detalhado e insights valiosos sobre o panorama atual, com aumento notável em diversas métricas. O desafio agora é compreender todos os direcionamentos que esses números representam na prática e como os gestores vão direcionar suas tomadas de decisão.
Um dos grandes destaques é o aumento expressivo no tráfego ao longo dos mais de 13 mil quilômetros em rodovias concedidas de todo o Brasil. De janeiro a dezembro do ano passado, as 24 concessionárias gerenciaram um tráfego 11,7% maior em comparação com o ano anterior. Essa expansão reflete tanto o crescimento econômico quanto o aumento da mobilidade, indicando a importância dessas vias para a conectividade e mobilidade nacional.
Outro avanço significativo foi na infraestrutura e serviços ao longo das rodovias concedidas. Dos ativos existentes, são 1.224 pontes e 634 passarelas, além de mais de 8 mil quilômetros de obras de melhoria asfáltica, duplicações, terceiras faixas, entre outros. Com isso, a ANTT reforça seu papel na promoção da segurança e eficiência no transporte terrestre. Além disso, a Agência segue demonstrando seu comprometimento com a sustentabilidade com os 36 postos de abastecimento elétrico de carros ao longo das rodovias, atendendo à crescente demanda por soluções de mobilidade mais ecológicas.
Adicionalmente, são 35 pontos de pesagem veicular e 272 Bases de Serviços Operacionais, contribuindo para a abrangência das operações da ANTT na garantia da integridade das vias e na prestação de serviços essenciais para a comunidade rodoviária. Existe ainda uma extensa rede de câmeras de monitoramento (CFTV), cobrindo quase metade das rodovias concedidas em todo o país (48,93%), investimentos significativos em infraestrutura e tecnologia são cada vez maiores e mais constantes para atender às necessidades atuais, garantindo mais segurança e satisfação dos usuários.
Outro dado importante é o tempo médio que as concessionárias levam nos atendimentos médicos e mecânicos, que são de 10 e 16 minutos, respectivamente. A busca constante pela eficiência, aprimoramento e aperfeiçoamento nesses tipos de serviços é fundamental para a satisfação do usuário, preservação de vidas e manutenção da fluidez do tráfego.
Diante desses desafios, as concessionárias estão ajustando suas estratégias para o futuro, atuando em parceria com a ANTT. Planos de ação incluem ampliar investimentos em tecnologia para aprimorar a segurança viária, implementação de programas de manutenção preventiva e parcerias com órgãos/instituições de saúde e segurança pública para fortalecer os serviços de atendimento médico e a segurança de quem usa as rodovias concedidas em todo o território nacional.
A busca por eficiência operacional e sustentabilidade também está no horizonte, com a expansão de postos de abastecimento elétrico para carros e o aumento da cobertura de fibra. Além disso, as concessões mais recentes já contam com cobertura de internet em 4G, que será ampliada para todas as rodovias concedidas. Essas iniciativas ajudarão no aumento e melhoria do atendimento dos usuários, além de garantir que as estradas concessionadas sejam cada vez mais seguras, eficientes e alinhadas com as necessidades do País.
"O aumento nas estatísticas das concessionárias rodoviárias em 2023 traz consigo desafios complexos, mas também oportunidades de inovação e melhoria. Essa é a prova de que o modelo de concessão é de fato o melhor caminho para estradas sustentáveis e seguras. O caminho adiante requer uma abordagem integrada e integrativa, com investimentos estratégicos e colaboração entre setores público e privado para garantir que as estradas do país continuem sendo um motor para o desenvolvimento, garantindo segurança e o bem-estar dos usuários", destacou o diretor-geral da ANTT, Rafael Vitale.
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Reajuste nos custos do combustível pode ser repassado para a tarifa e pode impactar na competitividade
O combustível representa uma parcela substancial nos custos operacionais das empresas, compreendendo, em média, 35% das despesas totais do transporte de rodoviário de cargas no país. No final de 2023, a Petrobras anunciou que uma redução no preço do diesel para as distribuidoras em R0,30 - equivalente a 7,9%. Porém, o preço médio do óleo diesel no país voltou a subir na primeira semana de 2024, sendo vendido aos consumidores nos postos por R5,89, em média. O aumento colocou fim a 8 semanas consecutivas de queda no preço do diesel.
Raquel Serini, coordenadora de projetos do Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC), explica que o aumento no preço do diesel no início do ano pode ser atribuído à reintrodução de um conjunto de impostos federais (PIS/Cofins) sobre o combustível após a redução temporária das alíquotas federais em 2022.
"Embora a Petrobras tenha anunciado cortes nos preços de venda nas refinarias, a restituição do imposto resultou em um acréscimo de R 0,03 por litro nos postos, marcando a primeira alta desde novembro. Ainda que parte do aumento da carga tributária tenha sido compensada pelo último corte nas refinarias, a tendência para 2024 dependerá das políticas governamentais em relação aos impostos sobre combustíveis".
"Embora a Petrobras tenha anunciado cortes nos preços de venda nas refinarias, a restituição do imposto resultou em um acréscimo de R 0,03 por litro nos postos, marcando a primeira alta desde novembro. Ainda que parte do aumento da carga tributária tenha sido compensada pelo último corte nas refinarias, a tendência para 2024 dependerá das políticas governamentais em relação aos impostos sobre combustíveis".
A coordenadora explica que esse aumento no preço do diesel, pode ser influenciado por uma série de fatores: preço do petróleo, taxa de câmbio, carga tributária, custos logísticos, política de preços da Petrobras e demanda e oferta influenciam diretamente. Para lidar com essas alterações frequentes, as empresas costumam tentar ajustar os preços que cobram pelo transporte, mas fazer isso toda vez que o preço do diesel muda pode causar a perda de clientes, que buscam estabilidade nos custos.
"Algumas estratégias incluem investir em tecnologias e práticas para usar o combustível de forma mais eficiente e encontrar rotas mais inteligentes. Usar veículos mais econômicos também é importante para manter os custos sob controle diante das constantes mudanças nos preços do diesel", comentou Raquel quando questionada sobre como as empresas podem lidar com essas mudanças sem aumentar os preços constantemente.
Raquel explica que um mecanismo viável para termos uma maior estabilidade nos combustíveis nos próximos anos seria a mudança das alíquotas de impostos que incidem sobre os combustíveis atrelados à alteração da cotação do barril. Além disso, criar incentivos efetivos e financeiramente vantajosos para a presença de fontes renováveis (eletrificação) diminuiria a dependência ao diesel, aumentando a oferta e movimentando o mercado, trazendo redução de preços.