BNDES capta US$ 500 milhões com CDB para investimentos em energia, economia verde e alta tecnologia

Recursos serão utilizados para operações de financiamento em linhas já existentes para clientes finais, que incluem empresas privadas e entes públicos

Por Agências

Setor energético busca tornar-se melhor aparelhado e preparado para o futuro através de sua modernização e investimentos em fontes renováveis, como a eólica e a solar
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinou um contrato de empréstimo externo de US$ 500 milhões com o China Development Bank (CDB), o banco de fomento chinês. O acordo foi firmado na África do Sul, durante a 15ª Cúpula do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
O empréstimo externo tem prazo de pagamento de até três anos. Os recursos serão utilizados como parte do orçamento de investimentos do BNDES para operações de financiamento em linhas já existentes para clientes finais, que incluem empresas privadas e entes públicos.
Além da promoção do comércio bilateral entre Brasil e China, os investimentos poderão ser contratados para aplicação em setores como infraestrutura, energia, manufatura, petróleo e gás, agricultura, mineração, saneamento, agenda ESG, mudança climática e desenvolvimento verde, prevenção a epidemias, economia digital, alta tecnologia e gestão municipal, entre outros.
"Esta captação evidencia a retomada do relacionamento do ponto de vista de empréstimos com o CDB e demonstra o alto interesse dos países asiáticos em relação a oportunidades no Brasil. O tempo recorde entre a negociação do acordo, em março deste ano, e o fechamento do contrato de empréstimo, que será desembolsado nos próximos dias, mostra a disposição de colaboração entre as duas instituições.
Esta operação de US$ 500 milhões é só a primeira etapa de um acordo mais amplo, que prevê uma segunda operação de até US$ 800 milhões", contou a diretora de Mercado de Capitais e Finanças Sustentáveis do BNDES, Natália Dias, em nota divulgada pelo banco brasileiro.
De acordo com o BNDES, o banco brasileiro começou sua cooperação com o banco chinês em 2007, "quando foi negociado o financiamento destinado à construção do Gasoduto Sudeste-Nordeste, que culminou na celebração do contrato de empréstimo externo, formalizando a captação de recursos pelo BNDES, no valor de US$ 750 milhões".
O setor de produção de energia brasileiro, que busca sua modernização, espera se beneficiar com os recursos que chegam pelo BNDES. Atualmente, no País, 67% de geração de energia é oriunda de hidrelétricas.

Práticas que podem ser adotadas

Para saber que caminhos a indústria nacional pode seguir, o engenheiro mecânico e especialista em automação Lucas Marinho Mossia lista algumas práticas que o setor industrial pode adotar para que os temores de falhas na produção e consequente desabastecimento não se tornem realidade:
  • Monitoramento em tempo real: trata-se do acompanhamento constante das operações e sistemas da indústria de energia usando sensores e dispositivos conectados. Isso permite identificar problemas imediatamente, tomar ações rápidas e evitar interrupções não planejadas, contribuindo para um funcionamento mais confiável e eficiente.
  • Otimização de processos: refere-se à melhoria contínua dos processos industriais para maximizar a eficiência, minimizar desperdícios e otimizar a alocação de recursos. A automação pode analisar dados em tempo real para ajustar parâmetros operacionais e garantir um fluxo de produção mais suave.
  • Previsão de demanda: usando análise de dados históricos e padrões de consumo, a previsão de demanda permite antecipar variações na procura por energia. Isso ajuda a planejar o fornecimento de forma mais precisa, evitando picos de demanda e garantindo a disponibilidade adequada de energia.
  • Manutenção preditiva: através do monitoramento constante de equipamentos e sistemas, a manutenção preditiva usa análise de dados e algoritmos para prever quando uma máquina pode falhar. Isso possibilita a realização de manutenções preventivas no momento certo, evitando paralisações não programadas e prolongando a vida útil dos equipamentos.
  • Redução de custos: a automação e otimização dos processos, aliada à manutenção preditiva e previsão de demanda, permite a redução de gastos operacionais. Isso acontece ao evitar desperdícios de energia, minimizar interrupções, otimizar o uso de recursos e melhorar a eficiência geral da indústria de energia.
  • Integração de tecnologias: refere-se à combinação de diversas tecnologias, como IoT, inteligência artificial, análise de dados e sistemas de controle, para criar um ambiente coeso e colaborativo. A integração possibilita a troca de informações em tempo real entre diferentes partes do sistema, permitindo decisões mais informadas e uma operação mais eficiente e autônoma.
  • Atenção aos problemas: Mesmo assim, segundo Lucas Marinho, um problema recorrente que essa automação ainda enfrenta nas empresas é pelo fato de ser enxergado como custo, e não investimento. Vale ressaltar que o parque industrial brasileiro representa quase 23% do PIB do país e sua dependência por matrizes energéticas eficientes, limpas e modernas cresce a cada ano. 'Quem tem o olhar voltado para o futuro e, desde já, se prepara para ele, está degraus à frente do concorrente', completa o especialista. 
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G20 deve deixar de investir em combustíveis fósseis

Países são recomendados a reservar US$ 450 bilhões por ano, até 2030, para energias eólica e solar
Um grupo de organizações, que conta, no Brasil, com o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) como representante, lançou um estudo, na semana passada, que destaca que, em 2022, os países do G20 aplicaram US$ 1,4 trilhão para apoiar combustíveis fósseis. No relatório Fanning the Flames: G20, as instituições sublinham que o valor equivale a mais do que o dobro do investimento feito antes da pandemia de Covid-19 e da crise energética de 2019 e como algo que vai na contramão de políticas ambientais e sociais.
O G20 é um grupo formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia. Foi criado em 1999.
O montante indicado considera subsídios destinados a combustíveis fósseis - US$ 1 trilhão -, investimentos de empresas estatais - US$ 322 bilhões - e empréstimos de instituições financeiras públicas - US$ 50 bilhões. Na leitura das instituições, os membros do G20 fariam bem ao deixar de lado os benefícios fiscais à indústria de petróleo, carvão e gás, porque, em seus cálculos, ganhariam US$ 1,4 trilhão e US$ 1 trilhão adicional ao impor taxas ao segmento, cobrando entre US$ 25 a 50 para cada tonelada de CO2 (dióxido de carbono) emitida na atmosfera.
Os autores do estudo recomendam que os membros do G20 estabeleçam um prazo claro para eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis - 2025 para países desenvolvidos - e até 2030 para economias emergentes - caso queiram cumprir o compromisso assumido em 2009 de reformar os subsídios.