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Infraestrutura

- Publicada em 28 de Agosto de 2023 às 15:35

BNDES capta US$ 500 milhões com CDB para investimentos em energia, economia verde e alta tecnologia

Setor energético busca tornar-se melhor aparelhado e preparado para o futuro através de sua modernização e investimentos em fontes renováveis, como a eólica e a solar

Setor energético busca tornar-se melhor aparelhado e preparado para o futuro através de sua modernização e investimentos em fontes renováveis, como a eólica e a solar


freepik/divulgação/jc
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinou um contrato de empréstimo externo de US$ 500 milhões com o China Development Bank (CDB), o banco de fomento chinês. O acordo foi firmado na África do Sul, durante a 15ª Cúpula do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinou um contrato de empréstimo externo de US$ 500 milhões com o China Development Bank (CDB), o banco de fomento chinês. O acordo foi firmado na África do Sul, durante a 15ª Cúpula do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
O empréstimo externo tem prazo de pagamento de até três anos. Os recursos serão utilizados como parte do orçamento de investimentos do BNDES para operações de financiamento em linhas já existentes para clientes finais, que incluem empresas privadas e entes públicos.
Além da promoção do comércio bilateral entre Brasil e China, os investimentos poderão ser contratados para aplicação em setores como infraestrutura, energia, manufatura, petróleo e gás, agricultura, mineração, saneamento, agenda ESG, mudança climática e desenvolvimento verde, prevenção a epidemias, economia digital, alta tecnologia e gestão municipal, entre outros.
"Esta captação evidencia a retomada do relacionamento do ponto de vista de empréstimos com o CDB e demonstra o alto interesse dos países asiáticos em relação a oportunidades no Brasil. O tempo recorde entre a negociação do acordo, em março deste ano, e o fechamento do contrato de empréstimo, que será desembolsado nos próximos dias, mostra a disposição de colaboração entre as duas instituições.
Esta operação de US$ 500 milhões é só a primeira etapa de um acordo mais amplo, que prevê uma segunda operação de até US$ 800 milhões", contou a diretora de Mercado de Capitais e Finanças Sustentáveis do BNDES, Natália Dias, em nota divulgada pelo banco brasileiro.
De acordo com o BNDES, o banco brasileiro começou sua cooperação com o banco chinês em 2007, "quando foi negociado o financiamento destinado à construção do Gasoduto Sudeste-Nordeste, que culminou na celebração do contrato de empréstimo externo, formalizando a captação de recursos pelo BNDES, no valor de US$ 750 milhões".
O setor de produção de energia brasileiro, que busca sua modernização, espera se beneficiar com os recursos que chegam pelo BNDES. Atualmente, no País, 67% de geração de energia é oriunda de hidrelétricas.
De acordo com informações do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), depender quase que exclusivamente da energia vinda de uma única fonte pode configurar um risco, segundo especialistas do setor. Um dos maiores consumidores de energia no Brasil é o ramo da indústria que, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), consome mais de 30% da energia do País.
O setor energético busca tornar-se, a cada dia, melhor aparelhado e preparado para o futuro através de sua modernização e investimentos em fontes renováveis, como a eólica e a solar. É o que menciona publicação da Agência Brasil sobre o Ciclo de Palestras sobre Legislação e Políticas Públicas. Durante o encontro, lideranças do setor destacaram o andamento do Projeto de Lei 414/2021 que traz, como premissa, aprimorar o modelo regulatório e comercial do setor elétrico.
Para o engenheiro mecânico e especialista em automação Lucas Marinho Mossia, a automação, que já é realidade na maioria dos ramos da indústria, permite que os processos de produção ganhem em eficiência e produtividade. "Seja por meio do menor tempo de produção, redução no desperdício de matéria-prima, menor quantidade de poluentes produzidos ou até por todos esses fatores trabalhando juntos, tornar um sistema de produção automatizado vai além do luxo", afirma.

Práticas que podem ser adotadas

Para saber que caminhos a indústria nacional pode seguir, o engenheiro mecânico e especialista em automação Lucas Marinho Mossia lista algumas práticas que o setor industrial pode adotar para que os temores de falhas na produção e consequente desabastecimento não se tornem realidade:
  • Monitoramento em tempo real: trata-se do acompanhamento constante das operações e sistemas da indústria de energia usando sensores e dispositivos conectados. Isso permite identificar problemas imediatamente, tomar ações rápidas e evitar interrupções não planejadas, contribuindo para um funcionamento mais confiável e eficiente.
  • Otimização de processos: refere-se à melhoria contínua dos processos industriais para maximizar a eficiência, minimizar desperdícios e otimizar a alocação de recursos. A automação pode analisar dados em tempo real para ajustar parâmetros operacionais e garantir um fluxo de produção mais suave.
  • Previsão de demanda: usando análise de dados históricos e padrões de consumo, a previsão de demanda permite antecipar variações na procura por energia. Isso ajuda a planejar o fornecimento de forma mais precisa, evitando picos de demanda e garantindo a disponibilidade adequada de energia.
  • Manutenção preditiva: através do monitoramento constante de equipamentos e sistemas, a manutenção preditiva usa análise de dados e algoritmos para prever quando uma máquina pode falhar. Isso possibilita a realização de manutenções preventivas no momento certo, evitando paralisações não programadas e prolongando a vida útil dos equipamentos.
  • Redução de custos: a automação e otimização dos processos, aliada à manutenção preditiva e previsão de demanda, permite a redução de gastos operacionais. Isso acontece ao evitar desperdícios de energia, minimizar interrupções, otimizar o uso de recursos e melhorar a eficiência geral da indústria de energia.
  • Integração de tecnologias: refere-se à combinação de diversas tecnologias, como IoT, inteligência artificial, análise de dados e sistemas de controle, para criar um ambiente coeso e colaborativo. A integração possibilita a troca de informações em tempo real entre diferentes partes do sistema, permitindo decisões mais informadas e uma operação mais eficiente e autônoma.
  • Atenção aos problemas: Mesmo assim, segundo Lucas Marinho, um problema recorrente que essa automação ainda enfrenta nas empresas é pelo fato de ser enxergado como custo, e não investimento. Vale ressaltar que o parque industrial brasileiro representa quase 23% do PIB do país e sua dependência por matrizes energéticas eficientes, limpas e modernas cresce a cada ano. 'Quem tem o olhar voltado para o futuro e, desde já, se prepara para ele, está degraus à frente do concorrente', completa o especialista. 

G20 deve deixar de investir em combustíveis fósseis

Países são recomendados a reservar US$ 450 bilhões por ano, até 2030, para energias eólica e solar

Países são recomendados a reservar US$ 450 bilhões por ano, até 2030, para energias eólica e solar


AdobeStock/Divulgação/JC
Um grupo de organizações, que conta, no Brasil, com o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) como representante, lançou um estudo, na semana passada, que destaca que, em 2022, os países do G20 aplicaram US$ 1,4 trilhão para apoiar combustíveis fósseis. No relatório Fanning the Flames: G20, as instituições sublinham que o valor equivale a mais do que o dobro do investimento feito antes da pandemia de Covid-19 e da crise energética de 2019 e como algo que vai na contramão de políticas ambientais e sociais.
O G20 é um grupo formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia. Foi criado em 1999.
O montante indicado considera subsídios destinados a combustíveis fósseis - US$ 1 trilhão -, investimentos de empresas estatais - US$ 322 bilhões - e empréstimos de instituições financeiras públicas - US$ 50 bilhões. Na leitura das instituições, os membros do G20 fariam bem ao deixar de lado os benefícios fiscais à indústria de petróleo, carvão e gás, porque, em seus cálculos, ganhariam US$ 1,4 trilhão e US$ 1 trilhão adicional ao impor taxas ao segmento, cobrando entre US$ 25 a 50 para cada tonelada de CO2 (dióxido de carbono) emitida na atmosfera.
Os autores do estudo recomendam que os membros do G20 estabeleçam um prazo claro para eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis - 2025 para países desenvolvidos - e até 2030 para economias emergentes - caso queiram cumprir o compromisso assumido em 2009 de reformar os subsídios.
As entidades que assinam o documento sustentam que empresas estatais constituem uma das chaves para se recalcular a rota da energia, no caso do G20. Em relação a isso, o que se propõe é que os governos estabeleçam prazos para que as estatais adotem metas de zero emissões líquidas e busquem encontrar alternativas de negócios e carteiras de empréstimos.
O relatório dá o exemplo da Índia como um país que tem progredido. O país do sul da Ásia conseguiu diminuir em 76% os subsídios destinados a combustíveis fósseis, no período de 2014 a 2022, apostando, simultaneamente, na energia limpa.
Livi Gerbase, assessora política do Inesc, ressalta que os países que integram o G20 cobram menos impostos sobre combustíveis fósseis em comparação a outros emissores de CO2, uma média de apenas US$ 3,2 por tonelada de CO2 emitido.
A prática perdura mesmo com as empresas de carvão, petróleo e gás tendo registrado lucros recordes no ano passado, no contexto da crise energética. A especialista defende que os países procurem formular políticas que corrijam desníveis e que sejam feitas para os mais pobres, além da priorização de fontes de energia renovável e limpa, para que haja transformações e se abandone, gradualmente, a dependência da matriz energética que hoje prepondera.
"Esses números que a gente está divulgando são muito importantes para se entender que temos um desafio muito grande na transição energética global. A guerra entre Ucrânia e Rússia, principalmente, levou a um aumento no preço, em 2022, e a resposta do governo, em grande parte, foi de aumentar os subsídios para evitar que a população não sentisse esses impactos, mas isso também significou um aumento muito grande de lucro para as empresas petroleiras", afirmou Livi, em entrevista à Agência Brasil.
No Brasil, o fomento aos combustíveis fósseis foi de R$ 118,2 bilhões em 2021, um valor próximo ao registrado no ano anterior. Para 2022, estima-se que a quantia seja maior, tendo em vista que se zeraram as alíquotas do Programa de Integração Social (PIS), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), do PIS-Importação e da Cofins importação sobre combustíveis fósseis.
Caso optassem por uma reforma nas políticas de subsídios e pela tributação do carbono, o fórum poderia reservar menos de um quarto dos US$ 2,4 trilhões gerados à energia eólica e solar - US$ 450 bilhões por ano até 2030. A medida contribuiria para o objetivo de se limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C, se pudessem angariar verbas de investidores privados.
Os recursos sugerem às instituições que produziram o relatório também poderiam ser usados em ações de combate à fome no mundo (US$ 33 bilhões/ano), fornecendo acesso universal à eletricidade e à culinária limpa no planeta, de forma alinhada com emissões líquidas zero (US$ 36 bilhões/ano).
A escolha iria ao encontro da promessa que os países desenvolvidos fizeram quanto a se mobilizar em favor das nações em desenvolvimento (US$ 17 bilhões/ano) no âmbito do financiamento climático.