O diretor de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobras, Cláudio Schlosser, disse, na sexta-feira passada (12), que a nova estratégia da empresa para preços dos combustíveis prevê ampliar sua competitividade na busca pelos clientes no mercado interno. "Quando a Petrobras representar a melhor alternativa para o cliente e o cliente representar melhor alternativa para a Petrobras, não vamos perder a venda", afirmou, em teleconferência com analistas para detalhar o lucro de R$ 38,1 bilhões no primeiro trimestre.
A empresa iniciou a rediscussão de sua política de preços, que agora prefere chamar de estratégia comercial, após a renovação completa da administração com a eleição de nova diretoria e do conselho de administração, no fim de abril.
"A Petrobras vai buscar na execução de sua estratégia comercial ser cada vez mais competitiva no mercado brasileiro. Vamos fazer isso de forma muito racional. O parâmetro principal é preservação da geração de valor da companhia", afirmou Schlosser.
A declaração confirma mudança de direcionamento em relação aos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, quando a empresa permitiu o crescimento das importações de produtos por terceiros ao praticar preços que simulavam o custo de importação dos produtos.
Essa política, conhecida como PPI (preços de paridade de importação), se tornou alvo de críticas com a escalada da cotação do petróleo após o fim do período mais crítico da pandemia, que levou os preços internos dos combustíveis a recordes históricos em 2022.
A estatal ainda não detalhou como será a nova estratégia comercial, mas vem sinalizando que terá preços diferentes por mercado de atuação e de acordo com o tipo de cliente - atualmente, os preços são definidos por ponto de entrega dos produtos (refinarias ou terminais).
O comando da companhia, porém, tem prometido que a mudança representará preços mais baixos para o consumidor brasileiro, considerando que parte dos custos de produção dos combustíveis é nacional. As variações das cotações internacionais do petróleo, porém, continuarão a influenciar os preços internos.
A companhia pretende ainda ampliar o uso de sua capacidade de refino, para ter um volume maior de produtos nacionais. No primeiro trimestre, o fator de utilização das refinarias foi de 85% e a ideia é manter esse indicador acima de 90%.
No médio prazo, a Petrobras analisará a ampliação da capacidade de refino com investimentos em unidades já existentes. Projeções internas indicam que é possível obter mais 450 mil barris por dia, o equivalente a duas refinarias como a de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, sem construir uma nova unidade.
"Estamos conversando já com a área econômica da companhia, porque temos que garantir o racional desses projetos, para ter viabilidade. Mas é um potencial muito grande que está na nossa carteira", disse o diretor de Processos Industriais e Produtos, William França.
Na teleconferência, também não foram apresentados maiores detalhes sobre as propostas de mudança na política de dividendos e de recompra de ações. Na quinta (11), ainda seguindo a política aprovada por Bolsonaro, a empresa anunciou R$ 24,7 bilhões em dividendos.
O diretor financeiro da companhia, Sergio Caetano Leite, disse que a reavaliação da política de dividendos ainda está em fase inicial e, após definida, precisará ser aprovada pela diretoria e pelo conselho.
"Ainda não temos direcionamento claro de qual vai ser o caminho ou a periodicidade do pagamento. Vamos propor o que faz mais sentido não somente para a gestão de caixa mas também para os acionistas", comentou.
Sobre a recompra, ele afirmou que é estratégia adotada por grandes petroleiras globais, como uma destinação de parte dos lucros recordes obtidos com a escalada do petróleo nos últimos anos. As informações são da Agência Folhapress.
Folhapress