Custo logístico chega a 13,7% do PIB impactado pelo aumento do diesel e representa entrave

Por JC

O aumento do diesel continuará sendo um entrave para o setor de logística no primeiro trimestre de 2023. A alta do combustível, inclusive, contribuiu para elevar os custos logísticos para 13,7% do PIB, apontou a pesquisa "Panorama do Transporte de Cargas no Brasil", apresentada ontem durante o terceiro e último dia da 28ª edição do Fórum ILOS. O encontro teve início na última terça-feira, na capital paulista, e contou com a participação presencial e online de mais de 1.500 executivos e profissionais do setor.
Base de informação para o planejamento das empresas, o estudo desenvolvido pelo Instituto de Logística e Supply Chain foi um dos destaques da programação, trazendo à tona a falta de investimentos em infraestrutura e a importância das companhias atuarem para minimizar os impactos gerados por essa lacuna de responsabilidade governamental.
"Olhando para o fator nacional, o nosso ano já é de estabilidade. O problema é que o Brasil represou essa situação em 2021 e, quando isso acontece, acaba pagando a conta no ano em que o Mundo não está mais passando por isso. No ano passado, todos estavam no mesmo barco, a logística ficou mais cara no mundo inteiro, inclusive aqui. O problema é que a gente continua pagando essa conta. Isso acontece porque hoje ainda temos uma defasagem do diesel, que está 10% mais barato do que os outros países", explicou o sócio-diretor do ILOS, Maurício Lima.
Segundo ele, em 2021 não houve o aumento esperado, então, o Brasil foi meio amortecido e isso gera um desgaste muito grande, pois a cada mês há um reajuste do combustível. E, pior, a fatura toda ainda não chegou. "Então, temos duas contas ainda, uma dos 10% de defasagem e outra da desoneração que tivemos esse ano e acaba em dezembro. Parte do cálculo de 2021 ficou para 2022 e vai sobrar para 2023, com uma grande preocupação no primeiro trimestre. Ou seja, é como se a gente tivesse um problema parcelado com juros altos e em um período que eles só estão aumentando", detalhou o responsável pela pesquisa, realizada anualmente desde 2004.
Um dado importante apresentado no estudo é a evolução do percentual do diesel no custo do Transporte Rodoviário de Carga, que chegou a 37% neste ano. Quando se trata de preço, as variações acumuladas de janeiro a setembro últimos revelam uma queda de 5% no dólar ao mesmo tempo em que o diesel cresceu 47% na refinaria e 26% na revenda. Mas, não são apenas estes aspectos que chamam a atenção.
A carência de infraestrutura é uma das principais dificuldades enfrentadas pelo setor de logística. O Brasil, por exemplo, conta somente com 214 rodovias pavimentadas. Na China são 4.867 e nos Estados Unidos 4.577. Esse cenário levou a pesquisa a concluir que essa carência estrutural deixa o Brasil mais exposto às variações do preço do petróleo e das condições globais.
"O País cresceu menos do que os países já desenvolvidos e metade do que a economia global em 12 anos. Temos que pensar nacionalmente em privilegiar o investimento em infraestrutura, porque senão vamos ficar sempre mais à mercê das turbulências globais - elas não são nacionais, mas sofremos um impacto maior por termos menos ferramentas para lidar com essa perturbação", enfatizou o sócio do ILOS.
Para driblar essa desordem, as empresas precisam saber como conseguir gerar mais sem a necessidade de ter mais, disse Lima. Isso significa aprender a aproveitar melhor o ativo, garantindo produtividade. "Ao invés de precisar de uma frota de 500 veículos, como posso atender a mesma demanda com uma frota de 400?"
A resposta, segundo o executivo, está na tecnologia. "Preciso olhar para o meu processo de forma detalhada, estruturá-lo para conseguir aumentar a produtividade dos meus ativos. A estratégia é desenvolver soluções para mitigar essa falta de infraestrutura, gerando um fôlego para poder cuidar dessa infraestrutura", concluiu. As informações são da assessoria de imprensa do Fórum ILOS.