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Publicada em 28 de Maio de 2024 às 14:45

Conselheiros independentes: os guardiões da governança corporativa

Laís Machado Lucas, advogada e professora de Direito Empresarial

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Laís Machado Lucas/arquivo pessoal/jc
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Laís Machado Lucas

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Advogada e professora de Direito Empresarial

Uma empresa que deseja atrair e reter investimentos precisa apresentar as melhores práticas de governança corporativa. Este é um atributo altamente desejado no mercado por uma série de razões, dentre elas a atuação de conselheiros independentes neste perfil de organização. Pilares da governança corporativa, esses profissionais devem participar dos Conselhos de Administração devido a uma imposição dos órgãos reguladores, da Lei das S.A. e do Novo Mercado da Bolsa, e também pela recomendação dos próprios agentes de mercado. Mas por que a presença deles é tão requisitada e importante? A resposta é simples, dado que o predicado é autoexplicativo: independência!
Somente com independência funcional, econômica, profissional, pessoal, reputacional, dentre outras, é que se pode fazer aquilo que precisa ser feito para garantir o sucesso dos negócios, por mais desconfortável que isso possa parecer para as lideranças corporativas. Os Conselhos de Administração, por si só, já possuem essa função: tomar decisões assertivas e estratégicas, indo além da mera prevenção de crises de reputação e da representação de acionistas controladores. A figura do conselheiro independente reforça essa responsabilidade, sendo indispensável esse perfil de profissional em um Conselho.
O conselheiro independente mantém uma visão panorâmica do negócio e do mercado, identificando oportunidades e riscos e usando sua diversidade de experiências para indicar os rumos que avalia serem os mais compatíveis com os objetivos da empresa. E, para fazer tais indicações, precisa conquistar o respeito dos colegas, sendo sensível, flexível e diplomático, mas sem deixar de ser assertivo. Além disso, sua independência traz inovação e dinamismo, reforça a objetividade no processo decisório e protege os interesses de todos os stakeholders, evitando conflitos de interesses e favoritismos e agregando equidade. Ademais, mantém a empresa ágil e adaptável.
Pensando especificamente nas auditorias internas e externas, o conselheiro independente garante a integridade e o rigor dos processos. As características figuram na lista do que é avaliado pelos investidores e pelo mercado em geral. A imparcialidade é outro ponto importante nos comitês de governança, assegurando uma tomada de decisões alinhada às melhores práticas e aos interesses dos stakeholders.
O conselheiro independente está na empresa a serviço do mercado e do seu bom funcionamento, que se dá por meio de companhias sólidas, éticas, financeiramente saudáveis e comprometidas com a sociedade em que estão inseridas. É dele, em muitas vezes, a árdua tarefa de fazer as perguntas que não querem calar, de dizer o não que ninguém quer ouvir e de discordar das práticas usuais que não têm mais espaço no mundo atual. É função para corajosos, preparados e habilidosos profissionais e que deve ser exercida com muita responsabilidade, diligência e consciência. É um cargo que não deve ser percebido como uma honraria, mas, antes, como um trabalho que precisa ser feito com profissionalismo e seriedade.
Esse conjunto de características, sem dúvida alguma, impulsiona a efetividade do Conselho – e torna o negócio mais longevo no competitivo mercado global de hoje, fazendo com que os conselheiros independentes sejam, em suma, os guardiões da governança corporativa que, por sua vez, é o caminho para o sucesso dos negócios.

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