O Sincovat (Sindicato dos Contadores e Técnicos de Contabilidade do Vale do Taquari) recebeu um importante auxílio após a região ser atingida novamente por enchentes. O Sindiconta, da cidade de Chapecó, adotou escritórios que estão impossibilitados de trabalhar. "Foi uma atitude muito bacana, que está ajudando muito nossos escritórios", avaliou o presidente da entidade, Luciano Muller.
Com escritório e residência na cidade de Cruzeiro do Sul, Muller foi duplamente atingido, tendo que transferir moradia e trabalho para o município de Lajeado. Agora, depois de liderar uma campanha na região, trata de fazer um levantamento sobre os impactos entre a categoria na região.
JC Contabilidade - Qual a situação dos profissionais na região?
Luciano Muller - Sou morador de Cruzeiro do Sul. Lá, quase 50% da cidade foi devastada. Minha casa fica em uma parte mais alta, na encosta de um morro, mas tivemos que sair. Lajeado, Estrela e Arroio do Meio foram muito afetados. Estamos aguardando o levantamento (dos escritórios) de Roca Sales. A grande maioria conseguiu tirar o material, mas agora a correria é para tentar se reorganizar de novo. Em outra região, em Muçum, muitos escritórios foram fechados. E vários escritórios daqui têm funcionários de lá, e que dependem de uma nova ponte para passar. Estamos ajudando como podemos.
Contab - Como ficam as empresas atendidas por esses escritórios?
Muller - Temos que nos reerguer e, ao mesmo tempo, atender as empresas que foram atingidas e as que não foram afetadas. Por uma semana não tive acesso ao meu escritório, que fica no terceiro andar de um prédio. Quem ficou debaixo d'água, está tentando se recuperar, quem não ficou, continua trabalhando, não pode parar. Em Santa Catarina, várias cidades estão adotando as nossas. Chapecó adotou Arroio do Meio. E o Sindiconta (Sindicado dos Contabilistas de Chapecó e Região) entrou em contato para adotar os escritórios e dar um suporte, com material e equipamento. Cruzeiro do Sul foi adotada por Balneário Camboriú e Pomerode para ajudar nas reformas.
Contab - Como está sendo, na prática, essa parceria?
Muller - Eles entraram em contato, pedindo um levantamento dos escritórios de Arroio do Meio e o repasse das demandas. Fizemos esse meio de campo. Nós entramos em contato com os escritórios para que eles passassem as demandas que precisavam. Agora já estão em contato direto. Criaram uma comissão lá e outra aqui para mantermos o contato. Uma bela atitude.
Contab - Como imagina que será o retorno?
Muller - Ainda não sabemos. Só o que se sabe é que vai longe. A nossa demanda inicial era de ajuda pessoal. Vamos, agora, para uma segunda fase que é de fazer um levantamento junto com os escritórios. Em algumas cidades, alguns escritórios já haviam se restabelecido em outros locais. Em setembro, conseguimos ajudar os escritórios com o um valor em dinheiro. A maioria conseguiu comprar um notebook. Mas agora a necessidade é maior. Nos próximos dias, vamos fazer uma reunião para ver qual a estrutura que sobrou. Muitos associados não perderam só o escritório, perderam a casa. Eu sou um exemplo. Ainda não perdi minha casa, mas estamos esperando o laudo dos geólogos. Optamos pela segurança. No entanto, muitos estavam trabalhando em casa porque a locação ficou difícil na região depois de setembro. Ficou faltando imóvel para locar.
Contab - Os escritórios da região ainda mantinham sistema manuais e arquivos físicos?
Muller - Pelo que sabemos, a grande maioria, depois de setembro, já ia começar a usar o servidor em nuvem. Eles tinham o físico, mas com o que aconteceu, já estavam se adaptando para a nuvem. Isso se torna mais fácil na hora de evacuar o espaço. Claro que ainda se mantém uma parte de arquivos, mas são caixas que se coloca em um caminhão e leva embora. Na última reunião, vimos que, quem não estava na nuvem, já estava procurando se adaptar. Mas muitos não tiveram tempo.
Sidicato promove campanha para auxiliar comunidade e profissionais
Sede do sindicato foi transformada em centro de doações e de solidariedade
/Simone Rockenbach/Sincovat/Divulgação/JCContadores muito além do escritório, abraçando a comunidade é como a vice-presidente do Sincovat, Letícia Linke Mattes, define a campanha criada pela entidade ainda em setembro de 2023 e que ganhou mais força neste mês de maio. Com o auxílio de voluntários de diferentes áreas de atuação e de diversos municípios, inclusive de fora do Rio Grande do Sul, o sindicato dos contadores disponibilizou um PIX para arrecadação de valores destinados aos atingidos pela enchente e montou dois centros de distribuição: um na sede da entidade, onde as pessoas podem buscar mantimentos e outras necessidades, e outro no Campo do Americano, no bairro Universitário, de onde saíram helicópteros e continuam circulando carros e caminhões com o intuito de suprir as demandas de 23 municípios afetados no Vale do Taquari.
Letícia conta que, por meio do PIX, já foram arrecadados cerca de R$ 700 mil, além de doações recebidas de empresas e estados que também se sensibilizaram e se mobilizaram para auxiliar a iniciativa privada. Segundo ela, até o momento, foram distribuídos por via aérea mais de 30 toneladas de alimentos, além de água, leite e produtos de higiene e limpeza, especialmente para os locais que se encontram com dificuldades de acesso via rodoviária. Já por meio terrestre ou através do centro no Sincovat, foram mais de 5 mil kits de emergência, 2 mil kits de higiene, 3,5 mil cestas básicas, mais de mil fardos de água e cerca de 7,2 mil litros de leite, além de rações, fraldas, absorventes e leites especiais. Também estão sendo repassados colchões, travesseiros, toalhas e outros itens que chegam através de doações diretas ou que são comprados com os recursos recebidos através do PIX. A dirigente reforça o pedido por doações. Os interessados em contribuir podem repassar qualquer valor para a Chave PIX do Sincovat: CNPJ 90803974000104.