No último mês de março, a Parceria Leilões, uma das maiores leiloeiras rurais do País, completou 10 anos de história. Fundada pelo leiloeiro rural Fábio Crespo, a empresa realiza anualmente cerca de 160 leilões em todo o Brasil. Nos remates, são comercializados milhares de animais, entre bovinos, ovinos e suínos.
A equipe de colaboradores da Parceria Leilões se encarrega de todos os processos relacionados ao leilão, desde a captação, revisão e filmagem dos animais até a transmissão do evento, que ocorre por meio do canal da empresa em uma plataforma de vídeos na internet.
A escolha do local onde será realizado o leilão depende do que deseja o vendedor. Os remates podem ocorrer na sede do proprietário que está interessado em vender, nos sindicatos rurais do Estado ou em outros lugares, como restaurantes.
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Comprometida com causas sociais, a Parceria Leilões irá organizar em 2025 a quinta edição do Leilão Mãos Dadas. O projeto objetiva arrecadar doações durante os remates, para que depois sejam vendidas e convertidas em itens para o Natal de crianças gaúchas. No ano passado, foram distribuídos mais de 10 mil brinquedos para jovens da Grande Porto Alegre e da região de Pelotas. Em 2024, também foi realizado o Leilão Martelo Solidário, que arrecadou recursos para as vítimas da enchente no Estado.
A criação da empresa era uma aspiração profissional de Crespo, que já tinha experiência de 35 anos no mercado de leilões rurais. Por causa da idade, ele já pensa em passar a gerência da empresa para as suas filhas. Além de sua atuação à frente da Parceria Leilões, Crespo também preside o Sindicato dos Leiloeiros Rurais e Empresas de Leilão do Rio Grande do Sul (Sindiler).
Empresas & Negócios - Como foi criada a empresa? O senhor já trabalhava com leilões durante sua carreira solo?
Fábio Crespo - Fui nomeado leiloeiro em 1980, mas já trabalhava desde 1978 na empresa do meu pai. Eu primeiro assessorava a parte de manejo, até que virei leiloeiro da empresa dele. Depois, fui fazer carreira solo como diretor comercial de uma organização por mais de 20 anos. Há 10 anos, resolvi montar a minha própria empresa.
E&N - Como é o mercado de leilões?
Crespo - O trabalho de leiloeiro é antigo mas permanece da mesma forma. Existe o leilão em que o vendedor sobe em um púlpito e espera pelos lances dados pelos interessados. Isso não mudou. Entrou a tecnologia de transmissão, com o WhatsApp e o aplicativo do leilão, mas a estrutura não mudou. Esse tipo de venda está consolidado no meio rural. As pessoas que têm a produção fazem um planejamento de todo o processo de venda. A data em que os animais serão vendidos é definida previamente. Se a venda for organizada, o manejo da fazenda fica facilitado, porque a saída dos animais ocorre de uma vez só, assim como a entrega para os compradores.
O leilão é democrático, porque a disputa pelos animais faz com que o valor chegue ao preço de mercado normal. O preço não fica aviltado nem exagerado, e sim dentro da normalidade do mercado.
E&N - O que fez a Parceria Leilões ter sucesso nos seus 10 anos de atuação?
Crespo - Todos na equipe estão sempre buscando aprimoramento e soluções para garantir o melhor para quem confia no nosso trabalho. Ser empreendedor no Brasil não é fácil, é um desafio por dia, mas estamos aí.
E&N - Quais foram as dificuldades enfrentadas na última década?
Crespo - O desafio é poder acertar em tudo. Não é fácil cumprir com tudo o que é estabelecido e pagar todos os impostos que o País cobra. Nós somos reféns de muitas leis que foram criadas. Quando a corda é puxada como está sendo, pode arrebentar. Daqui a pouco é mais fácil o empreendedor fazer uma coisa por si próprio, mesmo que não tão bem, do que ter que colocar mais uma pessoa para trabalhar.
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E&N - Como é estruturada a empresa, com seus 25 colaboradores?
Crespo - A nossa equipe é dividida entre o pessoal CLT, os prestadores de serviço e os MEIs (microempreendedores individuais). O número de colaboradores pode ser maior dependendo da época do ano. Nós fazemos toda a montagem dos leilões, desde a captação, revisão e filmagem dos animais até a transmissão do evento.
E&N - Os leilões ocorrem no formato virtual?
Crespo - Nós realizamos leilões presenciais e aqueles exclusivamente virtuais, mas todos são transmitidos no nosso canal em uma plataforma virtual. Há toda uma estrutura por trás das transmissões, sendo que os interessados podem dar lance nos leilões através do aplicativo ou do WhatsApp.
E&N - Onde ocorrem os leilões presenciais?
Crespo - Às vezes os leilões acontecem na sede do vendedor, nos sindicatos rurais do Estado ou ainda em algum restaurante. Também existem lugares que são alugados para a realização de leilões. Tudo depende da ideia do leilão, do que o dono quer fazer e de quanto pretende gastar. Tudo que envolve um leilão tem custo. Como organizadores, nós passamos uma planilha de gastos para o vendedor e ele decide de que forma quer fazer.
E&N - O que é leiloado?
Crespo - Nós leiloamos animais, basicamente. Em alguns momentos fazemos leilões de obras de arte e de outros objetos, mas o nosso foco é a venda de animais, entre bovinos, ovinos e equinos.
E&N - Como é feito o transporte dos animais comercializados?
Crespo - A empresa tem parceiros que fazem o transporte de animais, seja para o leilão presencial, seja para quando o leilão é virtual. No caso dos virtuais, o transporte é feito depois do leilão. O processo todo é organizado, desde a hora da venda até o animal chegar na propriedade do comprador.
Nós temos compradores do País inteiro. Muitos dos clientes do cavalo crioulo são dos estados do Norte. O gado do Rio Grande do Sul já é mais restrito, então vai até São Paulo, mais ou menos. Mas, de resto, estamos entregando até o Amazonas.
E&N - Quantos leilões são realizados pela empresa?
Crespo - São realizados em torno de 160 leilões por ano. O dono do leilão, aquele que nos contrata, normalmente já traz uma ideia do que será feito e organizado. Nós temos uma equipe de marketing para auxiliar na divulgação, na confecção do catálogo e na produção de mídia do evento.
E&N - De que forma a enchente de 2024 no RS impactou a empresa?
Crespo - Durante o mês de maio, o mercado de leilões praticamente parou. Nós nos dedicamos a fazer leilões virtuais para ajudar as pessoas e conseguimos arrecadar bastante. O meio agropecuário é muito solidário, apesar de ter sofrido grandes perdas em alguns lugares. Aqueles que não sofreram tanto se propuseram a doar animais e objetos para que pudessem ser leiloados e convertidos em auxílio para as pessoas que perderam tudo.
E&N - Quais ações sociais são promovidas pela empresa?
Crespo - A Parceria Leilões promove, há mais ou menos cinco anos, o projeto Mãos Dadas, no qual doamos brinquedos comprados com o dinheiro arrecadado com o leilão de objetos doados. Nós atendemos comunidades onde as crianças precisam dos brinquedos, mas as famílias não têm a possibilidade de dá-los. Compramos brinquedos novos e já temos as comunidades determinadas para fazer a entrega. No primeiro ano do projeto, entregamos 2 mil brinquedos. No ano passado, o número chegou a 10 mil. É uma ação bem legal de final de ano.
E&N - Como será o futuro da empresa?
Crespo - Como já estou com 63 anos, a ideia é, com o tempo, passar a gerência da Parceria Leilões para as minhas filhas, para que elas toquem e façam uma expansão no futuro.