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Publicada em 29 de Março de 2025 às 16:00

Petrobras escolhe gaúcha Arvut para executar projetos ambientais

Executivo lidera iniciativas estratégicas que são cada vez mais necessárias frente às mudanças climáticas

Executivo lidera iniciativas estratégicas que são cada vez mais necessárias frente às mudanças climáticas

Arvut/Divulgação/JC
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Cristine Pires
Cristine Pires Editora-assistente de Economia
Com mais de 15 anos de experiência em consultoria ambiental, Kayo Soares é CEO da Arvut e especialista em gestão de obras costeiras e oceânicas. Engenheiro civil e oceanólogo, mestre em Oceanografia Física, Química e Geológica, ele já atuou em projetos nacionais e internacionais voltados à análise de impacto ambiental, mitigação de riscos e melhoria de processos industriais para ganhos ambientais. À frente da Arvut, Soares lidera iniciativas estratégicas, como os estudos ambientais na Margem Equatorial Brasileira, um projeto fundamental para a Petrobras.
Com mais de 15 anos de experiência em consultoria ambiental, Kayo Soares é CEO da Arvut e especialista em gestão de obras costeiras e oceânicas. Engenheiro civil e oceanólogo, mestre em Oceanografia Física, Química e Geológica, ele já atuou em projetos nacionais e internacionais voltados à análise de impacto ambiental, mitigação de riscos e melhoria de processos industriais para ganhos ambientais. À frente da Arvut, Soares lidera iniciativas estratégicas, como os estudos ambientais na Margem Equatorial Brasileira, um projeto fundamental para a Petrobras.
Empresas & Negócios - Quais foram os critérios que levaram a Petrobras a escolher a Arvut para executar os projetos ambientais?
Kayo Soares - O primeiro critério deve-se ao fato de a Arvut já ser fornecedora da Petrobras, o que significa que ela tem estrutura, experiência e capacidade para entregar produtos para um setor estratégico da Petrobras, que é o de óleo e gás. Também contam: a capacidade econômica que garante a execução do contrato; a capacidade técnica comprovada através da experiência em serviços similares, e preço competitivo. Ter sido escolhida pela Petrobras demonstra que a Arvut atende a todos os requisitos.
E&N - Quais são os principais desafios para realizar os estudos, especialmente em áreas remotas?
Soares - O principal desafio é a logística, pois atuaremos com áreas amostrais na foz do Rio Amazonas e nas costas do Amapá e Pará. Usaremos uma embarcação robusta e equipamentos duplicados para evitar falhas em uma zona remota. As amostras serão colhidas em períodos específicos, em uma área de hidrodinâmica complexa. Os monitoramentos têm como principal desafio a oscilação de correntes e maré e a constituição da costa do Amapá, que possui reentrâncias e uma concentração grande de material lamoso. A equipe possui muita experiência, pois compreender o funcionamento desse ecossistema será a chave para uma exploração de petróleo segura, caso ela ocorra.
E&N - Como os resultados dos estudos ambientais realizados pela Arvut poderão influenciar o processo de licenciamento de perfuração marítima pelo Ibama?
Soares - Os monitoramentos da Arvut, ao longo desses dois anos, fornecerão dados valiosos sobre a fauna e características oceanográficas, auxiliando a Petrobras na definição de mecanismos de controle e ampliando o conhecimento do Ibama sobre a dinâmica ambiental da região. Compreender o ecossistema é essencial para determinar se a exploração de petróleo é viável e, se for, quais controles serão necessários para evitar danos.
E&N - De que forma os monitoramentos realizados serão integrados para fornecer uma análise abrangente ao projeto?
Soares - É preciso compreender o comportamento dos oceanos, da região costeira e da plataforma continental da região, que são influenciados por diversos aspectos, como a quantidade de material em suspensão na água e a sua temperatura. A dinâmica oceânica e a complexidade do transporte das correntes também geram grandes influências. Então, entender como esses processos se comportam, será fundamental para estabelecer os planos integrados e salvaguardas robustas para caso a exploração de petróleo venha a acontecer.
E&N - Quais tecnologias e metodologias a Arvut utilizará para garantir a precisão e a confiabilidade dos dados coletados?
Soares - A avaliação parte de equipamentos e equipes. Serão utilizados materiais modernos e tecnologia de ponta, como hidrofones para o monitoramento do ruído subaquático, e outros de medição de temperatura, salinidade e condutividade da água. Também serão utilizados sinalizadores por radar para identificar organismos que serão marcados e acompanhados por satélite. Teremos um corpo técnico com grande conhecimento da biologia e oceanografia da região, com especialistas que irão a campo usando elementos da bioética, que preservam os organismos e que não os expõem a riscos.
E&N - Quais são as medidas adotadas pela empresa para minimizar possíveis impactos ambientais durante a realização dos trabalhos de campo?
Soares - Temos uma política de meio ambiente muito robusta. A embarcação que será usada terá um plano de emergência para possíveis vazamentos de óleo e gerenciamento de resíduos, por exemplo. Nosso plano também envolve os profissionais que estarão conosco, que serão treinados e monitorados para realizar as tarefas de forma segura, tanto para eles quanto para o meio ambiente.
E&N - Como a Arvut planeja gerenciar as oito campanhas ao longo de dois anos, considerando a extensão e complexidade das áreas de estudo?
Soares - Esse é o desafio. A região apresenta dois momentos marcantes, de alta e de altíssima vazão. As campanhas irão ocorrer em diferentes períodos do ano, com complexidades distintas. Porém, estudamos muito a área, e vamos contar com a experiência vivenciada em cada campanha para enfrentar a seguinte com melhorias. Quando se está em campo, é preciso respeitar a natureza, entender as limitações e o aprendizado que ela nos gera.
E&N - Qual é a visão da Arvut sobre o mercado de projetos ambientais no Brasil?
Soares - O mercado está aquecido graças ao aumento de obras de infraestrutura no País que demandam estudos ambientais, e a crescente conscientização dos empresários sobre a inevitável avaliação dos impactos gerados pelos projetos no meio ambiente. A Arvut é fornecedora das empresas que atuam nesse mercado, pois elas são as responsáveis pela coleta de dados que deve ser enviada aos órgãos ambientais. A qualidade dessas informações é fundamental para a formulação de legislações e a tomada de decisões, tanto do mercado privado quanto do setor público.
E&N - O que é necessário em termos de planos públicos e privados para combater os efeitos da mudança climática?
Soares - São de grande importância planos de resiliência e de infraestrutura das cidades, assim como estratégias de redução das emissões de carbono. Por isso, é fundamental a ação conjunta entre o poder público e o privado. No Brasil, temos a regulamentação do crédito de carbono e outros programas, e as empresas já estão vendo oportunidades, questionando-se de que forma podem desenvolver tecnologias de economia verde, ou como podem mudar seus meios de produção.
E&N - Vários acontecimentos reforçam a urgência de ações sustentáveis, como as enchentes que assolaram o RS. O que é mais urgente para ser implementado?
Soares - O ideal é um modelo híbrido de ação, combinando o que é urgente com o que é importante. Aqui no Estado, o urgente são as medidas de proteção, como reforços dos diques e casas de bombas, e estruturas de energia com análises de resiliência. Quanto às ações importantes, elas incluem modificar os meios de produção focando em redução de emissões de carbono, preservar as margens e as matas ciliares, e investir em fontes de energias renováveis. Talvez elas não sejam as mais urgentes, porque o urgente hoje é tirar a população de uma área de risco, mas são importantes pois são estruturantes.
E&N - Qual o impacto da saída dos EUA do Acordo de Paris?
Soares - A saída dos EUA é preocupante do ponto de vista geopolítico, e pode colocar em risco os desdobramentos da COP 30, que acontece no Brasil em 2025. Os EUA são a maior economia do mundo e um dos maiores emissores de carbono. Não contar com o seu compromisso no acordo é muito negativo. No entanto, apesar desse posicionamento como nação, temos estados americanos importantes, como a Califórnia, que mantêm compromissos ambientais de vanguarda, além de empresas norte-americanas relevantes que estão olhando para isso.
 

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