Gabriel Eduardo Bortulini, especial para o JC*
Sede da maior cooperativa agropecuária do Rio Grande do Sul até o início do século, o Alto Uruguai enfrentou sequenciais crises financeiras no cooperativismo a partir de 2005, enfraquecendo a credibilidade perante os produtores rurais. No entanto, embora tenha de disputar o mercado com gigantes do setor, o cooperativismo agropecuário persiste na região Norte.

Cooperativa Tritícola de Getúlio Vargas chegou a ter mais de 5 mil associados quando a crise instaurada a partir do ano de 2008 resultou em uma dívida milionária
NORBERTO DUARTE/AFP/JCA história do cooperativismo gaúcho se confunde com a evolução agropecuária no Alto Uruguai. Para Darci Hartmann, presidente do Sistema Ocergs (Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul), mais do que isso, o cooperativismo agropecuário teve "uma importância fundamental no desenvolvimento econômico da Metade Norte". Contudo, foi justamente o Norte do Estado que experimentou longas e traumatizantes crises financeiras no setor, a partir dos anos 2000. O impacto foi vivenciado pelos produtores rurais do Alto Uruguai, principalmente após o declínio de uma das maiores cooperativas brasileiras na época.
A Cooperativa Tritícola de Erechim (Cotrel) era um verdadeiro orgulho para os associados e para a cidade de Erechim. Chegou a representar cerca de 15% da arrecadação do município, antes que denúncias de fraudes envolvendo dirigentes, quebras de safra, como a de 2004-2005, e prejuízos milionários estabelecessem uma crise que estremeceu grande parte dos produtores rurais da região.
Em sua dissertação de Mestrado, Amito José Teixeira, atual coordenador do curso de agronomia da URI Erechim, analisou a produção leiteira da Cotrel. O trabalho foi publicado em 2003, com o título "Benchmarking na produção leiteira da Cotrel Cooperativa Tritícola Erechim Ltda.", pouco tempo antes do início da crise. Segundo Teixeira, tratava-se, até então, da "maior cooperativa do Rio Grande do Sul" e uma das "trinta maiores empresas privadas do Estado".
Se isso revelava a força da Cotrel em nível estadual e, inclusive, nacional, a importância da cooperativa para a região do Alto Uruguai era ainda mais evidente. Segundo o autor, quase 80% dos produtores regionais eram associados à Cotrel no início dos anos 2000, o que significava que quase um terço de toda a população do Alto Uruguai dependia economicamente da cooperativa: "computando-se os associados, funcionários e dependentes que somam perto de 60 mil pessoas", escreve.
Era inevitável que a imensa crise e o longo processo de falência da cooperativa abalassem a economia da região Norte. Após 20 anos do início da derrocada, falar sobre a Cotrel ainda enfurece alguns produtores e é assunto delicado para muitas pessoas que preferem silenciar quando o tema entra em pauta.
Em meio a isso, ainda há o saudosismo de quem a tratava como um exemplo de cooperativismo — hoje um mero ponto de referência em alguns municípios do Alto Uruguai. Não é raro que em uma cidade como Campinas do Sul, por exemplo, ainda se escute algo como "é ali do lado da Cotrel", mesmo que esse seja, há mais de uma década, apenas um nome apagado nas paredes.
Alguns anos mais tarde, foi a vez da Cooperativa Tritícola de Getúlio Vargas (Cotrigo), de Estação, viver seu próprio drama financeiro. A Cotrigo chegou a ter mais de 5 mil associados quando a crise instaurada a partir de 2008 resultou em uma dívida milionária, ocasionando sucessivos leilões das unidades, frigoríficos e indústrias da cooperativa.
Como se não bastasse, a oitava fase da Operação Leite Compensado — que investiga fraudes na cadeia produtiva do leite e teve mais desdobramentos há poucos meses — atingiu diretamente a Cooperativa de Pequenos Agropecuaristas de Campinas do Sul (Coopasul) em 2015. A operação culminou na prisão de funcionários e do então presidente da cooperativa, liquidada poucos anos depois.
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Segundo Hartmann, para entender as crises financeiras no setor, é preciso retroceder aos impactos do Plano Collor, que gerou aos produtores um aumento de 40% em seus custos de financiamento na década de 1990.
"Mas tivemos problemas também de gestão, cooperativas que ficaram no caminho como ficam muitas empresas num regime capitalista. Nós sempre colocamos que é fundamental que a cooperativa tenha a visão do pertencimento, a visão do produtor, a visão do desenvolvimento do produtor, da comunidade, mas ela nunca pode abrir mão da profissionalização, da gestão, do controle de custos, de gastos, porque ela vai competir com as melhores empresas", salienta.
Os traumas do cooperativismo agropecuário no Alto Uruguai contribuíram para uma crescente desconfiança dos produtores e associados da região. Outras cooperativas também precisaram se reestruturar para lidar com endividamentos e com a falta de credibilidade do setor em meio à lacuna deixada pelo fim da Cotrel. Segundo Mário Farina, presidente da Agricoop, de Erechim, a cooperativa passou por importantes transformações nos últimos anos, deixando de ser uma central de cooperativas. Com a incorporação da Coperal, da Copaal e da Agricoop Captação, tornou-se uma única cooperativa de primeiro grau.
É evidente que todo o processo geraria mais apreensão no cooperativismo agropecuário do
Alto Uruguai. No entanto, Farina celebra a reestruturação.
"Foi uma superação muito grande, uma decisão difícil, mas acertada. Esse processo todo, com a incorporação e a reestruturação, a cooperativa ficou mais dinâmica, com mais capacidade de investimento, nós saneamos todo o problema do endividamento", reforça.
Alto Uruguai. No entanto, Farina celebra a reestruturação.
"Foi uma superação muito grande, uma decisão difícil, mas acertada. Esse processo todo, com a incorporação e a reestruturação, a cooperativa ficou mais dinâmica, com mais capacidade de investimento, nós saneamos todo o problema do endividamento", reforça.
Os números do cooperativismo agropecuário no estado

Estabelecimentos agropecuário com produtor associado a cooperativa 2017 - RS
FONTE: Atlas Socioeconômico do governo do EstadoIndicadores de desempenho
Expressão do Cooperativismo Gaúcho - Sistema Ocergs, 2024
Ingressos: R$ 48,6 bilhões
Sobras: R$ 1,01 bilhão
Ativos: R$ 31 bilhões
Patrimônio Líquido: R$ 8,3 bilhões
Desafios do clima no cooperativismo agropecuário

Presidente do Sistema Ocergs, Darci Hartmann
Sistema Ocergs/Divulgação/JCPara além das dificuldades financeiras específicas de cada cooperativa, as sucessivas crises climáticas vividas no Rio Grande do Sul nos últimos anos são um desestímulo crescente, não apenas para o modelo cooperativista agropecuário, diretamente afetado pelas intempéries, mas para o próprio interesse do produtor em se manter no campo.
Casos de retorno ao meio rural, como o de André Trentin em Cruzaltense, têm se tornado cada vez mais raros. Para Douglas Cenci, Coordenador Geral da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (Fetraf-RS), além da insegurança e do pico de preços no pós-pandemia, o clima é um fator que só tende a afastar o produtor, principalmente o jovem.
"Com três ou quatro estiagens, enchentes, tudo mais, se for pensar um pouco o jovem não volta. Então tem essa interferência também, esse cenário muito ruim que percebemos no último período", lamenta.
Para Trentin, o clima é, aliás, um dos maiores entraves na produção.
"Afeta bastante, a gente não tem como interferir. A gente tenta se organizar, se prevenir para esses períodos chuvosos ou de seca, vai armazenando água com cisternas, para ter, como agora que está seco aqui na região, para aproveitar, irrigar os pastos, onde é irrigado".
E a preocupação não é restrita aos agricultores. As intempéries climáticas são, conforme o presidente do Sistema Ocergs, o grande desafio do cooperativismo agropecuário.
"Como as cooperativas têm essa relação direta com o produtor, quando o produtor vai bem a cooperativa vai bem, quando o produtor entra em dificuldade, a cooperativa também sente. E o sistema cooperativo de produção ainda alavanca muito crédito para o produtor, através do troca-troca, trocando insumos e sementes por produção depois. Quando essa produção não se realiza e não chega na cooperativa, evidentemente o ciclo se quebra, o elo se rompe e o cooperativismo sente", analisa Hartmann.
Ele defende que a crise climática precisa ser enfrentada em diferentes frentes e em vários setores: "é importante ressaltar que não é só uma iniciativa que vai resolver isso".
Uma das ações citadas por Hartmann é a chamada Operação 365, coordenada pela Cooperativa Central Gaúcha (CCGL) em conjunto com a Rede Técnica Cooperativa (RTC) e a Embrapa. A medida tem o objetivo de promover a sustentabilidade e a produtividade, com a melhoria da qualidade física, química e biológica do solo.
A Operação 365 inclui um sistema de manutenção da cobertura do solo durante todo o ano, a fim de mitigar o impacto do sol direto, permitindo a maior retenção de água. Além disso, Hartmann cita a necessidade da fertilização do solo por meio da calagem, que consiste na aplicação de calcário, corrigindo a acidez e possibilitando a maior disponibilidade de nutrientes e o enraizamento mais profundo.
Ainda, o presidente do Sistema Ocergs vê a necessidade de avançar no setor da irrigação.
"E não é só equipamento, não é só reserva de água, também é energia trifásica. E eu sei que o estado e as cooperativas de energia têm feito um trabalho belíssimo para alcançar a energia com um custo mais barato, principalmente para o pequeno e médio produtor, que não teriam acesso a isso".
Por fim, entende que as cooperativas precisam se adaptar aos fatores climáticos, tanto na organização quanto no processo de gestão e profissionalização.
"Nós temos os impactos cada vez mais crescentes do clima temos que buscar nos proteger, com uma gestão cada vez mais profissional, buscar a verticalização e a industrialização para não ficar tão dependente das commodities. Mas, acima de tudo, o sistema está fazendo esse trabalho, porque isso não pode ser feito com decisões rápidas, não pensadas, não planejadas, não debatidas e não estudadas", aponta.
Grandes empresas e cooperativas assumem a lacuna da Cotrel

André e Suelen comemoram resultados e atribuem parte dele à assistência técnica dentro da propriedade
André Trentin/Divulgação/JCO vazio gerado pelas liquidações de cooperativas como a Cotrel e a Cotrigo, além de enfraquecer a credibilidade do setor no Alto Uruguai, naturalmente abriu espaço para o crescimento e a entrada de novas empresas e cooperativas no Norte do estado.
Desde 2005, ano emblemático da crise financeira da Cotrel, a cooperativa erechinense optou por parcerias com a Cooperativa Central Aurora Alimentos, de Chapecó. A princípio, frigoríficos da Cotrel foram arrendados, assim como a fábrica de rações e incubatório. Em 2017, a Aurora adquiriu os frigoríficos da Cotrel e se estabeleceu em definitivo no Alto Uruguai, num investimento de R$ 108 milhões. Além disso, a Aurora comprou importantes marcas da cooperativa de Erechim, como a Nobre.
Ainda em 2017, a Cooperalfa, filiada à Aurora, também se instalou em Erechim, não sem mais apreensão do setor agropecuário do Alto Uruguai. Enquanto antigos filiados da Cotrel preferiram negociar a produção com a erechinense Olfar — gigante do segmento de alimento e energia — outros produtores migraram para cooperativa recém-chegada. É o caso de André Trentin, produtor rural da linha Santa Catarina, no interior da pequena cidade de Cruzaltense, na região Norte, associado à Alfa há cerca de dois anos e meio. A decisão foi tomada como medida de sucessão familiar, já que toda a propriedade estava no nome de seu pai, associado à Alfa desde que a cooperativa chegou a Erechim.
Segundo André, o histórico da Alfa foi determinante para a decisão: "É uma cooperativa sólida, que tem histórico, uma cooperativa antiga, que vem cada vez crescendo mais, tem vários setores, que pega frango, suíno, leite, grãos. Então é uma cooperativa que engloba bastante diversidade de produção".
Além disso, o produtor de 30 anos recém-completos destaca os benefícios da assistência técnica oferecida. "É uma assistência de qualidade. Quando precisa, entramos em contato e ele já vem olhar a lavoura, o veterinário vem olhar a vaca. E não é só de emergência, eles prezam bastante pela assistência preventiva. É um acompanhamento direto na propriedade. A gente desafia eles e eles nos desafiam, é um crescimento conjunto", avalia.
A propriedade da família conta com 25 hectares, dos quais 12 são dedicados à criação de vacas leiteiras e o restante para a produção de grãos. No ano de 2024, a produção de leite chegou a 219 litros. Já as safras de soja e trigo ficam em torno de 70 sacos por hectare, enquanto o milho chega a 180 sacos por hectare.
Para André, o acompanhamento e a assistência da cooperativa são fundamentais para o planejamento, o que permite enfrentar momentos de insegurança climática, por exemplo. "Com o acompanhamento mensal do veterinário, a gente tem o planejamento forrageiro para o ano inteiro, entendendo até quando tem comida, se tem que plantar comida antes, a gente vai se organizando", conta.
Na contramão de muitos jovens, André e a esposa Suelen viram no trabalho rural uma oportunidade de crescimento, diante das dificuldades para encontrar emprego em outras áreas. "Desde cedo, eu acompanhava meus pais na roça e fui pegando amor das coisas. Depois saí para estudar, fiz a qualificação para a agricultura. Voltei para a propriedade e decidimos aumentar a produção, investindo um pouco mais. Depois eu casei e a minha esposa veio também morar aqui comigo, então juntou mais forças pra crescer e evoluir", relata.
Apesar do paulatino crescimento, aliado ao apoio do cooperativismo, a família Trentin e o setor agropecuário como um todo ainda enfrentam dificuldades. Esses desafios dizem respeito, principalmente, às crises climáticas dos últimos anos, um dos maiores problemas do setor no Rio Grande do Sul.
Intercooperação no cooperativismo agropecuário é marca da Metade Norte

Presidente da Agricoop, Farina adverte para a redução do número de produtores de leite no Rio Grande do Sul
Orange Agência/Divulgação/JCEm mais de 30 anos de existência, a Agricoop passou por diversas reestruturações em Erechim. Há cerca de dez anos, a cooperativa tinha no leite quase a totalidade de seu faturamento. No entanto, a diminuição gradativa dos produtores do setor exigiu mudanças na organização "Para ter uma ideia, temos aproximadamente 270 produtores de leite. Há pouco tempo atrás, esse número era de mais de mil associados, isso há cerca de 10 anos", explica Mário Farina.
O presidente da cooperativa lamenta esse modelo de produção mais concentrado, que não se percebe apenas na produção do leite, mas também na criação de frangos e suínos.
Para contornar esse fator, a Agricoop precisou se estruturar em novos segmentos. A atuação agropecuária foi fortalecida e hoje a cooperativa conta com seis unidades, incluindo uma fábrica de rações em Erechim e a recente inauguração de uma loja em Centenário. "Futuramente vislumbramos a questão também de grãos, como um planejamento mais adiante", revela.
A Agricoop atua em 36 municípios e conta com 44 colaboradores. Seu quadro de associados já soma 1692 associados. Em julho, eram 1620. O faturamento de 2024 superou os R$ 118 milhões, R$ 20 milhões a mais do que em 2023. Do total, o leite segue como o principal produto, responsável por R$ 69 milhões. A agropecuária rendeu R$ 28,5 milhões e a fábrica de rações, mais de R$ 20 milhões.
Embora a Agricoop ainda seja uma cooperativa pequena, Farina verifica um novo impulso de credibilidade do cooperativismo regional, evidente nos resultados, seja no faturamento, seja no crescimento do quadro de associados. "A cooperativa vem numa crescente nos últimos anos, tanto de faturamento e principalmente de resultados. Nos últimos quatro anos a Agricoop conseguiu retornar sobras, no linguajar do cooperativismo, para o associado. Isso vai resgatando um pouco a credibilidade", reitera.
O saldo positivo, aliás, leva em conta toda a disputa de mercado. Além da atuação de grandes cooperativas como a Alfa, há a companhia de enormes empresas do setor agropecuário, como a 3tentos, a Olfar e a Vaccaro. Segundo Farina, a presença dessas empresas força as cooperativas a se organizarem do ponto de vista comercial e financeiro.
Para o presidente da Agricoop, embora haja um número fiel de associados, "no fim das contas vale o número". Assim, a maior capacidade de investimento das grandes empresas as permite praticar preços diferentes a depender das disputas de mercado em cada região.
"Isso gera um desconforto bastante grande. A cooperativa está aqui, ela não atua em outras regiões do Estado, não tem como fazer esse equilíbrio, esse mix de preços, digamos assim. Então um dos desafios para as cooperativas é enfrentar esse mercado que está altamente competitivo", afirma.
Apesar disso, Farina destaca o crescimento e o desenvolvimento das cooperativas, principalmente no sentido da intercooperação. Por exemplo, há um grupo de cooperativas parceiras da metade norte do Estado, com o qual a Agricoop se reúne mensalmente.
"Definimos algumas estratégias em comum, buscamos atualização de mercado. A ideia é criar um grupo na proposta da intercooperação". Segundo o presidente da Agricoop, tratam-se das cooperativas Coopac, de Constantina, Coopeagri, de Ibirubá, Cooperlate, de Serafina Corrêa, Cooperativa CASA, de Sananduva e a Coasa, de Água Santa.
A partir desse grupo, Farina conta que a Agricoop liderou a iniciativa de uma parceria com a Santa Clara, para a captação de leite em diferentes regiões, uma demanda da cooperativa de Carlos Barbosa. Ao mesmo tempo, as cooperativas também têm o interesse numa maior participação do processo industrial e comercial da atividade.
"É essa discussão que estamos fazendo com a Santa Clara, no sentido de que não queremos ser apenas fornecedores, queremos participar de um projeto maior. Veja bem, se essas cooperativas pensarem em construir um processo industrial no futuro, nós estamos falando em milhões. Hoje uma planta moderna parte de um investimento de cerca de R$ 500 milhões. E a Santa Clara já tem essa indústria. Então por que nós vamos despender esse recurso num processo se ele já existe? De outra parte, a Santa Clara também tem que investir para aumentar a captação, então é um casamento perfeito", considera. Darci Hartmann recorda que pensar no processo industrial, e não só na venda de commodities, é um debate incentivado pelo Sistema Ocergs. Nesse sentido, a intercooperação pode ser uma solução estratégica.
"Existem indústrias que poderão ser feitas por uma cooperativa, por seu tamanho, sua escala, por sua necessidade, mas existem tipos de indústrias que precisam de várias cooperativas, ou cooperativas regionais, ou centrais maiores para fazer esse processo. Eu entendo que a saída no futuro, além do crescimento do share de mercado, é buscar projetos de industrialização, até para mitigarmos o impacto do clima dentro do faturamento das cooperativas", observa.
Mário Farina, entretanto, ressalta que a discussão com a Santa Clara ainda é incipiente, apesar dos avanços. O mais importante, de acordo com o presidente da Agricoop, é o fortalecimento do setor cooperativista.
"As cooperativas precisam, mesmo que tardiamente, buscar essa sinergia, não competir, mas se fortalecer entre si, para enfrentar esses gigantes do mercado. Se puder resumir, o nosso foco é ser eficiente nas atividades em que nós atuamos e trabalhar essa questão da intercooperação, nos fortalecer entre as cooperativas, para conseguir ter um resultado melhor para o associado, no final de tudo", finaliza.
*Gabriel Eduardo Bortulini é graduado em Jornalismo pela UFSM e tem mestrado e doutorado em Escrita Criativa pela PUCRS. É um dos fundadores da Oxibá Casa da Escrita, onde trabalha com leitura crítica e lapidação de textos. Tem textos publicados em jornais, livros e revistas. "Refúgio para bisões", seu romance de estreia, conquistou o terceiro lugar no prêmio Biblioteca Digital do Paraná e foi publicado pela Matria Editora, em 2024.