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Publicada em 16 de Março de 2025 às 16:00

Florestas geram economia de múltiplos usos

Produção de resina no Estado pela silvicultura soma 51.270 toneladas, o segundo maior produtor do Brasil; São Paulo lidera com 84 mil toneladas

Produção de resina no Estado pela silvicultura soma 51.270 toneladas, o segundo maior produtor do Brasil; São Paulo lidera com 84 mil toneladas

/Ageflor/divulgação/jc
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Carmen Carlet
Quando se abre um frasco de perfume, pinta-se uma parede, masca-se um chiclete, abastecemos o carro ou mesmo relaxamos ao som de um violino, é difícil imaginar que todo o processo pode ter iniciado com as mãos calejadas de algum agricultor de um município do Litoral Médio gaúcho. Mas, sim, é bem provável que a goma-resina usada como componente na fabricação desses produtos tenha sido extraída de uma floresta de pinus elliotti que existe nas terras de Valério Rodrigues, um dos pequenos agricultores que trabalham com o cultivo no município de Tavares.
Quando se abre um frasco de perfume, pinta-se uma parede, masca-se um chiclete, abastecemos o carro ou mesmo relaxamos ao som de um violino, é difícil imaginar que todo o processo pode ter iniciado com as mãos calejadas de algum agricultor de um município do Litoral Médio gaúcho. Mas, sim, é bem provável que a goma-resina usada como componente na fabricação desses produtos tenha sido extraída de uma floresta de pinus elliotti que existe nas terras de Valério Rodrigues, um dos pequenos agricultores que trabalham com o cultivo no município de Tavares.
De acordo com a Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), o Rio Grande do Sul possui uma área significativa de plantios de pinus, principalmente nas regiões da Serra, Centro-Sul e Litoral. Daniel Chies, presidente da entidade, informa que segundo levantamento realizado em 2023, são 286.922 hectares de florestas plantadas que dão origem a uma série de produtos madeireiros e não madeireiros, como é o caso da resina. De acordo com o levantamento anual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) junto aos municípios - dados de 2023 de Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS/IBGE) - a quantidade produzida de resina na silvicultura do RS foi de 51.270 toneladas o que confere a posição de segundo maior produtor, atrás de São Paulo, com uma produção de 84 mil toneladas. Minas Gerais vem em terceiro com quatro mil toneladas. O Brasil produz 142.171 toneladas. Mostarda, Palmares do Sul e Santa Vitória do Palmar são os municípios gaúchos com maior produção.
Embora não haja um valor exato disponível sobre a contribuição específica do pinus ao Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho, a silvicultura e as atividades relacionadas representam uma parcela significativa da economia estadual, estima o dirigente. "O setor florestal, como um todo, gera aproximadamente 65 mil empregos diretos no Estado, evidenciando sua relevância econômica e social", destaca Chies.
Conforme dados de levantamento do IBGE e informações da Secretaria da Fazenda (Sefaz), o valor ligado à resina no Rio Grande do Sul é acima de R$ 250 milhões, considerando o que circula no Estado e o que é exportado como goma bruta. Aliás, boa parte desta produção é destinada ao mercado internacional, pois a proximidade com o Porto do Rio Grande facilita a exportação da goma-resina gaúcha. De acordo com levantamento do departamento de estatística do Porto de Rio Grande, foram exportadas 564 toneladas brutas de resina em 2024. Empresas que possuem operações no Estado vendem grande parte de sua produção para outros países, aproveitando a logística favorável proporcionada pela pequena distância com o modal marítimo. Conforme dados do Comércio Exterior (Comex), de um total de 22,6 mil toneladas de resina exportadas - o equivalente a US$ 21.309.051 FOB -, 19,9 mil toneladas são de breu e 3,4 mil toneladas correspondem à terebintina. A versatilidade da goma-resina é imensa. Depois de processada pela indústria, resulta em breu e a terebintina. O primeiro é empregado na indústria de adesivos, tintas, vernizes, goma de mascar, ceras depilatórias, sabão, entre outros. Já a terebentina é usada na fabricação de solventes, desinfetantes, perfumes, cânfora e produtos fármacos.
O engenheiro florestal e professor Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Frederico Westphalen Rafaelo Balbinot, explica que o Brasil é o segundo maior produtor mundial de resina de Pinus sp., e no País esse produto se encontra na ponta da tabela como produto florestal brasileiro mais importante para o setor da silvicultura (IBGE, 2019). "A produção de resina tem apresentado vasto crescimento nos últimos anos, com as tecnologias de aplicações de métodos diferenciados de extração e coleta, bem como, com o uso de pastas estimulantes", avalia o professor. Balbinot alerta que a resina tem contribuído nos últimos 30 anos para o impulso do crescimento econômico das regiões rurais, com a utilização das florestas de pinus para essa atividade nos diferentes estados do Brasil.
Um estudo desenvolvido por Elisabet Pulido e publicado no Repositório Digital da UFSM, em 2020, demonstra que 62% dos resineiros autônomos dos municípios de São José do Norte e Tavares são pequenos produtores, enquanto os 38% restante são considerados médios produtores. De acordo com a pesquisa, a extração de resina do pinus é hoje considerada pelos resineiros dos dois municípios como uma de suas principais fontes econômicas. Esta atividade consegue se integrar com as atividades tradicionais que são desenvolvidas desde anos atrás, permitindo que não sejam dependentes só de uma fonte de renda. Os resineiros dos dois municípios manejam algo ao redor de 2,8 milhões de árvores, das quais obtêm uma produção entre 2,7 a 3,1 kg por árvore, totalizando, na época, 8.077 toneladas de resina. Isto corresponde a aproximadamente 17% da produção oficial do Estado gerando 377 empregos diretos. "Além disso, identificou-se que todo este contexto acontece sob florestas que surgiram (95%) a partir da regeneração natural da espécie, ou seja, não foram plantadas e a grande maioria (91%) não tem licenciamento ambiental", concluiu o estudo. Atualmente a extração de resina de pinus elliotti tornou-se uma das bases para o desenvolvimento econômico, social e produtivo na região, mas que, por falta de planejamento, pode sofrer uma redução abrupta na produção, pois não há renovação destas florestas. As aplicações dos produtos gerados a partir da resina de pinus têm apresentado um crescimento linear no mercado brasileiro e mundial, onde cada vez mais se observa sua presença nos mais variados setores.
 

Empresas mesclam florestas próprias e parcerias com agricultores locais

Rodrigues vê rentabilidade crescer

Rodrigues vê rentabilidade crescer

/Arquivo Pessoal/DIVULGAÇÃO/jc
Resinas Jardim, nascida em 2008, no município de Capivari do Sul, uma das representantes do setor no RS, produz e comercializa resina, breu e terebintina. Ao longo de sua trajetória, a empresa consolidou sua presença no mercado ao focar no fornecimento de matéria-prima florestal sustentável. Essa abordagem não apenas reforça a vocação florestal da região, mas também contribui para o desenvolvimento rural local. De acordo com o empresário Israel Jardim, a Resina Jardim (RJ) atua em florestas plantadas e de regeneração natural, provenientes de sementes das florestas plantadas.
"Temos 900 hectares de pinus elliotti entre áreas próprias e arrendadas, manejadas por nossa empresa", conta o dirigente ao acrescentar que as árvores começam a ser resinadas a partir dos 12 anos ou quando atingem o que o setor chama de diâmetro à altura do peito (dap) de 18 cm. "Resina-se cada árvore por até 15 anos, utilizando em média três faces antes da colheita e renovação do ciclo", explica. Para a Resinas Jardim, os municípios de São José do Norte, Tavares, Mostardas, Capivari do Sul, Tramandaí e Canguçu são os mais relevantes para as operações e logística, destacados pela proximidade e importância estratégica na cadeia produtiva.
A empresa produz 1 mil toneladas/ano de goma-resina em suas florestas e processa 8.600 toneladas na unidade fabril de Capivari do Sul. A diferença vem da parceria com produtores locais. De acordo com Jardim, o mercado da empresa é distribuído em 20% para o consumo interno e 80% destinado a países como Portugal, Espanha, Turquia, Índia, Japão, EUA, Grécia, China, França, Holanda e Alemanha.
No que tange à produção própria, a Resinas Jardim vem desenvolvendo tecnologia que visa facilitar a extração da goma na floresta. "Desenvolvemos o sistema RJV200, um equipamento inovador para o manuseio de tambores de resina já em operação na unidade Capivari do Sul", conta o empreendedor ao destacar que esse sistema automatizado proporciona segurança, eficiência operacional e redução de custos, diminuindo a necessidade de seis colaboradores por turno. O investimento foi de R$ 70 mil.
Mas, nem tudo são flores. Um dos pontos críticos para o setor, segundo Jardim, é a ausência de incentivos governamentais e de um plano de Estado, a longo prazo, para a industrialização do país. "Essa lacuna estratégica força o setor como um todo a priorizar a exportação de commodities em vez de avançar para etapas de maior valor agregado na cadeia produtiva", avalia o empresário salientando que sem políticas públicas consistentes, o Brasil perde oportunidades de se consolidar como um player global em produtos industrializados ou mesmo de gerar mais empregos e riqueza internamente.
Com quase três décadas de mercado, a Âmbar Florestal, localizada em São José do Norte, fortaleceu-se como uma das principais empresas resineiras de pinus elliotti do Rio Grande do Sul. De acordo com Paulo César Azevedo, diretor, os aspectos climáticos e da região favorecem a proliferação das florestas de pinus que começaram a ser plantadas a partir de 1960. Ele explica que a extração da goma faz parte de um importante aproveitamento econômico durante a fase de crescimento e amadurecimento das árvores das florestas que têm como objetivo final a madeira. "No entanto, de um tempo para cá, em algumas regiões, principalmente nos empreendimentos menores as famílias têm focado na resina". Segundo ele, essa extração já é uma alternativa econômica interessante para os pequenos produtores, pois acaba acontecendo por um longo período. O ciclo do Pinus - até estar pronto para ser cortado e usado como madeira - leva de 20 a 25 anos e a produção de resina inicia por volta dos 10 ou 12 anos.
Com relação à Âmbar, Azevedo informa que a empresa produz 13 mil toneladas de resinas ao ano destinando 100% para o mercado externo. O empresário conta que por questões de proximidade com o porto de Rio Grande a logística de exportação é facilitada. As vendas são destinadas, principalmente para a Europa com ênfase para Portugal, que já teve uma tradição de produção de resina muito forte no passado. "Hoje eles não produzem quase nada, embora tenham indústrias de processamento que distribuem para o resto da Europa".
No que tange às parcerias com pequenos e médios produtores da região, Azevedo esclarece que a empresa tem estreitado cada vez mais essa relação, através de fomento, incentivos e fornecimento de tecnologia. E essa associação é tão frutífera que a empresa compra algo em torno de 10 mil toneladas dos agricultores familiares, que mobilizam, aproximadamente, mil pessoas durante o processo. Atualmente São José do Norte produz entre 30% e 40% da resina comercializada com a marca Âmbar. Mesmo assim, o empresário esclarece que existe um acerto de não obrigatoriedade de venda para a empresa. A Âmbar faz parte do Grupo Flopal, um dos pioneiros da produção florestal no litoral e, hoje, responde por um terço da produção de resinas gaúcha.
Valério Rodrigues é um dos agricultores que encontraram na extração da goma-resina uma fonte de renda para a complementação familiar. Em 2011 ele adquiriu uma área no município de Tavares onde já havia uma floresta de pinus. Associado a isto, a espécie já vinha se proliferando na propriedade de seus pais. "Resolvemos deixar a floresta na área onde a terra não era propícia para criar gado", explica Rodrigues ao destacar que, na época, o pinus não tinha o mesmo valor de hoje com a resinagem, pois as árvores eram exploradas para a madeira. Trabalhando uma área de 43 hectares próprios mais 130 que pertencem aos pais, o agricultor destina cerca de 20% para as florestas de pinus e o restante para a pecuária com 120 cabeças do rebanho de Angus. "Precisamos salientar que neste total, tem uma parte de preservação ambiental", afirma Rodrigues ao observar que sua propriedade é próxima à Lagoa do Peixe.
Com mão de obra familiar, os Rodrigues extraem e vendem a produção para as empresas instaladas na região. "Recebemos auxilio tecnológico das empresas, mas a Emater é quem nos dá suporte, até porque somos uma pequena propriedade", diz o agricultor. A importância da goma resina é destacada para os pequenos agricultores ao comparar-se sua participação dentro da renda familiar. Rodrigues explica que está quase ultrapassando a pecuária.
Juares Costa originalmente produtor de cebola - uma das culturas mais tradicionais no Litoral Médio - em São José do Norte, tem uma propriedade 120 hectares, dos quais 25% são de mata nativa de pinus. Vizinho de uma das empresas baseadas na região, a espécie foi se desenvolvendo em suas terras e, hoje, ocupa posição significativa na renda familiar até porque parte é arrendada para outros agricultores. "Nosso solo é maravilhoso para o pinus", comenta Costa ao destacar que a proliferação leva a sempre ter florestas para a extração. "Começamos em 2004 e no início não explorávamos as árvores, mas quando começou a ter valor econômico, detectamos uma fonte de renda", conta ao informar que hoje possui uma floresta com 50 mil árvores que fornecem 2,5 quilos de resina/árvore/ano, o que garante a sobrevivência da família, respondendo por 40% da renda, juntamente com a criação de gado que contribui com outros 40%.
 

Resina move a economia do município de Tavares

Sarah Fiorelli chama a atenção para questão ambiental e ecossistemas

Sarah Fiorelli chama a atenção para questão ambiental e ecossistemas

/Arquivo pessoal/divulgação/jc
Localizado a aproximadamente 230 km de Porto Alegre e com uma população estimada de 5.212 pessoas, o município de Tavares, conhecido por suas belezas naturais, tem a produção da goma-resina como a principal atividade econômica, respondendo pela arrecadação de, aproximadamente, R$ 44 milhões em ICMS no ano passado, seguida da lavoura de arroz, com R$ 39 milhões. A importância da resinagem para a economia local é destacada por eventos como o "Resina em Foco", que reúne produtores, empresários e autoridades para discutir o desenvolvimento sustentável da atividade. Neste ano, o calendário municipal prevê o evento para acontecer em outubro. O prefeito Gilmar Ferreira Lemos é só aplausos à contribuição do setor. "A goma resina é muito importante para a economia do município de Tavares, pois aquece o comércio local e é uma das principais fontes de renda do município com 38,11% da arrecadação", enfatiza Lemos.
No entanto, a expansão do cultivo de pinus exige atenção ambiental, pois a espécie pode se dispersar facilmente, afetando ecossistemas locais. Portanto, práticas de manejo responsável são essenciais para equilibrar os benefícios econômicos com a preservação ambiental. Segundo a engenheira agrônoma Sarah Fiorelli, extensionistas da Emater-RS, a relação de Tavares com as florestas de pinus elliotti começou na década de 1970 quando se iniciou o plantio das árvores para conter o avanço das dunas. "A partir daí, se espalhou e, hoje, 90% da área é de regeneração natural, quando a dispersão das sementes se dá pela própria árvore", explica. Essa formatação, no entanto, implica em desajuste no tripé da sustentabilidade - social, ambiental e financeiro. De acordo com Sarah, econômica e socialmente está tudo tranquilo, pois a atividade gera renda para as famílias, empresas e município, mas, ecologicamente está falhando. "Embora a dispersão seja uma coisa boa, também é controversa, pois acaba invadindo áreas de preservação", alerta a engenheira.
A importância da resina na economia local deu um salto em 2020, na época da pandemia, embora sua proeminência tenha iniciado em 2017, quando ocupava a segunda posição no ranking, perdendo para a cultura do arroz. Essa mudança aconteceu por conta do aumento do preço do quilo do produto que passou por algo em torno de dois, três reais para oito reais, por conta da alta do dólar. Hoje, de acordo com a Prefeitura de Tavares, o quilo está sendo comercializado por valores na ordem de R$ 4,40 a R$ 4,60.
 

Expansão em área de preservação gera debates

Incentivo à exploração no passado hoje gera impasse ambiental

Incentivo à exploração no passado hoje gera impasse ambiental

/Chrystian Silveira/divulgação/jc
 A questão ambiental das florestas de pinus elliotti merece atenção especial. De acordo com Riti Soares, chefe do Parque Nacional da Lagoa do Peixe (PNLP), esta é uma espécie exótica que nasce em qualquer solo, inclusive nos arenosos. Além disso, por serem leves, as sementes apresentam fácil dispersão, o que a configura como altamente invasora - espécies exóticas invasoras são aquelas plantas e animais que estão fora da sua área de distribuição natural e ameaçam habitats, serviços ecossistêmicos e a diversidade biológica causando impactos nos ambientes naturais.
Com uma área de 36.722 hectares, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe - que abrange os municípios de Tavares, Mostardas e São José do Norte - foi criado em uma região onde os incentivos para implementação de cultivos de pinus foram intensos no passado. "Isso fez com que esta espécie exótica invasora se tornasse um problema para a conservação da biodiversidade na região", explica Ricardo Jerozolimski, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Segundo ele, esta é uma espécie de difícil controle devido às grandes distâncias percorridas pelas sementes deslocadas pelo vento, além da alta capacidade dos indivíduos se desenvolverem em locais diversos, como campos de dunas, pastagens nativas e áreas florestais.
"Neste sentido o Parque Nacional da Lagoa do Peixe possui um Plano de Erradicação do Pinus, onde são previstas diversas ações para esta finalidade, como corte e queima prescrita nas áreas prioritárias para a o controle", destaca Soares revelando que a queima prescrita é realizada após o corte raso das áreas invadidas pelo pinus, evitando que sementes que estejam no solo possam germinar. Além disso, segundo o chefe, existe uma Ação Civil Pública - ajuizada pela Justiça Federal - que acompanha a implementação do Plano e cobra que as propriedades rurais localizadas no entorno do Parque Nacional implementem o controle dos indivíduos de pinus em uma área de 300 metros ao redor da Unidade de Conservação (UC). Conforme os ambientalistas, esta ação serve para criar um cinturão sem pinus ao redor do Parque, evitando, assim, a dispersão de sementes para o interior do mesmo.
Outrossim, a erradicação da espécie também é realizada por meio da contratação de empresas especializadas, utilizando recursos provenientes de compensação ambiental. De acordo com o PNLP, até o momento, aproximadamente, 700 hectares de pinus já foram erradicados dentro dos limites da UC, contribuindo para a restauração dos ecossistemas naturais e a mitigação dos impactos da espécie. Aliás, moradores locais questionam a área de floresta de pinus (estimada em 200 hectares) existente dentro do parque, entre a trilha do Panamá e a barra da Lagoa do Peixe. Alguns perguntam porque tanto barulho em cima da questão ambiental se o próprio lugar mantém a floresta. Soares explica que está sendo discutida a retirada, "mas ali é um local sensível que precisa de uma análise técnica, já que temos a Lagoa do Peixe bem próxima e as dunas estão nas bordas da floresta", explica o ambientalista.
Analisando a conciliação do benefício social ao pequeno agricultor com o prejuízo ao meio ambiente, Soares destaca ser um desafio que necessita de estratégias para evitar que os cultivos de pinus, seja para produção de resina ou para produção de madeira, sirvam como locais de dispersão de sementes para outras áreas. "Para isso, os povoamentos de pinus necessitam ser conduzidos com monitoramento das áreas vizinhas para evitar que plantas se desenvolvam em locais que não são adequados, como em Áreas de Preservação Permanente (nascentes, margens de cursos d'água, locais íngremes, entre outras) ou em UCs, que são lugares especialmente protegidos com o objetivo principal de conservar a natureza.
"A atividade é a única de produção agrícola que conta com um zoneamento específico para a cultura", diz o presidente da Ageflor, Daniel Chies. Além disso, os empreendimentos licenciados para atividades silviculturais conservam ainda uma significativa área de preservação permanente e reserva legal. Muitas empresas seguem práticas certificadas de manejo florestal sustentável.
*Carmen Carlet é jornalista formada pela Famecos, Pucrs. Atuou como colunista, repórter e correspondente de veículos especializados em propaganda e marketing. Atualmente, trabalha com assessoria de comunicação, produção de conteúdo e conexões criativas.
 

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