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Publicada em 28 de Fevereiro de 2025 às 17:31

Pequena Casa da Criança acolhe população da Vila Maria da Conceição

O projeto da ONG com o maior contingente de participantes é a Escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental, que atende 412 crianças

O projeto da ONG com o maior contingente de participantes é a Escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental, que atende 412 crianças

THAYNÁ WEISSBACH/JC
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Miguel Campana
Miguel Campana Repórter
Com quase sete décadas de história, a Pequena Casa da Criança procura transformar a vida da comunidade da Vila Maria da Conceição, no bairro Partenon, na Zona Leste de Porto Alegre. O foco da organização é promover impacto socioeconômico na região, muito marcada pela vulnerabilidade social de seus moradores. Para isso, a ONG oferece programas gratuitos orientados pelos pilares de educação, assistência social e profissionalização.
Com quase sete décadas de história, a Pequena Casa da Criança procura transformar a vida da comunidade da Vila Maria da Conceição, no bairro Partenon, na Zona Leste de Porto Alegre. O foco da organização é promover impacto socioeconômico na região, muito marcada pela vulnerabilidade social de seus moradores. Para isso, a ONG oferece programas gratuitos orientados pelos pilares de educação, assistência social e profissionalização.
Apesar do nome, a Pequena Casa da Criança não atende mais exclusivamente o público infantil. "Ao longo do tempo, nós observamos a necessidade de expandir os serviços oferecidos para mais pessoas. Atualmente, a organização está aberta para a população em situação de vulnerabilidade social acima dos três anos de idade", explica a gerente geral da ONG, Angela Bozzetto.
O projeto da Pequena Casa com o maior contingente de participantes é a Escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental, que atende 412 crianças e é conveniada com a Prefeitura de Porto Alegre. Além da parceria com o governo municipal, a ONG conta com a colaboração de agentes privados e com a doação de itens diversos e de comida.
O vínculo do corpo de professores com a Escola é contratual, já que a legislação do voluntariado não permite a cobrança de frequência. "Para podermos oferecer uma escola de qualidade para os alunos, nós precisamos que os profissionais tenham disponibilidade de oito horas diárias, nos cinco dias da semana", explica Angela.
Alguns programas da Pequena Casa são realizados no contraturno escolar. Para o público de 6 a 14 anos, a ONG oferece o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, que conta com seis turmas no momento. Por meio deste projeto, os participantes realizam atividades lúdico-pedagógicas de música, artes cênicas, dança e informática, além de atividades esportivas.
No programa Trabalho Educativo, que funciona com uma turma de adolescentes de 15 a 17 anos, as tarefas possuem temáticas voltadas para a cidadania e para o mercado de trabalho. Ambos projetos são vinculados à Secretaria Municipal de Assistência Social, antes conhecida como Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC).
"Mãos de Maria" é o nome do programa de artesanato de um grupo de idosas da comunidade. Em uma sala do prédio principal da ONG, elas reutilizam tecidos para reformar roupas e também para confeccionar novos produtos. "Com este programa, as idosas podem ter um envelhecimento saudável, através de conversas, trocas e interações. Além disso, o projeto também serve como uma forma de geração de renda, porque elas conseguem vender o que produzem", explica Angela.
O projeto Jovem Aprendiz, dedicado para jovens de 14 a 24 anos, oportuniza a inserção qualificada ao mundo do trabalho e à geração de renda. Os participantes desenvolvem competências técnicas e comportamentais através deste programa, construído em parceria com as empresas contratantes. O objetivo é aumentar as possibilidades de empregabilidade futura dos jovens.
Por meio do Serviço Social, a Pequena Casa realiza atendimentos às famílias da comunidade, possibilitando o acesso a direitos básicos. Este programa contribui para o processo de construção da cidadania de cada um dos moradores da Vila Maria da Conceição. "Para conseguirmos impactar a vida das pessoas, nós precisamos trabalhar em rede. Por isso, atuamos em conjunto com o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e com outros parceiros", comenta o Analista de Voluntariado e Parcerias da ONG, Murilo Priebe.
As necessidades relacionadas à saúde da comunidade são atendidas no posto de saúde Pequena Casa da Criança, localizado no mesmo prédio da organização. Administrado pela prefeitura municipal, o espaço foi cedido pela ONG.
Por estar localizada em uma região alta de Porto Alegre, a Pequena Casa da Criança não ficou debaixo d'água em maio do ano passado, durante a enchente. No entanto, a demanda por doações aumentou drasticamente no período. "Muitos moradores da comunidade precisaram receber familiares em suas casas por alguns meses. Para conseguir apoiar essas pessoas, foi preciso ampliar a nossa atuação", explica Angela.
Pensando no futuro, a Pequena Casa planeja construir um prédio novo no mesmo terreno onde está localizado o ginásio. A nova estrutura irá aliviar a ocupação do prédio atual, que já atende mais de 970 pessoas diariamente.
 

Como homenagem à fundadora da ONG, foi inaugurada a Rua Irmã Nely

A figura mais conhecida na Pequena Casa é a Irmã Nely, uma senhora religiosa que fazia parte da congregação Missionária de Jesus Crucificado, cuja missão era ajudar os mais necessitados. No início da década de 1950, Nely começou a atuar em uma comunidade chamada Doca das Frutas (que não existe mais). Certo tempo depois, despejados, os moradores da região precisaram se mudar para outra parte de Porto Alegre. As famílias se estabeleceram em uma área até então inabitada da cidade, onde atualmente se localiza a Vila Maria da Conceição.
A Irmã Nely acompanhou a mudança das famílias e transferiu o seu trabalho de assistência social para a nova localidade. Foi lá que ela deu início à construção do espaço que serve como sede da ONG até os dias atuais. Em 2003, um ano após o falecimento da religiosa, foi inaugurada a Rua Irmã Nely.
Para Angela, as histórias da ONG e da comunidade estão entrelaçadas. "A criação da Pequena Casa ocorre mais ou menos na mesma época que a origem da comunidade. Então, a organização e a comunidade crescem e se organizam na mesma medida", conta.
 

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