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Publicada em 01 de Fevereiro de 2025 às 16:00

Fundação Tênis promove transformação social

As aulas de tênis são realizadas em espaços públicos, como escolas e parques, com a presença de monitores

As aulas de tênis são realizadas em espaços públicos, como escolas e parques, com a presença de monitores

/João Alves/Fundação Tênis/DIVULGAÇÃO/JC
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Miguel Campana
Miguel Campana Repórter
No ano de 2000, inspirado pelo sucesso do tênis brasileiro, um grupo de empresários porto-alegrenses começou a dar aulas do esporte para crianças e jovens em vulnerabilidade social. Desde o início, o objetivo do projeto era utilizar o tênis como uma ferramenta para o desenvolvimento de certos valores nos participantes; não havia intenção de prepará-los para competir.
No ano de 2000, inspirado pelo sucesso do tênis brasileiro, um grupo de empresários porto-alegrenses começou a dar aulas do esporte para crianças e jovens em vulnerabilidade social. Desde o início, o objetivo do projeto era utilizar o tênis como uma ferramenta para o desenvolvimento de certos valores nos participantes; não havia intenção de prepará-los para competir.
Uma vez oficializado como Fundação Tênis, o projeto passou a receber novos integrantes, como foi o caso do atual superintendente da organização, Luís Carlos Enck, o Biba. "A aula de tênis não era a coisa mais importante que estava acontecendo. Nós percebemos que algumas das crianças participantes tinham uma enorme carência, e resolvemos trabalhar com elas neste aspecto", explica.
O CNPJ da Fundação Tênis foi emitido em Sapiranga, já que o processo de registro na cidade era mais rápido do que em Porto Alegre. Na Capital, o projeto precisava estar ativo há pelo menos dois anos para ter acesso ao Funcriança, um fundo cujo objetivo é financiar programas e projetos de promoção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes. Após a captação de recursos, a Fundação abriu quatro turmas em Sapiranga.
"Não precisamos esperar para fazer uma abertura mais lenta. Pelo nosso período de experiência com as aulas em Porto Alegre, nós já sabíamos que era possível administrar quatro turmas de alunos", explica Biba. De acordo com o superintendente da Fundação Tênis, cada aula é ministrada por dois monitores, sendo que estes devem ser estudantes ou já profissionais de Educação Física.
Conforme o projeto foi amadurecendo, os organizadores observaram que era necessário aumentar o quadro de colaboradores. A possibilidade de expansão da Fundação Tênis pelo Rio Grande do Sul levou à criação de núcleos, que passaram a ser acompanhados por coordenadores. Hoje, o projeto também está presente em Guaíba, Charqueadas, Sapucaia e Pelotas. Há ainda planos de criação de um núcleo na cidade de Rio Grande.
Quando um dos coordenadores precisou se mudar para São Paulo por motivos pessoais, a Fundação Tênis teve a possibilidade de se expandir para além dos limites estaduais. Desde então, o projeto abriu núcleos em Minas Gerais e em Santa Catarina.
Com o auxílio de uma consultoria, a Fundação buscou melhorar o processo de gestão dos núcleos de atividades. "Os grupos novos no projeto foram incorporados de uma forma estruturada, justamente por causa desse programa de gestão. Isso facilitou muito o nosso crescimento e nos deu segurança daquilo que estávamos fazendo", explica Biba.
As aulas de tênis ocorrem, em sua grande maioria, em espaços públicos, como escolas e parques. Um dos núcleos de Porto Alegre, no entanto, possui a liberação da Fundação Pão dos Pobres para realizar as atividades esportivas no seu espaço. Para participar das aulas, é necessário que as crianças estejam na faixa etária de 8 a 12 anos, tenham vínculo com alguma escola pública e se encontrem em situação de vulnerabilidade social.
Durante as aulas, os alunos devem praticar os valores passados pelos monitores. "É muito bacana observar como as crianças se identificam e se apropriam dos valores trabalhados. É bem provável que as atividades desenvolvidas estejam impactando em diversas áreas da vida desses jovens, como os relacionamentos pessoais, a concentração, o foco e a estabilidade emocional. Existe um ganho muito grande para as crianças na parte cognitiva", conta Biba.
Uma vez por ano, a Fundação Tênis realiza o evento Rolando Garra, cujo nome é um trocadilho do torneio de tênis Roland Garros. Durante este evento, são desenvolvidas atividades de tênis em diferentes níveis e categorias. Na primeira atividade, duas crianças se enfrentam em um jogo com goleiras. A dinâmica é parecida com a de uma partida de futebol, mas os jogadores utilizam raquetes para acertar a bola. A última categoria de atividades é um jogo em quadra normal para os participantes.
 

Projeto passou a oferecer cursos de capacitação profissional

Em determinado momento, a Fundação Tênis foi procurada por uma entidade patronal de empresas de tecnologia para saber sobre a possibilidade de desenvolver um projeto de jovens programadores. Assim, foi realizado um teste para verificar o nível cognitivo dos alunos da Fundação. Dos 40 jovens participantes, 38 obtiveram resultado positivo.
Com duração de 10 meses, a primeira edição do curso contava com 20 alunos. Após algum tempo, o público que atendia às aulas caiu pela metade.
A Fundação descobriu que a debandada de alunos não foi motivada por falta de interesse, mas pela demanda por dinheiro vinda de casa.
"Os pais dos jovens pediram para que eles parassem de fazer o curso, porque precisavam gerar recursos para a família. A demanda por alimentação era a coisa mais importante naquele momento", explica Biba.
Diante da situação, a Fundação Tênis decidiu adotar o programa Jovem Aprendiz, através do qual seria possível contratar os jovens que possuíam interesse nos cursos oferecidos e que precisavam receber algum tipo de salário para ajudar suas famílias. De acordo com Biba, a Fundação cadastrou os cursos de Ciência de Dados e Desenvolvimento de Software Ágil no Ministério do Trabalho e Emprego, do governo federal. As atividades ocorrem em um espaço no Instituto Caldeira, em Porto Alegre. Estes dois cursos não possuem ligação com o antigo projeto de jovens programadores.
Hoje em dia, a Fundação serve como ponte para dezenas de jovens ingressarem no mercado de trabalho. "Nós estamos atuando tanto no esporte educacional quanto na educação e capacitação profissional", conta Biba.

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