No ano que marca o Dia da Consciência Negra, feriado nacional pela primeira vez, o Coletivo Corre Preto emplaca como uma forte ferramenta de combate ao racismo através da atividade física. Desde 2023, o projeto organiza grupos de corridas e caminhadas mensais exclusivos à população negra da capital gaúcha.
O Coletivo iniciou em 2023 com o bombeiro militar Vitor Hugo, que propôs uma corrida entre amigos com o intuito de promover hábitos saudáveis entre pessoas pretas e pardas. “A população negra é a que mais sofre com diabetes e obesidade. Então comecei a pensar em fazer alguma coisa. E aí foi que deu o start de fazer a página”, afirma o idealizador. A primeira saída do Coletivo aconteceu no final de 2023 e foi “extraoficial”, contou com a participação de seis pessoas e, em seguida, Vitor foi para uma temporada de trabalho como guarda-vidas no litoral. Mas a ideia do Corre Preto continuou sendo semeada.
Em 2024, o Corre Preto ganhou força com a colaboração de profissionais voluntários, que, com seus conhecimentos, auxiliaram no impulsionamento da página e das ações do projeto. Um destaque é o educador físico Rodrigo Peres, hoje um dos coordenadores do Corre. “Eu me preocupo com a saúde da galera, se vai estar muito quente e tento organizar a parte de logística das corridas e dos treinos. Como, onde vai ser e quantas pessoas cabem em determinado lugar”, explica o educador.
A primeira corrida de 2024 foi em agosto e contou com a participação de 238 pessoas. Depois, esse número escalou, já na segunda edição foram mais de 450 inscritos e a terceira é recordista, aconteceu em outubro desse ano e teve mais de 1,2 mil pessoas. Peres alega que, além de incentivar a prática esportiva, o Projeto é uma forma de aquilombar o esporte e os espaços urbanos, como a Orla do Gasômetro. “Hoje a corrida está muito na moda, tem muitos grupos de corrida em Porto Alegre. E mesmo assim, é uma minoria que pratica, que corre na rua, que pedala, que tem essa preocupação. Tudo tem a ver com o social, a galera que tem menos condições às vezes não tem tempo para se preocupar com isso”, alega.
O conceito de aquilombamento foi criado pela historiadora e professora Beatriz Nascimento. Segundo ela, “cada cabeça é um quilombo” e aquilombar-se é um movimento de busca pelo quilombo como algo identitário para a comunidade negra, como também uma forma de assumir uma posição de resistência na sociedade. Segundo os idealizadores do Coletivo Corre Preto, o conceito faz sentido quando se relaciona com o espaço que a população negra ocupa no esporte e ainda mais pelo Coletivo ser exclusivo para pessoas pretas.
“A questão do aquilombamento é muito trazida pela Monique, uma das organizadoras, ela fala muito sobre fazer com que a galera se sinta pertencente ao local. É para a galera preta se sentir confortável e à vontade com toda aquela galera preta junto, conversando sobre saúde, corrida e comer melhor”, afirma Rodrigo.
Com cada vez mais inscritos, a preocupação atual do Coletivo é com o fornecimento de estrutura para os corredores. Nas últimas edições, eles puderam contar com o apoio de empresas parceiras para oferecer água, frutas e pequenos lanches, que auxiliam na reposição de energia. Interessados em fazer parcerias podem entrar em contato com os organizadores pelo e-mail [email protected].
Outra forma de colaboração com o Corre é o trabalho voluntário de profissionais das áreas de fisioterapia e massoterapia, que orientam os corredores na prevenção de problemas. Um desses voluntários é o fisioterapeuta Thiago Felix, ele é responsável pelo recovery (recuperação após atividades físicas) dos corredores e apoio dos que estão com dificuldades. Segundo ele, “quanto mais pessoas pretas praticarem exercícios, mais seus índices de saúde física e mental vão melhorar. Nós somos seres biopsicossociais e o exercício físico mexe muito com a mente e com o corpo para melhor”.
O Coletivo iniciou em 2023 com o bombeiro militar Vitor Hugo, que propôs uma corrida entre amigos com o intuito de promover hábitos saudáveis entre pessoas pretas e pardas. “A população negra é a que mais sofre com diabetes e obesidade. Então comecei a pensar em fazer alguma coisa. E aí foi que deu o start de fazer a página”, afirma o idealizador. A primeira saída do Coletivo aconteceu no final de 2023 e foi “extraoficial”, contou com a participação de seis pessoas e, em seguida, Vitor foi para uma temporada de trabalho como guarda-vidas no litoral. Mas a ideia do Corre Preto continuou sendo semeada.
Em 2024, o Corre Preto ganhou força com a colaboração de profissionais voluntários, que, com seus conhecimentos, auxiliaram no impulsionamento da página e das ações do projeto. Um destaque é o educador físico Rodrigo Peres, hoje um dos coordenadores do Corre. “Eu me preocupo com a saúde da galera, se vai estar muito quente e tento organizar a parte de logística das corridas e dos treinos. Como, onde vai ser e quantas pessoas cabem em determinado lugar”, explica o educador.
A primeira corrida de 2024 foi em agosto e contou com a participação de 238 pessoas. Depois, esse número escalou, já na segunda edição foram mais de 450 inscritos e a terceira é recordista, aconteceu em outubro desse ano e teve mais de 1,2 mil pessoas. Peres alega que, além de incentivar a prática esportiva, o Projeto é uma forma de aquilombar o esporte e os espaços urbanos, como a Orla do Gasômetro. “Hoje a corrida está muito na moda, tem muitos grupos de corrida em Porto Alegre. E mesmo assim, é uma minoria que pratica, que corre na rua, que pedala, que tem essa preocupação. Tudo tem a ver com o social, a galera que tem menos condições às vezes não tem tempo para se preocupar com isso”, alega.
O conceito de aquilombamento foi criado pela historiadora e professora Beatriz Nascimento. Segundo ela, “cada cabeça é um quilombo” e aquilombar-se é um movimento de busca pelo quilombo como algo identitário para a comunidade negra, como também uma forma de assumir uma posição de resistência na sociedade. Segundo os idealizadores do Coletivo Corre Preto, o conceito faz sentido quando se relaciona com o espaço que a população negra ocupa no esporte e ainda mais pelo Coletivo ser exclusivo para pessoas pretas.
“A questão do aquilombamento é muito trazida pela Monique, uma das organizadoras, ela fala muito sobre fazer com que a galera se sinta pertencente ao local. É para a galera preta se sentir confortável e à vontade com toda aquela galera preta junto, conversando sobre saúde, corrida e comer melhor”, afirma Rodrigo.
Com cada vez mais inscritos, a preocupação atual do Coletivo é com o fornecimento de estrutura para os corredores. Nas últimas edições, eles puderam contar com o apoio de empresas parceiras para oferecer água, frutas e pequenos lanches, que auxiliam na reposição de energia. Interessados em fazer parcerias podem entrar em contato com os organizadores pelo e-mail [email protected].
Outra forma de colaboração com o Corre é o trabalho voluntário de profissionais das áreas de fisioterapia e massoterapia, que orientam os corredores na prevenção de problemas. Um desses voluntários é o fisioterapeuta Thiago Felix, ele é responsável pelo recovery (recuperação após atividades físicas) dos corredores e apoio dos que estão com dificuldades. Segundo ele, “quanto mais pessoas pretas praticarem exercícios, mais seus índices de saúde física e mental vão melhorar. Nós somos seres biopsicossociais e o exercício físico mexe muito com a mente e com o corpo para melhor”.
O Corre Preto acontece uma vez por mês, a quarta edição será dia 20 de novembro, com concentração às 8h em local ainda não divulgado, mas promete ser especial, pois a data marca o Dia Nacional de Zumbi dos Palmares. Interessados em correr na próxima edição, podem se inscrever através do formulário disponibilizado na página de Instagram @coletivocorrepreto. Importante: é preciso se identificar como uma pessoa preta ou parda e não é necessário ser experiente na corrida. O projeto tem uma camiseta própria, no valor de R$ 70,00, que pode ser adquirida através da mesma página.
Dia da Consciência Negra é feriado pela primeira vez em todo o Brasil
Pela primeira vez na história, o Dia da Consciência Negra será celebrado como feriado em todo Brasil. A data é considerada um símbolo para o movimento negro, pois marca a morte de Zumbi dos Palmares, importante líder quilombola que, junto de Dandara dos Palmares, combateu a escravidão durante o século 19. A proposta veio do senador Randolfe Rodrigues (PT) e foi sancionada pelo presidente Lula em dezembro de 2023 pela Lei 14.759/2023.
A origem do Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra é gaúcha. A data foi pensada por um grupo de universitários negros, que em 1971, se reuniu em Porto Alegre para pesquisar e discutir a história do povo negro. Durante esta discussão, o grupo questionou o dia 13 de maio, que marca a assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, e decidiu marcar o dia da morte de Zumbi, 20 de novembro, a celebração da história do povo negro e a reflexão dos não-negros.
Entre os universitários envolvidos na criação da data, estava o poeta Oliveira Silveira, símbolo do movimento negro do Rio Grande do Sul e um dos fundadores do Grupo Palmares. Para a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, o dia é uma conquista dos movimentos sociais e simboliza avanços na conquista de direitos da população negra brasileira — cerca de 55,5%. "É também dia de celebrar a memória negra, que foi fundamental para a construção da história do nosso país e da identidade da nossa população", destaca a ministra.