O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, reforçou a importância da participação da sociedade civil nas discussões da cúpula do G-20, a ser realizada este mês, no Rio de Janeiro. Macedo ressaltou que a decisão do Brasil de criar uma terceira trilha para o grupo, o G-20 Social, é uma forma de ouvir os anseios da sociedade sobre os temas debatidos por chefes de estado, ministros e outras autoridades.
Ele informou que uma das propostas que constarão no relatório final, que será entregue ao presidente Lula, tratará da tributação de super-ricos. De acordo com Macêdo, o imposto global de 2% vai impactar apenas três mil pessoas em todo o mundo, que detêm cerca de US$ 15 trilhões de patrimônio. Pela proposta, a arrecadação seria utilizada para o combate à fome e a pobreza e também para o enfrentamento das mudanças climáticas.
"Os chefes de Estado vão definir políticas públicas que vão atingir todas as populações no mundo e a população não participa desse processo?", questionou Macedo durante. "Então, o G-20 Social diz: venha, para o povo poder contribuir com esse processo", completou.
O G-20 Social foi criado por decisão do Brasil, que ocupa a presidência rotativa do grupo. A Cúpula do G-20 Social será realizada no período de 14 a 16 novembro, na capital fluminense, e antecede a reunião de líderes das maiores economias do mundo, que ocorre dias 18 e 19. A intenção é ampliar a participação de atores não-governamentais nas atividades e nos processos decisórios do grupo.
"O presidente Lula está chamando o povo para participar desse processo. A grande fotografia do G20 será a participação social", destacou o ministro. "Será um ambiente muito rico de pluralidade", acrescentou.
Segundo Macêdo, os debates girarão em torno de três grandes temas: o combate à fome, à pobreza e à desigualdade; desenvolvimento sustentável (incluindo o debate sobre mudanças climáticas e transição energética justa) e a reforma da governança global.
Estão previstas mais de 200 atividades autogestionadas que trazem as diferentes vozes, lutas e reivindicações das populações e agentes não-governamentais. Além disso, haverá um espaço onde 150 barracas integrarão a programação com produtos como alimentação, artesanatos, publicações e serviços.
O ministro ressaltou que as colaborações da sociedade civil irão compor um documento síntese que será entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o levará à reunião do G-20 com os líderes mundiais.
"Ao final terá um documento síntese com a visão do povo e do movimento social organizado que será entregue ao presidente Lula e depois encaminhado aos chefes de estado do G20 sobre os temas que estão sendo propostos no G-20", afirmou Macêdo, informando que a intenção é que essas contribuições sejam incorporadas na Declaração de Líderes da cúpula.
Macedo revelou ainda que o G-20 Social será mantido na próxima cúpula do grupo, que ocorrerá na África do Sul, em 2025. "O nosso desejo, a nossa esperança é que nunca mais o G20 aconteça sem a participação do povo", comemorou.
A Cúpula do G-20 Social foi organizada, ao longo de 2024, em 13 grupos de engajamento, movimentos sociais e populares, que produziram documentos com proposições que serão debatidas durante os três dias do encontro. A Cúpula Social poderá ser visitada e contar com a participação de qualquer pessoa. O credenciamento para a população em geral segue aberto até dia 12, pela página G-20 Brasil 2024. Para se credenciar basta preencher com nome completo, e-mail, CPF ou passaporte e mais alguns dados pessoais.
Programação do G-20 Social
A cúpula será aberta partir das 14h, do dia 14, com a presença do ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência da República; da primeira-dama Janja da Silva; do embaixador Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores; do ministro da Fazenda, Fernando Haddad; da ministra da Cultura, Margareth Menezes; do representante da Sociedade Civil Internacional, Morgan Ody; e do representante da Sociedade Civil Brasileira, Edna Rolland.
No segundo dia do G-20 Social, 15 de novembro, será dedicado a três plenárias para discutir os três eixos propostos pela presidência brasileira ao G-20: Combate à fome e às desigualdades; mudanças climáticas e sustentabilidade; e nova governança global. No dia 16, os participantes do G-20 Social poderão ouvir a leitura do texto final do documento a ser entregue ao presidente Lula, durante a cerimônia de encerramento. Segundo Macedo, a ideia é que o texto seja lido por vários representantes da sociedade civil, e os participantes aclamem o conteúdo produzido ao longo de todo o processo.
Número de milionários salta e cria nova categoria
A explosão do número de multimilionários no mundo levou à criação de uma nova régua para o que de fato é considerado ser ultrarrico no mundo, segundo a revista Fortune. Até pouco tempo, um patrimônio de ao menos US$ 30 milhões (R$ 170 milhões) já garantia o passaporte para essa categoria.
Mas a quantidade de pessoas com esse valor em ativos aumentou quase 28% entre 2016 e 2023, passando de 157 mil para 220 mil, afirma a revista, citando dados Capgemini, empresa que presta serviços de consultoria estratégica.
Com tantas novas fortunas surgindo, consultores ouvidos pela publicação passaram a criar um novo grupo, mais restrito, de milionários UHNWI (ultra-high-net-worth individual, ou "indivíduos de altíssimo patrimônio", em inglês), também conhecidos como ultrarricos. De acordo com comentaristas financeiros, ter agora no mínimo US$ 50 milhões (R$ 234 milhões) é o novo patamar para ser considerado verdadeiramente membro da elite de milionários. Mas há quem eleve ainda mais o sarrafo e considere como valor mínimo um patrimônio de US$ 100 milhões (R$ 568 milhões).
Abaixo desse patrimônio, o milionário perde o U da sigla UHNWI e passa a ser considerado "apenas" um HNWI (high-net-worth individual, ou super-rico). De acordo com a Fortune, os super-ricos priorizam conservar seu patrimônio, enquanto os ultrarricos têm como meta aumentá-lo. A revista afirma ainda que muitos dos novos ultrarricos vêm do setor de tecnologia, acumulando riqueza através do empreendedorismo ou de cargos executivos nesse setor.