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Publicada em 09 de Novembro de 2024 às 16:00

Hotel Petrópolis comemora 60 anos com renovação

Seguindo os passos de sua família, o empresário é da terceira geração de administradores do negócio

Seguindo os passos de sua família, o empresário é da terceira geração de administradores do negócio

Hotel Petrópolis/Divulgação/JC
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Sofia Utz
Sofia Utz
Há 60 anos, o Hotel Petrópolis abriu as suas portas, buscando espaço no mercado hoteleiro da Serra Gaúcha. Em um prédio no centro de Nova Petrópolis, logo ao lado da antiga prefeitura municipal, a empresa se estabeleceu e se consolidou como um dos hotéis mais tradicionais da cidade.
Há 60 anos, o Hotel Petrópolis abriu as suas portas, buscando espaço no mercado hoteleiro da Serra Gaúcha. Em um prédio no centro de Nova Petrópolis, logo ao lado da antiga prefeitura municipal, a empresa se estabeleceu e se consolidou como um dos hotéis mais tradicionais da cidade.
Atualmente, a gestão da organização é realizada por Marcelo Becker, neto dos fundadores do hotel, Íris Marina Becker e Mario Christiano Becker, que foram os responsáveis por abrir e por administrar o empreendimento até 1987, quando o comando foi passado para os dois filhos. Nessa época, os irmãos investiram na aquisição de uma nova sede, ao lado do antigo edifício em que o hotel funcionava. Trinta anos depois, Marcelo assumiu a gerência da empresa e hoje administra a renovação dos espaços do hotel.
Com o objetivo de unir o moderno e o tradicional, a empresa investiu em reformas nas áreas comuns e também em suas acomodações, adicionando ainda mecanismos sustentáveis para geração de energia limpa e para o reaproveitamento da água utilizada no empreendimento.
Empresas & Negócios - De onde partiu a ideia da renovação do hotel?
Marcelo Becker - O hotel funciona em um prédio muito clássico com uma arquitetura contemporânea. Por ser uma construção em estilo colonial, não é possível simplesmente destruir o prédio e refazer do zero. Hoje a gente percebe construções muito rápidas, construções que, em alguns casos, não têm alma, não têm assinaturas. Felizmente em 1987 a proposta do meu pai e do meu tio foi trazer um edifício que tivesse algumas características tradicionais germânicas e coloniais, mas também que fosse moderno. A reforma nas acomodações e nas áreas sociais começa quando nós percebemos que uma renovação estética é necessária. Nesse momento surgem algumas acomodações, como o Chalé Liebe, que é uma casa enxaimel de mais de 100 anos, que já estava na propriedade quando minha avó a comprou. No chalé, propusemos uma acomodação com um novo conceito, mas preservando a arquitetura original, como as madeiras e os tijolos originais à vista. Os apartamentos têm características da década de 1960, então algumas cores que nós utilizamos, por exemplo, são visões antigas que são reutilizadas agora e que trazem o conforto e atualidade ao mesmo tempo.
E&N - O plano é reformar todos os espaços do hotel?
Becker - Sim, em várias partes a renovação já terminou, como nas áreas comuns e em alguns apartamentos. O resto das acomodações entrará no planejamento de reformas no primeiro semestre do ano que vem.
E&N - O planejamento das renovações do hotel também compreende o seu antigo prédio, que fica bem ao lado de onde a empresa funciona atualmente. Depois das reformas, o que será feito com essa construção?
Becker - Até o momento, a parte externa e as fachadas já estão prontas. Agora, estamos atentos à parte de dentro, que, por ser de um prédio antigo, carece de uma reforma maior. No momento, nós temos 3 projetos voltados ao turismo e estamos avaliando a questão mercadológica de cada um, por isso ainda não temos uma posição sobre o que será feito. Pensando no turismo na Serra Gaúcha, a previsão é de que, a partir do ano que vem, o movimento seja bom. As enchentes afetaram bastante a nossa programação, especialmente pela questão da Ponte da Cooperação [que dá acesso à cidade e foi bloqueada por causa das chuvas]. Então, estamos com um pouco de calma para definir qual dos projetos nós vamos implantar.
E&N - Como foram pensadas as propostas sustentáveis implementadas no hotel?
Becker - Diversos consultores trabalharam conosco para a implementação dessas iniciativas, que supriram necessidades que já possuíamos. Nós temos uma lavanderia própria, onde todo o nosso enxoval de roupa de cama é lavado internamente. Em compensação, a existência desse aparato cria uma necessidade de tratar água e a possibilidade de sua reutilização. Então, nós criamos uma estação de tratamento de efluentes, que trata a água utilizada pela lavanderia, de acordo com os parâmetros da Fepam, deixando-a apta para ser utilizada na lavagem de calçadas, para regar os jardins e nos processos iniciais da própria lavanderia, sem precisar utilizar a água da rede pública. Depois, fizemos a transição do hotel para a energia solar, que era uma demanda muito importante, já que esse é um empreendimento que gasta muita energia operacionalmente. Hoje, 100% da nossa energia é produzida por painéis solares.
E&N - Em qual estágio está a renovação dos espaços? Qual a previsão de término das obras?
Becker - Já estamos com 70% das obras concluídas, ainda faltam mais 30% que vamos finalizar no ano que vem. Provavelmente 15% serão feitos no primeiro semestre, e os outros 15% no segundo semestre. Até o fim do ano, acreditamos que já estará tudo pronto e alinhado à nova proposta.
E&N - Em quanto tempo vocês esperam receber um retorno financeiro a partir dos investimentos feitos na renovação?
Becker - Os investimentos de sustentabilidade já foram retornados. A estação de tratamento de efluentes foi um investimento de oito anos atrás que já foi retornado e hoje é um sistema muito equilibrado, sem quase nenhum desperdício. O sistema de energia solar é um investimento de mais longo prazo, mas acredito que, em mais uns 3 anos, haverá o retorno pleno. E os investimentos na renovação variam a cada acomodação. O Chalé Liebe, por exemplo, foi uma aposta arriscada da empresa durante a pandemia, que, junto a uma mudança de comunicação completa, retornou todo o investimento empreendido na renovação de sua estrutura em oito meses de funcionamento. Esse serviu de base para outros empreendimentos, como os Apartamentos Premium e Comfort, que se pagaram em questão de um ano e meio.
E&N - Você percebe um perfil de hóspede?
Becker - Nesses 60 anos, os nossos visitantes sempre foram se alterando. Em seus primeiros anos, o prédio não tinha banheiro privativo, o banheiro era coletivo com uma pia só. As acomodações eram mais simples e a opção de turismo era de veraneio, diferente do modelo de hoje. Naquela época, a Serra inteira era de veraneio, então alguns hotéis antigos, desde São Francisco de Paula, Gramado e Canela, trabalhavam muito mais com o veraneio do que com o inverno, por exemplo. Depois foram existindo condições melhores para atender durante o inverno, que passou a ser forte, mas ainda não tão expressivo como o verão. Com a construção do novo prédio em 1987, foi feita uma adequação ao que se percebia no momento. No passar dos anos, o turismo vai mudando, desde uma época com mais grupos, excursões e eventos, para uma visita mais relacionada ao lazer ou a viagens corporativista, sem contato com a recepção. Hoje percebemos cada vez mais o contato fundamental com o cliente, o que faz parte dos nossos valores. O perfil dos visitantes vem mudando, já que os desejos e as necessidades dos clientes também evoluem.
E&N - Como o caráter familiar impacta no funcionamento e nos valores da organização?
Becker - Acredito que esse fator tenha grande impacto. É uma empresa que já passou por todas as crises possíveis desde a década de 1960. Então, se aprendeu a lidar bem com situações adversas e com situações de sucesso. É aquele ditado: marinheiro bom não se faz em mar calmo. Esses momentos de dificuldade consolidam muito a visão de quem é o cliente e como conversar com ele, e isso transcende gerações e a todos os profissionais que trabalham aqui.
 

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