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Publicada em 13 de Outubro de 2024 às 16:00

Tecnopuc celebra 21 anos como polo mundial de inovação

Tecnopuc conecta Porto Alegre a 150 ambientes de inovação globais

Tecnopuc conecta Porto Alegre a 150 ambientes de inovação globais

Tecnopuc/Divulgação/JC
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Carmen Carlet, especial para o JC*
Carmen Carlet, especial para o JC*
Há 21 anos, Porto Alegre entrou no rol das metrópoles mundiais catalisadoras da inovação, desenvolvimento de novas tecnologias e conhecimentos. Esse movimento colocou a capital gaúcha numa posição estratégica para a geração de riqueza e oportunidades para a diversidade criativa. Foi em 2001 que os irmãos maristas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul adquiriram uma área pertencente ao Exército Brasileiro e ampliaram seu campus, localizado no final da avenida Ipiranga. Ali começou a ser construído o Parque Científico e Tecnológico, o Tecnopuc, inaugurado em 2003 e considerado o embrião do ecossistema empreendedor e criativo que tem colocado Porto Alegre no cenário mundial sedimentado pela conexão com mais de 150 ambientes de inovação espalhados pelo mundo.

De acordo com levantamento, o Rio Grande do Sul conta com 10% do total de ativos em ciência e inovação do País

De acordo com levantamento, o Rio Grande do Sul conta com 10% do total de ativos em ciência e inovação do País

Carmen Carlet/Especial/JC
Um mapeamento da ciência e inovação no Brasil mostra que o Rio Grande do Sul está em segundo lugar entre os estados com maior número de iniciativas na área, com Porto Alegre figurando na quinta colocação entre os municípios. Os dados, que fazem parte do Atlas da Inovação lançado em julho deste ano, se somam a outros rankings e pesquisas que ressaltam o potencial inovador do estado. De acordo com o levantamento realizado pela Rede de Observatórios do Sistema Indústria e pelo Observatório Nacional da Indústria, o Rio Grande do Sul conta com 10% do total de ativos em ciência e inovação do país, posicionando-se atrás apenas de São Paulo que apresenta 27,6%. O resultado comprova o papel de destaque que o estado ocupa no cenário da inovação. "Este lugar entre os melhores é fruto dos investimentos expressivos em inovação, ciência e tecnologia feitos no Rio Grande do Sul, com ênfase na forte atuação da quádrupla hélice, que reúne governo, academia, iniciativa privada e sociedade civil organizada", analisa a titular da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict), Simone Stülp.
Sabe-se que as grandes cidades pelo mundo têm desempenhado historicamente um papel fundamental como catalisadoras da inovação e desenvolvimento de novas tecnologias, conhecimentos, métodos de produção e arranjos institucionais, tornando-as centros de riqueza, oportunidade, diversidade e criatividade. Porto Alegre faz parte deste cenário de grande desafio e se fortalece em um contexto em que o principal fator de desenvolvimento são as pessoas, os verdadeiros talentos.
Na capital gaúcha essa caminhada vem sendo pavimentada há pelo menos duas décadas. O embrião da jornada de inovação hoje consolidado no estado e, principalmente em Porto Alegre, nasceu há 21 anos e chega, agora, à maioridade. O Parque Científico e Tecnológico da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, ou simplesmente Tecnopuc foi um dos responsáveis pela construção do cenário de tecnologia e inovação em solo gaúcho.
Com 90 mil m² de área construída, o Tecnopuc nasceu sem pressa e de forma sistematizada, tendo como primeiro passo concreto a aquisição da área do 18º Batalhão de Infantaria Motorizada - localizada ao lado do campus central da Pucrs, em 2001. Embora, lá na década de 80, os irmãos maristas já analisassem a necessidade de abrir novos horizontes para áreas como inovação e tecnologia para dar contraponto à forte tradição na pesquisa e pós-graduação nas áreas de humanas. Na época a universidade já planejava aumentar o número de mestres e doutores, passando de 50 para um mil até o início do século XX. O projeto foi elaborado por meio de um forte estímulo à formação acadêmica qualificada no exterior. E, quando os pesquisadores voltaram para Porto Alegre, trouxeram nas bagagens ideias inovadoras nas mais diversas áreas do conhecimento.
Em paralelo, a importância da inovação e tecnologia já começava a fazer parte dos diálogos na capital gaúcha. Diante da novidade, em 1993, a prefeitura de Porto Alegre levou uma comitiva para conhecer as tecnópoles francesas. Entusiasmados com o que viram no Velho Mundo, os participantes voltaram decididos a transformar a cidade em uma tecnópole como as existentes na França. Para isso, em 1995 foi oficializado o projeto Porto Alegre Tecnópole (PAT) com a assinatura de um termo de referência envolvendo poder público, setor privado e instituições de ensino e pesquisa da Região Metropolitana. O PAT pavimentou o caminho da inovação na capital, criou condições para o surgimento de empresas de tecnologia e parques tecnológicos, como o Tecnopuc.
O Superintendente de Inovação e Desenvolvimento da Pucrs e do Tecnopuc, professor Jorge Audy, avalia que o futuro da capital gaúcha passa por profissionais qualificados, inovação, empreendedorismo e criatividade. Nesse sentido, o Tecnopuc tem desempenhado um papel central como protagonista nesta construção, com foco na inovação e no empreendedorismo. Para Audy a diferenciação e competitividade das cidades e territórios requer uma articulação entre os agentes de desenvolvimento como as universidades, as empresas, o governo e a sociedade civil organizada. Para tanto, as iniciativas devem ter a inovação como base, seja como geração de novas empresas de alto valor agregado e base tecnológica, como também as startups e spinoffs, na geração de emprego e renda, seja na transformação da gestão pública, na qualidade dos serviços aos cidadãos e na transparência das ações e uso de recursos.
O docente pontua que as áreas de ensino e pesquisa são a base para a dinâmica de transformação de conhecimento em riqueza e desenvolvimento social, econômico e ambiental. Para Audy, a formação e a capacitação das pessoas, tanto no processo de ensino como no processo de pesquisa, são fundamentais para criar condições propícias para o surgimento de novas empresas que vão gerar emprego e renda, refletindo no desenvolvimento da sociedade.
Desta forma, o Tecnopuc atua como um ecossistema de inovação conectado e global, tendo suas iniciativas desenvolvidas de forma articulada com outros agentes de desenvolvimento relevantes do estado e em consonância com o posicionamento institucional de inovação e desenvolvimento da universidade - que envolve a busca constante de uma nova Educação para uma nova Sociedade, em sintonia com seu tempo. Dentre os projetos, se destacam duas estratégias centrais do Tecnopuc e da Pucrs na área de inovação e empreendedorismo na capital gaúcha, que são a Aliança para Inovação e o Pacto Alegre.
 
 

A Aliança, o Pacto e o Caldeira

Audy comemora a posição do Rio Grande do Sul, com ênfase para Porto Alegre como destaque nacional na área

Audy comemora a posição do Rio Grande do Sul, com ênfase para Porto Alegre como destaque nacional na área

Camila Cunha/Divulgação/JC
Em 2018, as três principais universidades gaúchas - Pontifícia Universidade Católica do RS (Pucrs), Universidade Federal do RS (Ufrgs) e Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) - lançaram a Aliança para Inovação de Porto Alegre. Uma articulação com o objetivo de potencializar ações de alto impacto em prol do avanço do ecossistema de inovação e do desenvolvimento da capital gaúcha. Junto com a Aliança nasceram diversos projetos que visavam transformar Porto Alegre e região em referência internacional no ambiente de inovação, conhecimento e empreendedorismo. Para tanto, as universidades contam com cinco projetos: Pesquisa, Formação, Comunicação, Ambiente e Pacto Alegre.
"Atuamos na orquestração de todo o ecossistema de inovação da Pucrs, articulando as iniciavas institucionais com as ações no âmbito municipal, seja com relação à Aliança para a Inovação de Porto Alegre, seja com o Projeto Pacto Alegre", destaca o Superintendente de Inovação e Desenvolvimento da Pucrs e do Tecnopuc, professor Jorge Audy. O Pacto, principal produto da Aliança, surgiu um ano depois com a proposta de ser um movimento de articulação e eficiência para a realização de projetos transformadores e com amplo impacto para a cidade. Seu objetivo era criar condições para a transformação da cidade em um polo de inovação, atração de investimentos e empreendedorismo. Em seu manifesto, o Pacto já destacava a busca por transformar Porto Alegre em uma referência como ecossistema global de inovação de classe mundial, que potencializasse as competências e alicerçado em valores e propósitos para retenção e atração de talentos. Uma das pontas mais visíveis do Pacto e também seu primeiro projeto foi o Instituto Caldeira, criado em 2021.
Hoje, o Tecnopuc é um universo à parte dentro do campus da Pucrs. O ecossistema abriga mais de 300 organizações e envolve 6,5 mil pessoas em um conjunto que une empreendedorismo, tecnologia e inovação ao conhecimento acadêmico representado pela universidade, que trabalham com a meta de desenvolver mil negócios inovadores no período de uma década compreendido entre 2018 e 2028. Assim, tem a missão de ajudar a transformar a sociedade por meio da importante ferramenta do conhecimento e um dos meios para cumprir essa missão é a conexão com mais de 150 ambientes de inovação espalhados pelo mundo.
Entusiasta do processo de inovação, Audy destaca a posição do Rio Grande do Sul, com ênfase para Porto Alegre, como destaque nacional nesta área. "Porto Alegre tem um aspecto que é absolutamente central com relação ao potencial de transformar conhecimento em riqueza. Somos o segundo polo de formação de doutores, o primeiro é Campinas, isso já nos dá uma condição diferenciada muito forte e isto nos deu um impulso muito grande nos últimos anos", analisa. Complementando o professor destaca que nos 15 primeiros anos do Tecnopuc - de 2002 a 2017, a primeira fase - o foco foi desenvolver um ecossistema de inovação científico e tecnológico que tivesse um potencial de alavancar a pesquisa e pós graduação da universidade. Num segundo ciclo do planejamento estratégico - de 2018 a 2033 - o Tecnopuc passou a ter um foco ecossistêmico, isto é, um transbordamento do que é feito internamente para a cidade. A Aliança e o Pacto são exemplos significativos, de acordo com o dirigente. Outro vetor que faz parte da segunda fase é a geração de empresas emergentes a partir da universidade. Hoje, o Tecnopuc abriga 180 startups.
 

Conexões globais com o conceito anywhere

"Organização planta a semente em talentos em formação", diz Flávia

Lisa Roos/Divulgação/JC
Em 2022, o Tecnopuc foi contemplado no Edital de Apoio Financeiro a Parques Tecnológicos em Operação, realizado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), recebendo um aporte de R$ 15 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) que estabelece as condições necessárias para a implantação do projeto estratégico Tecnopuc Anywhere.
Atuando com o conceito anywhere - na tradução livre, em qualquer lugar - o Tecnopuc, reforçando a estratégia da segunda fase de trabalhar para o além muros, entende que a instituição não deve apenas cooperar com ambientes internacionais, mas também acompanhar os negócios que estão em desenvolvimento em qualquer lugar. De acordo com a gestora de operações do Tecnopuc, Flávia Fiorin, é importante destacar que a organização não recebe apenas o empreendimento pronto, mas também planta a semente nos talentos que estão em formação. Desta forma, segundo a gestora, quando se fala em anywhere pode-se entender o processo como a hiper conexão dos alunos com o contexto internacional da formação de negócios iniciando pelos grandes centros como Estados Unidos e Europa. "Então, os futuros empreendedores, os futuros talentos que vão atuar nas empresas de base tecnológica ou intensivas em conhecimento, já entram em um contexto de negócios que nascem escaláveis e globais", afirma Flávia. Além disso, o Tecnopuc também conecta todas suas iniciativas de atuação dentro de uma lógica de cooperação com os parceiros internacionais através de uma associação de parques tecnológicos, conectados por meio de mercado ou área de conhecimento específico onde tenha sinergia, criando um fast pass de desenvolvimento de negócios. Flávia cita como exemplos a conexão de empreendedores com a Skolkovo Technopark, agência de desenvolvimento russa - aliás, parceria que já existe há 15 anos - e o continente africano, com ênfase para Quênia e África do Sul, que está num movimento de evolução de seus ecossistemas.
A importância do parque tecnológico da Pucrs alcança visibilidade e notoriedade com a participação de seu superintendente, Jorge Audy, na diretoria da Associação Internacional dos Parques Científicos e Áreas de Inovação (Iasp). A entidade, com sede em Málaga, na Espanha, é a principal associação de espaços de inovação em todo o mundo, sendo a rede global para parques científicos, distritos, áreas e outras comunidades, impulsionando o crescimento, a internacionalização e a eficácia dos seus membros. Além de Audy representando o Brasil, a atual diretoria executiva é composta pela sueca, Lena Miranda (presidente), Ebba Lund, da Dinamarca, e pelo italiano Salvatore Majorana. Em março deste ano, a Iasp fez sua primeira reunião do ano em Porto Alegre.
 

Os hubs abrangem todas as áreas do conhecimento

Ebba, Salvatore e Lena integram a Iasp ao lado de Jorge Audy

Ebba, Salvatore e Lena integram a Iasp ao lado de Jorge Audy

Tecnopuc/Divulgação/JC
O Tecnopuc reúne organizações que atuam em quatro áreas: indústria criativa, tecnologia da informação e comunicação, ciências da vida e energia e meio ambiente. E, ao longo de sua trajetória, o Parque tem reunido pesquisadores, empresas e startups em hubs para fomentar a inovação científica e tecnológica e o desenvolvimento de talentos em setores estratégicos. De acordo com Flávia, os hubs têm o propósito de exploração de oportunidades de negócios conectando os atores. Explicando de forma didática, a gestora diz que a expressão 'para fora' são as startups. Mas, de onde vêm essas startups? "Elas vêm do aluno da universidade, conectando com a pesquisa de um professor e encontrando sinergia com uma empresa consolidada para o seu desenvolvimento e esse elenco se reúne". Hoje, o Tecnopuc mantém hubs nas áreas de saúde (BioHub), inteligência artificial e ciência de dados (NAVI), agronegócio e food techs (Celeiro), mobilidade (Plug), educação (EduX), omnicanalidade (OmniX), finanças (Fine) e social (Farol). Eles estão direcionados para a interação entre empreendedores, startups, empresas consolidadas, centros de pesquisas, laboratórios de inovação, investidores e outros agentes em ambientes físicos e digitais.
Esse ecossistema atraiu centenas de empresas, startups, pessoas e projetos. Algumas das organizações globais expoentes ligadas ao Tecnopuc são a Apple Developer Academy, HP, CMPC, KPMG, Epic Games Brasil, South Summit Brazil, Marcopolo, Thoughtworks e Junior Achievement, enquanto as nacionais e startups incluem Globo, Sebrae, UOL Edtech, 4all, entre outras. Audy estima que mais de mil startups já passaram pelo parque nestes 21 anos, com aproximadamente 90% formadas por alunos ou ex-alunos da instituição. O docente destaca que inclusive, duas delas são unicórnios nascidas no berço da universidade marista: a Getnet, comprada pelo Santander, e a desenvolvedora de games, Aquiris, adquirida pela gigante Epic Games e que colocou o Rio Grande do Sul no mapa dos desenvolvedores de jogos eletrônicos. "Então, o papel central do Tecnopuc é fornecer oportunidades de formação profissional para além do tradicional, preparando o aluno para empreender e mudar o mundo", conta Audy. Flávia complementa acrescentando que essa pauta é levada para a totalidade dos alunos da universidade. Neste sentido dentro da formação acadêmica dos alunos existe uma trilha que é orientada para o desenvolvimento de startups contendo um conjunto de disciplinas, eventos e programas que orientam a trajetória empreendedora. "A gente oferta um portfólio de iniciativas que estão conectadas para que ele avance com sua ideia e vá a mercado com seu empreendimento. E uma outra abordagem muito importante também que é feita aqui e remete ao início da trajetória do Tecnopuc que é a conexão com a pesquisa", garante a gestora de operações. Hoje, a bancada de pesquisa também leva negócios diretamente ao mercado através das chamadas spin-offs. "Isto mostra como as teses de doutorado podem impactar diretamente a sociedade", pontua Flávia. Audy explica que a inovação é uma expressão da pesquisa e ensino feitos na universidade, "por isso que tudo vem de lá, da universidade". E o ponto de convergência são as pessoas.
 

Preparando jovens em vulnerabilidade para o mercado de trabalho

A extensão do Tecnopuc vai além da atuação nos ecossistemas de empreendedorismo, conexões e inovações. De acordo com Audy, o Parque tem também um conjunto de ações que atuam no sentido de capacitar pessoas a novas oportunidades de desenvolvimento profissional. São cursos de letramento digital que preparam jovens em situação de vulnerabilidade social para o mercado de trabalho.
Um dos grandes programas desta área é o TIC em Trilhas em parceria com a Apple e Instituto Eldorado. A iniciativa abrange uma plataforma online, que distribui gratuitamente os conteúdos relacionados a programação e qualifica pessoas para o mercado de trabalho em todo o Brasil, possibilitando que o conteúdo expanda com início nos grandes centros urbanos e atinja diferentes regiões. Ele atende jovens a partir do ensino médio até adultos que buscam formação e inserção profissional na área de TI. Uma das metas do programa é atingir 30 mil alunos em três anos. Outra iniciativa é o Dev the Devs, um programa de formação inicial 100% online e gratuito para estudantes de ensino médio da rede pública estadual e realizado em parceria com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e junto com a Secretaria de Educação do RS. O objetivo deste projeto, que está em sua terceira edição, é oportunizar a formação de jovens que desejam iniciar a carreira na área da TI.
Em Viamão o Tecnopuc tem como foco ser um vetor de acesso a comunidades carentes e está finalizando um laboratório da Appel - provavelmente o mais moderno do estado, como estima Audy - específico para o uso das comunidades vulneráveis. Na capital, o Parque atua socialmente em outras frentes também. Em conjunto com o Pacto Alegre atende sete comunidades - Morro da Cruz, Bom Jesus, Restinga, Mário Quintana, Cruzeiro, Ilhas e Planetário - através do projeto Territórios Inovadores, que tratam de inovação social. "Este é um belo exemplo de projeto ecossistêmico que desenvolvemos envolvendo também a Unisinos, Ufrgs e financiado pelo Banrisul, Badesul, Sicredi e Sebrae. Em cada uma dessas comunidades identifica e desenvolve um hub de inovação com uma série de projetos específicos que podem ser instalação de wi-fi, doação de computadores, entre outros".
 

Maior grupo brasileiro independente de canais de TV por assinatura e Plataformas Streaming está no Tecnopuc

Aragon iniciou sua caminhada no mercado de comunicação nos anos 1980

Aragon iniciou sua caminhada no mercado de comunicação nos anos 1980

Box Brazil/Divulgação/JC
O Box Brazil Media Group, uma das principais empresas do hub de economia criativa do Tecnopuc, onde está inserida desde o final de 2010, atua nas áreas do entretenimento, tecnologia e inovação com abrangência nacional e internacional. O complexo de comunicação é formado pelas empresas Box Brazil Channels, Media Mundus, Container Media, Container Media USA e pela Box Brazil Play. Com mais de 10 anos de experiência no mercado de Pay TV e em plataformas streaming, através de grandes investimentos em tecnologia e inovação e fortes parcerias com players nacionais e internacionais, leva diariamente entretenimento para milhões de lares e projetos inovadores para as mais importantes marcas e parceiros de negócios.
Na verdade a história do grupo se confunde com a trajetória de seu CEO, pois é resultado dos movimentos empreendedores de Cícero Aragon que iniciou sua caminhada no mercado de comunicação quando ainda era muito jovem, no final dos anos 1980. Na época ele criou uma empresa de sonorização de eventos, partindo na sequência para a produção e finalização de vídeos empresariais e mergulhou no mundo da publicidade produzindo campanhas para grandes marcas nacionais. Em paralelo a essa jornada, Aragon também mergulhou na política setorial, tendo sido presidente do Sindicato da Industria Audiovisual do RS e da Fundação de Cinema RS (Fundacine), tendo papel fundamental na retomada da produção audiovisual gaúcha. Essa militância no audiovisual levou Aragon a se dar conta da lacuna que existia na produção independente, fortalecendo a certeza de que deveria direcionar suas atividades para este segmento.
A Box Brazil Channels é o maior grupo brasileiro de canais de TV por assinatura e plataforma de streaming, estando presente em mais de 98% do mercado Pay TV. Essa liderança faz com que seu sinal chegue a mais de 36 milhões de pessoas diariamente através da distribuição das principais operadoras do país, entre elas Claro, Vivo, Sky, Oi e afiliadas Neo. Seus números são interessantes: atuação em três continentes, mais de 28 mil horas de produção independente e mais de R$ 144 milhões investidos em produção audiovisual nos últimos quatro anos.
A Media Mundus é uma agregadora, uma encoding house e distribuidora digital de conteúdos audiovisuais com operação internacional. Ela faz licenciamento, negociação, distribuição e codificação de arquivos desde produtores de Hollywood, China a até criadores de conteúdos nacionais, para múltiplas plataformas de conteúdo streaming. Também tem à disposição o núcleo de localização de conteúdos, responsável pela marcação, tradução, revisão e quality check dos conteúdos legendados em diversos idiomas. "Temos, hoje, cerca de 15 mil títulos, dos quais sete mil são brasileiros", afirma Aragon ao acrescentar que tem contratos com mais de 70 países.
A Container Media é especializada no licenciamento, oferta e gestão de conteúdo e utiliza a tecnologia para entregar a melhor experiência de uso e de consumo audiovisual em Plataformas Streaming. Hoje opera a Box Brazil Play com filmes, séries, documentários, shows, exclusivamente brasileiros, assim como desenvolve plataformas white-label para marcas como o Grêmio Play, com conteúdo personalizado de acordo com a jornada dos fãs.
Sempre visionário, Aragon destaca cases de sucesso do grupo com diversos pioneirismos. Entre eles os de música brasileira, primeiro canal de cinema brasileiro que nasceu em HD, e também de turismo brasileiro. Aliás, aqui Aragon salienta que este é de vida real, mesmo onde mostra, inclusive, os chamados perrengues de viagem, o que lhe confere muitas vezes a quarta posição no IBOPE em uma concorrência muito acirrada. Ainda dentro da ideia de trabalhar com visão de futuro, Aragon promete para breve a chegada de uma nova emissora de televisão produzida no Rio Grande do Sul e com pautas totalmente voltadas para enaltecer o que é feito aqui. É a Rede RS que estreia ainda em outubro.
 

Creatus auxilia outras empresas com soluções que melhoram a performance

Ao todo, 25 colaboradores ajudam a desenvolver os planos de expansão, em especial os que são junto a indústrias

Ao todo, 25 colaboradores ajudam a desenvolver os planos de expansão, em especial os que são junto a indústrias

João Severo/Divulgação/JC
Fundada em 2020, a Creatus é uma venture builder que atua em um formato de CTO as a Service, ajudando startups e empresas a tirarem suas ideias do papel e colocarem em prática. Assim, desenvolvem tecnologias personalizadas como apps, plataformas e demais soluções de base tecnológica. A empresa criada por seis sócios - João Severo, Leonardo Barbosa, Sophia Furini, Leonardo Ramos, Felipe Duarte e Lucca Paradeda - ao longo de quatro anos, ampliou sua atuação, focando em soluções inovadoras que melhoram a performance e eficiência de empresas. De acordo com João Severo, a Creatus atua no mercado de modelagem de negócios e desenvolvimento de soluções tecnológicas sob medida, auxiliando seus clientes na concepção e execução de projetos. "Através de uma metodologia centrada no planejamento efetivo, focamos em garantir que os projetos sejam viáveis e rentáveis a longo prazo, com validação de mercado e implementação gradual", explica Severo.
Com 25 funcionários a empresa já registra mais de 120 projetos entregues desde sua criação e planeja expandir sua atuação junto a indústrias, sanando gargalos com tecnologia, e instituições financeiras, "especialmente bancos e fintechs", acrescenta o diretor. No âmbito organizacional, ele adianta que a empresa está investindo na capacitação de jovens desenvolvedores e mentorando novas startups dentro do ecossistema Creatus, a fim de fortalecer o pipeline de inovação e criação de novas soluções. Para tanto, em parceria com a Escola Politécnica da Pucrs, a Creatus desenvolve um grupo de estudos voltado para a formação de jovens desenvolvedores. "O programa já capacitou mais de 70 alunos, e estamos lançando um novo projeto que visa mentorar startups desses jovens talentos, criando oportunidades de inovação e crescimento contínuo para novas ideias", informa Severo.
Tendo uma cultura lúdica e inclusiva, que extrapola o ambiente de trabalho, a Creatus se utiliza de diversos momentos que tornam o ambiente acolhedor para seus colaboradores, como partidas de xadrez e momentos de yoga em grupo, por exemplo. "Esse ambiente acolhedor e vibrante contribui para que a qualidade dos serviços prestados aos nossos clientes seja excepcional", comemora o dirigente. Além disso, a equipe é composta por uma diversidade de pessoas, representando o que Severo considera uma "verdadeira salada de frutas", todas acompanhadas pelo mascote, o crocodilo Crocoatus.
Tendo entrado para a comunidade do Tecnopuc em 2021, no auge da pandemia, os sócios já conheciam o potencial do ecossistema e acreditavam que ele traria valor para o crescimento da empresa. "Desde o início, buscamos ser ativos no parque, o que nos proporcionou não apenas networking com grandes profissionais, mas também a criação de laços pessoais e profissionais fundamentais para nosso crescimento", conta o co-fundador da empresa considerando esse como um divisor de águas, pois saíram de uma fase de ideação para uma projeção que permite ter em seu portfólio marcas de renome como Honda e VMI Security.
 

Porto Alegre sedia um dos centros de design da inglesa EnSilica

Para Leão, contato com outras empresas é um benefício de estar no Tecnopuc

Para Leão, contato com outras empresas é um benefício de estar no Tecnopuc

Luis Ventura/Divulgação/JC
Líder em projeto de Circuitos Integrados (CIs) com uma história consistente de crescimento financeiro e excelência técnica desde sua fundação em 2001, a EnSilica é uma empresa com experiência de classe mundial no fornecimento de circuitos de RF, sinais mistos e digitais para clientes internacionais nos mercados automotivo, industrial, de saúde e de consumo. A empresa tem sede em Oxford, no Reino Unido, e possui três centros de design no Reino Unido, um na Índia e um em Porto Alegre, no Tecnopuc, onde está presente desde 2021. Júlio Leão, diretor da Ensílica do Brasil, conta que a associação ao Parque traz inúmeros benefícios, destacando entre eles contatos com outras empresas e ecossistemas de inovação, participação em eventos relevantes, aproximações com entidades governamentais e acesso a alunos de excelente qualidade. Chegando ao Brasil como uma subsidiária da matriz inglesa, o negócio começou a operar com 12 projetistas que eram do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), estatal brasileira do ramo de semicondutores e que trabalharam lá por muitos anos, mais cinco pessoas que não eram dessa equipe, relembra Leão. Hoje, são 25 profissionais e deve expandir para 30 até o final do ano.
A EnSilica tem um histórico no fornecimento de soluções de alta qualidade para os padrões exigentes da indústria com um impressionante histórico de sucesso alcançado trabalhando com clientes que variam desde startups a "blue-chips". "Nosso portfólio varia de projetos de módulo a System-on-Chip com muitos milhões de portas lógicas", explica o dirigente ao acrescentar que a abordagem da empresa é desenvolver relacionamentos de longo prazo com os clientes e encorajar parcerias fortes com fornecedores, ao mesmo tempo em que fornece trabalho significativo e desafiador para a equipe em um ambiente de trabalho amigável e profissional. "Medimos nosso sucesso pela satisfação do cliente e pela qualidade das soluções, serviços de projeto que entregamos", garante ao listar marcas como Continental, Visteco, Siemens, ESA e Bosch em seu portfólio.
 

Instituto de pesquisa é o berçário do desenvolvimento tecnológico

Dalla Vecchia considera fundamental estar em um ambiente de inovação

Dalla Vecchia considera fundamental estar em um ambiente de inovação

Carmen Carlet/Especial/JC
O Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR) é fruto de uma iniciativa conjunta da Petrobrás e da Pucrs, como a consolidação e ampliação do Centro de Excelência em Pesquisa e Inovação em Petróleo, Recursos Minerais e Armazenamento de Carbono (Cepac), inaugurado em 2007. Criado em 2014, o IPR nasceu com o objetivo de fomentar, dar visibilidade e proporcionar um crescimento na área de petróleo e recursos naturais. Atualmente o Instituto busca tornar-se um referencial para o desenvolvimento de projetos com relevância e qualidade em pesquisa que atendam a demanda da sociedade nas áreas de petróleo e recursos naturais nos âmbitos nacional e internacional. De 2017 para cá o Instituto vem investindo em desenvolver e submeter projetos a empresas com muito foco em descarbonização, mitigação de mudanças climáticas e transição energética, passando da atual, que é muito baseada em combustíveis fósseis, para a energia limpa.
Felipe Dalla Vecchia, diretor, considera fundamental o IPR estar inserido em um ambiente de inovação. Segundo ele, os institutos de pesquisas das universidades podem ser um grande berçário do desenvolvimento tecnológico, "pois estamos no início da cadeia", pontua. Hoje as empresas e o usuário final de tecnologia precisam de um Nível de Prontidão Tecnológica - chamada TRL, em inglês Technology Readiness Level - de oito a nove. As universidades e os institutos de pesquisa chegam a níveis três, quatro. No ambiente ecossistêmico, a lacuna que existe entre essas pontas pode ser preenchida pelas startups ou outras empresas que vão pegar esse pré-desenvolvimento e levar a um nível mais alto, validadas e testadas em um ambiente representativo. Um exemplo citado por Dalla Vecchia é o grande desafio que se vê hoje na descarbonização e transição energética: existe uma demanda com muitas empresas precisando de tecnologia, as universidades e institutos fazendo pesquisas que vão até um certo grau de maturidade e falta preencher essa lacuna.
Com um prédio de sete andares localizado no coração do Tecnopuc, por onde circulam cerca de 90 colaboradores entre professores, pesquisadores e alunos, o IPR destina mais da metade do prédio a laboratórios de alta complexidade. Investindo forte na pesquisa, em novembro o IPR deve inaugurar a primeira parte do laboratório de tecnologias de baixo carbono e hidrogênio que vai desenvolver estudos e pesquisas nessas duas áreas. Dalla Vecchia destaca que o de hidrogênio será acreditado para ser o primeiro do Brasil - da América Latina, se nenhum outro se apresentar antes - para certificar qualidade do hidrogênio produzido, inclusive para nível de exportação, a ISO 14.687, a partir do próximo ano. "Hoje existem apenas três laboratórios no mundo que fazem isto, dois na Alemanha e um no Reino Unido", destaca.
Entusiasta do ecossistema, o diretor destaca que de sete anos para cá essa infraestrutura com qualificação de ponta e pesquisadores extremamente qualificados está disponível para a comunidade. "Diferentes empresas e profissionais podem nos acessar para desenvolver pesquisas e serviços, acessando a expertise dos nossos profissionais e a competência analítica que temos".
Olhando para o futuro, os gestores projetam que até 2026, o IPR deve ser um dos mais importantes institutos de referência internacional em qualidade técnica em pesquisa, realização de análises laboratoriais e produção de materiais de referência certificados, pautados por processos de acreditação e qualidade reconhecidos internacionalmente.
 

WebMed conectou mais de sete mil desabrigados pelas águas com médicos voluntários

Lorenz diz que o objetivo número um é o de salvar vidas

Lorenz diz que o objetivo número um é o de salvar vidas

Box Brazil/Divulgação/JC
A WebMed nasceu em 2017 com a vocação na área de gestão financeira para médicos. Veio a pandemia e, em 2020, criou um produto para ajudar a encurtar a jornada de pessoas com doenças específicas e raras na busca por atendimento. Surgia ali a ShortMed, que conecta pacientes a médicos e centros de saúde especializados. A WebMed ampliou os horizontes e criou mais soluções para o mercado com foco em captar, qualificar e converter leads na área da saúde.
O objetivo principal, de acordo com Luciano Lorenz, CEO e fundador, foi e sempre será de salvar vidas, sem deixar de lado o retorno financeiro ao sistema de saúde. Posicionando-se como uma healthtech, possui 11 funcionários que atuam em quatro frentes. Além da ShortMed também a ShortFinder, que capta leads em saúde ao conectar pacientes, médicos e clínicas. Outra é Gethealth, uma aplicação para ajudar as pessoas a cuidarem melhor de sua saúde. Já, a Doctor Fee é uma solução para conciliar honorários médicos e prestadores de serviços em saúde. "Não chega a ser uma solução, mas é o nosso núcleo de criação de novas soluções para o mercado de saúde, por isso chamamos de Labs e através dele, levamos dados para análise de nossos clientes", explica Lorenz que tem Caroline Moraes como sócia e Assis Duarte como vesting.
Com 30 clientes ativos no portfólio no modelo B2B atualmente, a empresa destaca entre eles marcas como Pfizer, Novartis, Astrazeneca, Bayer, Biomarin, Livanova, Hospital Ernesto Dornelles e Hospital São Lucas PUCRS.
Em três anos desde o início da solução ShortMed, a empresa comemora seus números: 60 mil vidas, 4,5 mil médicos e mais de duas mil unidades de saúde em todo o território nacional. Esses dados são fáceis de explicar, conforme o CEO. "Somos uma startup com soluções simples para um mercado complexo, que é a saúde. A nossa solução vai ao encontro do que exige o mercado. Entregamos simplicidade e praticidade", sintetiza.
Outro ponto destacado pelo dirigente foi a atuação da empresa durante a maior tragédia ocorrida no RS. Segundo ele, a empresa customizou, voluntaria e gratuitamente, através de seu time, a solução ShortMed. "Em 100 dias, mais de sete mil pessoas foram atendidas e direcionadas para mais de 55 especialidades, com médicos voluntários de todo o Brasil. Aliás, por esse trabalho voluntário, Luciano Lorenz, recebeu o título de "sócio benemérito" da Associação Médica do Rio Grande do Sul.
 

PAG 10 ASSINATURA ESTENDIDA

* Carmen Carlet, jornalista formada pela Famecos, Pucrs. Atuou como colunista, repórter e correspondente de veículos especializados em propaganda e marketing. Atualmente, trabalha com assessoria de comunicação, produção de conteúdo e conexões criativas.

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