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Publicada em 06 de Outubro de 2024 às 16:24

Educação financeira chega na rede pública

As aulas do projeto abordam conceitos básicos de economia, planejamento financeiro e o uso de inteligência artificial

As aulas do projeto abordam conceitos básicos de economia, planejamento financeiro e o uso de inteligência artificial

THAYNÁ WEISSBACH/JC
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Sofia Utz
Sofia Utz
É possível explicar a inflação usando chocolates? Ou a lei da oferta e da procura a partir de algo simples, como uma cadeira? Os alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Paulina Moresco podem provar que sim. Todas as semanas, durante uma hora e meia, eles se encontram com alguns dos associados do Instituto de Estudos Empresariais (IEE) para aprender sobre conceitos da educação financeira e explorar o universo da Inteligência Artificial. Na pequena biblioteca da escola, com as paredes tomadas por livros, são ministradas as dez aulas do projeto Professor Voluntário, promovido pelo IEE, que busca levar a escolas públicas conteúdos relacionados à tecnologia e a finanças, que não figuram no currículo tradicional.
É possível explicar a inflação usando chocolates? Ou a lei da oferta e da procura a partir de algo simples, como uma cadeira? Os alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Paulina Moresco podem provar que sim. Todas as semanas, durante uma hora e meia, eles se encontram com alguns dos associados do Instituto de Estudos Empresariais (IEE) para aprender sobre conceitos da educação financeira e explorar o universo da Inteligência Artificial. Na pequena biblioteca da escola, com as paredes tomadas por livros, são ministradas as dez aulas do projeto Professor Voluntário, promovido pelo IEE, que busca levar a escolas públicas conteúdos relacionados à tecnologia e a finanças, que não figuram no currículo tradicional.
A iniciativa, que faz parte da atuação do IEE Impacto, setor criado neste ano para administrar melhor os projetos sociais encabeçados pela instituição, já está em sua segunda edição. Ela funciona nas escolas que conseguem "dar abertura" ao instituto, mesclando colégios da zona Norte e da zona Sul de Porto Alegre, como explica Stefano Tremea, coordenador do IEE Impacto.
Segundo ele, o projeto dobrou de tamanho em relação ao ano passado, quando foi realizado pela primeira vez, aumentando o número de turmas, de quatro para oito grupos nas três escolas atendidas pelo projeto, e de aulas, ampliando de cinco para dez encontros. Aos associados do IEE que desejam participar da iniciativa, o instituto designa três professores por turma, que deverão acompanhar o grupo ao longo de todo o projeto, e envia uma série de materiais a serem explorados com os alunos, esquematizando os encontros que passam por temáticas como apresentação do Chat GPT e de ferramentas do Google, a história do dinheiro, empreendedorismo e responsabilidade fiscal.
Para a diretora da EEEF Paulina Moresco, Sonja Inês Britz, o projeto "proporciona aos alunos uma outra visão e um preparo profissional", abordando temáticas que a escola não conseguiria cobrir. Sonja conta que, após a pandemia, os estudantes apresentaram uma desilusão e um desinteresse geral pelos estudos, o que despertou a preocupação dos professores e dos diretores da instituição. A proposta do IEE de levar o Professor Voluntário para a escola foi vista pela diretora como uma oportunidade de "resgatar esses alunos, fazendo com que eles tenham interesse, aprendam e que possam empreender".
Na edição atual, o projeto abrange metade das turmas de Ensino Fundamental II da escola, três de 8º ano e duas de 9º ano, atendendo alunos que estão em uma idade preparatória para a sua inserção no mercado de trabalho, o que faz com que as aulas do projeto se tornem um diferencial na sua capacitação e no seu currículo. A diretora afirma que a presença dos empreendedores na escola também é um fator que influencia os alunos positivamente. "Eles [os alunos] vivem em uma região que não traz muita oportunidade e esses profissionais se tornam um exemplo", conta ela.
Esse foi o caso de Nauê Cardoso, estudante da EEEF Paulina Moresco que está participando do projeto neste semestre. Apesar de só ter assistido a três aulas do curso promovido pelo IEE, o menino de 14 anos já enxerga os impactos que os encontros tiveram em sua mentalidade. "[As aulas] me ajudam a entender a tecnologia, a estudar mais e a querer fazer uma faculdade", conta ele, que deseja ingressar em um curso de graduação em T.I.
Para Pedro Henrique de Oliveira, um dos professores que ministra as aulas na escola, o crescimento na participação e no interesse dos alunos pelo conteúdo já é nítido. Com um começo mais tímido, aos poucos os alunos passaram a se abrir mais para as aulas, que exploram temáticas próximas a suas realidades. Oliveira conta que as aulas de introdução ao uso do Chat GPT, ferramenta de Inteligência Artificial, são um exemplo disso, uma vez que os estudantes são incentivados, nesse primeiro contato com a tecnologia, a pesquisarem piadas e receitas.
Para o professor, que também trabalha como gestor de operações de um escritório de investimentos, essa é a etapa mais relevante do curso, uma vez que a ferramenta de IA responde de maneira mais humanizada, adaptando as explicações com base nas necessidades e no nível de conhecimento que o usuário possui. Assim, os estudantes aprendem a como utilizar a tecnologia ao seu favor, auxiliando-os não só em momentos de estudo, mas em diversas etapas da vida, como destaca Oliveira.
 

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