Gabriel Eduardo Bortulini, especial para o JC*
O turismo responde a uma parcela importante da economia de pequenas cidades do norte do Rio Grande do Sul, como Marcelino Ramos e Ametista do Sul. A busca dos turistas por descanso, lazer e boa gastronomia movimenta toda a rede de parques, comércio, restaurantes e hotelaria, numa região predominantemente agrícola. A conexão com a terra, aliás, também gera o interesse no turismo rural, até mesmo em Passo Fundo, a maior cidade da porção Norte do Estado.
Passeios de Maria Fumaça fazem ligação com Piratuba, em Santa Catarina
Prefeitura MUNICIPAL DE Marcelino Ramos/Divulgação/JCMarcelino Ramos é uma pequena cidade do Norte do Estado, às margens do rio Uruguai. Segundo os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao ano de 2022, o município tem uma população de 4.320 pessoas.
Em 1959, a busca por petróleo ocasionou outro achado na região: a água termal sulfurosa. Porém, meses depois, sem que o petróleo fosse encontrado, o poço foi lacrado, permanecendo assim por alguns anos. Só na segunda metade da década de 1960, o então prefeito Antônio Zordan solicitou a reabertura do poço, mas isso só ocorreu em 1970, ano que marca o início da exploração turística na cidade com a primeira infraestrutura do Balneário de Águas Termais.
Hoje, o turismo é uma das principais atividades econômicas do município, em conjunto com a agricultura. A estimativa é de que a cidade receba entre 200 e 300 mil turistas anualmente, um número considerável para uma cidade de pouco mais de 4 mil habitantes. Para atender todas essas pessoas, Marcelino Ramos conta com cinco hotéis, seis pousadas, além de uma grande quantidade de apartamentos para aluguel.
"Temos prédios grandes que só existem em cidades maiores e aqui existem por causa do turismo. Ele alavanca um investimento na construção civil muito forte e também gera muito emprego, mão de obra e serviço em hotéis, restaurantes, pousadas e afins. O turismo é uma mola propulsora que tem inclusive condição de maior crescimento em Marcelino Ramos", declara o prefeito Vannei Mafissoni, ao afirmar que o turismo tem uma vantagem em comparação à agricultura, que está limitada tanto pelo terreno acidentado da região quanto pelo próprio tamanho das propriedades.
"O turismo é algo sem fronteiras e sem limite", ele afirma, destacando as águas termais que brotam do subsolo e podem chegar, naturalmente, a 39ºC. São cerca de 100 mil litros por hora e nada ali é artificial: não há bombeamento ou aquecimento das águas.
Conforme Rodrigo Vecchi, diretor das Termas de Marcelino Ramos, as águas sulfurosas do município apresentam propriedades curativas. Isso faz com que o balneário seja um destino muito popular e procurado por pessoas idosas, que organizam excursões para visitar a cidade, principalmente na baixa temporada, que vai de março a novembro. "As pessoas procuram nossa água para tratar a saúde. E saem daqui revitalizadas", garante. As Termas de Marcelino Ramos funcionam o ano inteiro e estão abertas todos os dias, recebendo o público que chega principalmente da região Sul do País.
No verão, o perfil dos turistas muda um pouco. O destino passa a ser procurado por famílias e jovens entre 20 e 35 anos. Também se intensifica o interesse do público dos arredores, tanto do Norte do Rio Grande do Sul, quanto do Sul de Santa Catarina. Segundo Vecchi, as termas recebem cerca de 150 mil turistas anualmente, mas o turismo da cidade não para nas águas. Tanto o diretor do balneário quanto o prefeito ressaltam a diversidade das atividades turísticas do município. Só o turismo religioso, por exemplo, leva cerca de 50 mil pessoas no último domingo de setembro ao Santuário de Nossa Senhora da Salette, em uma das maiores romarias do Estado.
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Para Mafissoni, toda essa diversificação é o que torna a cidade um destino turístico completo. Além das águas termais e da romaria, a cidade conta ainda com passeios de catamarã sobre o lago da Hidrelétrica de Itá, e de passeios de Maria Fumaça, na ligação com Piratuba, em Santa Catarina. Outras ofertas turísticas são o parque ecológico de mais de 500 hectares, além de turismo rural, com um parque aquático de águas quentes, sem falar nas opções gastronômicas, como cachaçarias artesanais, renomadas queijarias e uma diversidade de produtos da agricultura familiar.
Cidade conta com passeios de catamarã sobre o lago da Hidrelétrica de Itá
Prefeitura Marcelino Ramos / Divulgação / JC
Cidade conta com passeios de catamarã sobre o lago da Hidrelétrica de Itá. Prefeitura Marcelino Ramos / Divulgação / JC
"Marcelino Ramos tem os potenciais turísticos e tem os produtos turísticos. Você pode vir e passar dias que vai ter muitas atividades e tão variadas que podemos dizer que talvez seja o único município em todo o Estado que consiga ter essa diversidade ao mesmo tempo. Alguns lugares têm uma coisa, mas não têm outra. Nós temos todas elas", assegura o prefeito.
Obras de infraestrutura e pavimentação podem impulsionar o turismo na cidade
Mafissoni também reitera as dificuldades de acesso a outras regiões, como o Nordeste gaúcho
Gabriel Bortulini/Especial/JCAté a década de 1970, Marcelino Ramos era essencialmente agrícola. Além disso, a Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande atraía um considerável número de migrantes, tornando o comércio e o transporte importantes segmentos econômicos da cidade durante a década de 1960.
Na época, a logística do País era baseada nos trilhos. No entanto, a lógica do transporte mudou nos anos posteriores e a ferrovia deu lugar às estradas.
"Marcelino Ramos ficou à margem disso, o trem deixou de passar por aqui e a Transbrasiliana, uma rodovia federal que cruza no território de Marcelino, fica a 20 quilômetros da zona urbana. Até hoje, o município não conseguiu se ligar com essa rodovia federal", relata o prefeito da cidade, Vannei Mafissoni.
Hoje, para acessar a Transbrasiliana, quem parte de Marcelino Ramos precisa percorrer a RS-331, passando pelas cidades de Viadutos e Gaurama para chegar até Erechim, num trajeto de cerca de 50 quilômetros. Depois, seguindo pela Transbrasiliana, em Erechim até chegar ao ponto em que a rodovia cruza o território de Marcelino Ramos, é preciso andar mais 40 quilômetros. Ou seja, os 20 quilômetros do centro de Marcelino Ramos até a Transbrasiliana se tornam 90 quilômetros por conta da falta de pavimentação.
O acesso à rodovia é reivindicado por ser uma das principais ligações entre Erechim e Concórdia, em Santa Catarina, de Sul a Norte. Mafissoni também reitera as dificuldades de acesso a outras regiões, como o Nordeste gaúcho. A ligação com municípios como Maximiliano de Almeida, Sananduva e Lagoa Vermelha, por exemplo, é esperada há décadas. Outro problema diz respeito à ponte rodoferroviária, uma conquista dos anos 1990 da cidade. No decorrer dos anos, o pavimento da ponte se deteriorou. A solução, contudo, em vez da substituição do assoalho por outro definitivo, foi a instalação de traves para restringir o tráfego, permitindo somente o acesso de veículos pequenos. "Isso foi um atraso", lamenta o prefeito. "Marcelino perdeu muito com a questão logística por conta disso".
Mafissoni reforça que as obras de infraestrutura e de pavimentação das rodovias estaduais são imprescindíveis para os avanços no turismo da cidade. "Temos um plano muito grande de expansão de infraestrutura na construção civil e, principalmente, infraestrutura de logística, de investimento público, pois logo teremos a pavimentação desses acessos muito importantes para o Leste, Oeste e Norte. Isso vai gerar com certeza um turismo muito forte e pujante, de muitos investimentos da iniciativa privada e que o poder público tem que andar junto", avalia.
Novos investimentos buscam reestruturar as termas e oferecer novas atrações ao público
Algumas obras já foram concluídas e outras estão em andamento, e o total pode passar dos R$ 3 milhões
Termas de Marcelino Ramos/Divulgação/JCO diretor das Termas de Marcelino Ramos, Rodrigo Vecchi, destaca a importância dos últimos investimentos em melhorias e adaptações do balneário. Algumas dessas obras já foram concluídas e outras estão em andamento. O total pode passar dos R$ 3 milhões e engloba desde reformas de revitalização até a construção de uma piscina de ondas que promete ser referência no Sul do País.
Na parte externa, o projeto de um playground na piscina infantil, para crianças de até 10 anos, deve ser inaugurado no dia 12 de outubro. Além disso, a piscina panorâmica foi totalmente reestruturada e, do outro lado do balneário, serão construídas nove piscinas de hidromassagem, visando principalmente o público idoso e familiar.
Uma das maiores expectativas, no entanto, recai sobre a construção da piscina de ondas. Será um complexo no terceiro patamar do balneário.
"É uma novidade muito grande, vai se tornar uma referência no Sul do País, porque nós não temos piscinas de ondas aqui na região. A mais próxima é em Foz do Iguaçu, depois ali em Gramado, num hotel, mas é uma coisa bem menor", afirma Vecchi.
Para viabilizar e compreender os desafios da obra, Vecchi visitou parques em diferentes cidades que possuem piscinas de ondas, como em Foz do Iguaçu e São Paulo. A piscina vai contar com uma lâmina d'água de 1.200 metros quadrados. A inauguração está programada para outubro de 2025.
Serão necessários pelo menos R$ 2 milhões para a obra. Desse valor, a parte civil custará R$ 1,2 milhão. Além disso, outro investimento é celebrado pelo diretor das Termas: trata-se de um grande projeto de acessibilidade, um elevador panorâmico que vai facilitar o deslocamento de um dos principais públicos do balneário.
"Nós recebemos grupos muito grandes de idosos e percebemos que isso é uma demanda recorrente no nosso parque, porque nós temos quatro patamares de instalações e o elevador é essencial. Estamos com um investimento de cerca de R$ 800 mil para esse elevador para o ano que vem", anuncia.
De acordo com o diretor das Termas de Marcelino Ramos, os investimentos trarão mudanças significativas para o balneário, até outubro de 2025.
"Queremos ser uma referência no Sul do País em termos de balneário, pela nossa estrutura, pelo nosso atendimento e pela nossa água termal, que é uma água diferente de outros balneários. Todos os dias as piscinas recebem uma nova água, elas são lavadas diariamente e tudo é natural aqui. Esse diferencial que Marcelino tem hoje é muito significativo. Se você quer uma água termal de qualidade, um lugar para descansar e para tratar a saúde, Marcelino Ramos é a referência", pontua.
O paraíso subterrâneo de Ametista do Sul
Minas passaram a receber as primeiras atenções turísticas a partir de 2004, mas o grande salto ocorreu em 2018
Prefeitura MUNICIPAL DE Ametista do Sul/Divulgação/JCAmetista do Sul é uma cidade de 7.650 habitantes (IBGE 2022), localizada na microrregião de Frederico Westphalen, a poucos quilômetros da divisa com Santa Catarina.O município tem um relevo acidentado, originalmente coberto pela mata atlântica, onde os indígenas da etnia Kaingang predominavam até o início do século XX. Mais tarde, mais pessoas começaram a se estabelecer na região e os primeiros grupos de imigrantes criaram núcleos na localidade.
Essa época marcou o início da mineração no Médio e Alto Uruguai, quando, por acaso, foram encontradas as primeiras pedras semipreciosas por ali. Com o início da exploração do minério, principalmente da pedra ametista, surgiram os primeiros garimpeiros e a atividade teve seu auge na década de 1970, com o foco na extração de pedras ametistas, gipsitas, citrinos e ágatas.
Entretanto, o município só se emancipou em 1992. Alguns anos mais tarde, as minas passaram a receber as primeiras atenções turísticas. Segundo Alcindo Zilch, presidente da Associação Regional de Turismo da Região das Águas e Pedras, o turismo começou a despontar em 2004, mas o grande salto se deu em 2018, com o foco na exploração do subterrâneo, com a abertura de restaurantes, piscinas, lojas, vinícolas e cervejarias, além de passeios e atividades.
"Como dizem alguns, Ametista do Sul é uma cidade subterrânea. Hoje, o turismo é a segunda principal economia do município. Nós passamos por uma crise muito grande no garimpo e o que salvou a cidade foi o turismo", relatou Zilch.
Ele se refere à operação do Exército ocorrida em julho do ano passado, que prendeu quinze pessoas por conta da fabricação e do uso de explosivos indevidamente, gerando a suspensão das atividades em pelo menos 150 garimpos. O caso gerou um efeito imediato na economia da cidade, afinal até 80% da arrecadação de Ametista do Sul é baseada no garimpo de pedras preciosas.
Zilch foi secretário de turismo do município até o final de junho deste ano e hoje também faz parte do conselho gestor do Fundo de Desenvolvimento do Turismo do Rio Grande do Sul. Ele esteve presente, no último dia 18 de setembro, no lançamento da Campanha Nacional de Turismo pelo governo gaúcho.
A campanha tem o objetivo de evidenciar o Rio Grande do Sul como um destino turístico de relevância no cenário brasileiro. Na ocasião, o secretário estadual de Turismo, Ronaldo Santini, destacou a diversidade do povo e das ofertas turísticas no Estado.
"Ser gaúcho é ser diverso, é ter na sua essência o respeito por todas as culturas", salientou. "Por pelo menos 30 anos, qualquer turista pode escolher o Rio Grande do Sul como destino turístico e não vai repetir a sua experiência, porque cada uma delas vai ser melhor do que a outra, cada uma delas vai ser mais inesquecível do que a outra".
A campanha surge como uma estratégia para atrair o turismo após as enchentes, que impactaram direta e indiretamente o setor, como foi o caso de Ametista do Sul. "Sofremos com reflexos da enchente, não diretamente, mas indiretamente, porque o Estado ficou isolado e nós perdemos muito. Mas, hoje, a cidade está preparada para receber os turistas, estamos com um movimento muito bom, temos muitas reservas de turistas do Brasil inteiro. Esperamos que isso se mantenha, porque há muitos investidores querendo melhorar nosso turismo", reforçou Zilch, que ressaltou ainda a importância da recuperação dos acessos à cidade, como em direção a Iraí, Planalto e Nonoai, além da pavimentação da estrada para Frederico Westphalen, em andamento.
"A comunidade está preparada com a estrutura única de turismo, que só se encontra em Ametista do Sul. Por isso, hoje a cidade é considerada um case de sucesso", afirmou. Apesar de todo esse reconhecimento, Zilch acredita que a cidade ainda está se estruturando como um destino turístico.
"Ametista do Sul é ainda uma criança, está em formação e tem muito espaço. Tudo o que pode ser pensado no subterrâneo nós temos lugar adequado para fazer. Tem espaço para meditação, passeios no subterrâneo de moto, de carro, de bugue. O turista chega para poder circular por dentro do garimpo, outros para poder meditar com tranquilidade num local totalmente silencioso. São várias opções que, dependendo da criatividade das pessoas, podem ser implantadas lá em Ametista", avaliou.
Hoje, o município tem entre 160 e 180 minas em atividade e muitas também desativadas, que recebem turistas de todo o Brasil e também do exterior. Zilch estima que a cidade receba pelo menos 150 mil turistas todos os anos. Por conta dessa alta procura, as reservas costumam estar lotadas principalmente em feriados e finais de semana. Segundo Zilch, a rede hoteleira ainda é pequena em Ametista do Sul. Por isso, ele recomenda que os turistas façam reservas antecipadas para poder aproveitar as atrações do município, que costumam surpreender mesmo turistas que viajam o mundo inteiro.
"A experiência do subterrâneo é única. Você pode celebrar um aniversário, uma festividade ou um simples passeio, jantando ou almoçando num restaurante ou numa galeria com mais de 200 metros de profundidade. Saliento que é um espaço totalmente seguro, as colunas de pedra dão toda a sustentação, então é uma experiência fantástica. Se banhar, degustar um vinho, um chope, comer bem, tudo no subterrâneo. É uma experiência para todos os gostos e idades e que só Ametista pode oferecer", concluiu.
Além das experiências nas minas subterrâneas como o Complexo Belvedere Mina, que oferece atividades e atrações como tirolesa, piscina, gastronomia e comércio, Ametista do Sul conta com atrações religiosas, culturais e esotéricas. A Igreja São Gabriel, por exemplo, é revestida de pedras ametistas. É um caso único no mundo, em que mais de 40 toneladas de pedras embelezam as paredes, o altar e imagens sagradas.
Igreja Matriz de São Gabriel é revestida com mais de 40 toneladas de pedras
Prefeitura de Ametista do Sul/Divulgação/JC
Igreja Matriz de São Gabriel é revestida com mais de 40 toneladas de pedras. Prefeitura de Ametista do Sul/Divulgação/JC
Outro monumento emblemático da cidade é a Pirâmide Esotérica. Também é revestida com pedras ametistas e é espelhada com vidros azulados e semitransparentes. A cidade conta ainda com o Ametista Parque Museu, com mais de dois mil exemplares de pedras raras do mundo inteiro. E, claro, uma ampla estrutura de comércio de pedras, com uma grande variedade de faixas de preço.
Histórico campo de batalhas vira turismo rural em Passo Fundo
Fazenda Tropeiro Camponez, localizada no Distrito de Pulador, em Passo Fundo
Tropeiro Camponez / Divulgação / JCAlém das águas termais de das minas de pedras, o Norte do Estado possui uma diversidade de paisagens naturais com potencial turístico. Trata-se de um espaço de flora e fauna variada, em que as araucárias dividem espaço com recortes florestais da mata atlântica e os campos nativos, em um relevo por vezes acidentado, com vales, encostas e quedas d'água, e outras vezes mais ondulado e quase plano, onde se pode ter uma vista panorâmica sobre pontos de maior elevação.
Há quedas d'água famosas, como a Cascata do Tigre, em Machadinho, e paisagens abertas como a do Parque Norte, em Viadutos. A geografia nativa também divide espaço com a agricultura e a pecuária. Pequenas propriedades baseadas na agricultura familiar são abundantes nessa porção do Estado. Algumas delas, inclusive, aliam a vivência agrícola com a preservação e a contemplação dos ambientes naturais.
É o caso da Fazenda Tropeiro Camponez, localizada no Distrito de Pulador, em Passo Fundo. O espaço está aberto desde 1999 e oferece uma gama de atividades de turismo rural. A fazenda está situada sobre uma coxilha, de onde se pode enxergar longas distâncias e apreciar a silhueta das cidades de Passo Fundo e Carazinho, por exemplo.
Local tem hortas, pomares, produção de ovos férteis em aviários e uma ampla área de matas, riachos, açudes e banhados
Tropeiro Camponez/Divulgação/JC
Local tem hortas, pomares, produção de ovos férteis em aviários e uma ampla área de matas, riachos, açudes e banhados. Tropeiro Camponez/Divulgação/JC
Por lá, existem hortas, pomares, produção de ovos férteis em aviários, além de uma ampla área de matas, riachos, açudes e banhados, num total de 110 hectares. De todo o território, 40 hectares são dedicados à preservação ambiental. A fazenda também dispõe de uma pousada preparada para os hóspedes que desejem desfrutar das programações durante o dia inteiro.
"Todas as atividades são feitas por nós, uma volta a cavalo, passeio de trem pela propriedade, no meio dos pomares. Para almoçar, um churrasco campeiro, que é aquele assado no espeto de pau e cravado no chão, e à tarde tem uma trilha no mato", conta o proprietário da fazenda, Leandro Lacourt.
Para a trilha, os turistas são levados por um grande trator por cerca de um quilômetro até o início da caminhada pela mata. Daí em diante, são mais dois quilômetros, em que é possível tomar banho nos pequenos riachos, além de participar brincadeiras e outras atividades dentro da água. Ao final, todos retornam para a sede da pousada para um café colonial.
"Tem quem venha só de manhã e almoça e volta para casa. Tem gente que prefere os passeios da tarde e tomam o café colonial. E nós temos o piquenique também. As pessoas compram uma cesta de comida e levam para comer no meio do campo aqui", explica Leandro.
Por ano, a Fazenda Tropeiro Camponez recebe entre 8 mil e 9 mil turistas. Desse total, Lacourt estima que 30% chegue da própria cidade de Passo Fundo e outros 40% do restante do Estado, principalmente das redondezas, num raio de aproximadamente 150 quilômetros. Outra parcela considerável é de pessoas de fora do Rio Grande do Sul e 3% do exterior.
Para manter o ambiente acolhedor e de um atendimento de qualidade, Leandro prefere manter um limite de visitantes. Dessa forma, a fazenda recebe no máximo 50 pessoas por dia.
"A gente implantou essa pousada e o nosso foco é trabalhar com menos pessoas, porque nosso cliente é mais exigente, são famílias, então a gente prefere evitar a maior quantidade de pessoas pra manter esse ambiente mais tranquilo. Tem bastante espaço, dá pra brincar, conversar. Então nosso objetivo é manter esse limite de pessoas, para manter a qualidade para o público", esclarece.
Inclusive, Leandro tem deixado de receber alguns eventos como casamentos ou outras festividades. A prioridade é dada aos passeios e às atividades rurais, que são o grande diferencial do espaço, sem falar na gastronomia.
"Grande parte do que é oferecido é produção daqui da fazenda. A comida é uma comida caseira, bem temperada, feita no fogão a lenha, então fica diferenciada. Se quiser comer uma comida boa e passar um dia bem descansado de lazer com toda a família, nós temos esse espaço para isso".
Além desses atrativos, outro ponto gera o interesse histórico e cultural dos visitantes: a fazenda fica no lugar onde ocorreu a Batalha do Pulador, o embate mais sangrento da Revolução Federalista, no final do século XIX. Inclusive, resistem por lá os marcos da batalha, utilizados para contar a história do combate.
"São histórias contadas pelos antigos, que minha vó contou para minhas tias assim por diante. A gente faz um resumo prático, não tanto o que foi a revolução mesmo", comenta.
A Fazenda Tropeiro Camponez funciona de terça a domingo, das 9h às 18h. Apesar do sucesso do turismo na propriedade, Leandro sente falta de mais atividades turísticas na região de Passo Fundo.
“Nós precisamos de mais para criar essa cultura. Recebemos muita gente de fora do Estado e não têm atividade por perto. Nós temos as atividades aqui na fazenda, mas faltam mais lugares para não ficar monótono. A gente precisa aumentar esses pontos para receber o pessoal e ter mais atividades aqui na região", avalia.
*Gabriel Eduardo Bortulini é graduado em Jornalismo pela UFSM e tem mestrado e doutorado em Escrita Criativa pela PUCRS. É um dos fundadores da Oxibá Casa da Escrita, onde trabalha com leitura crítica e lapidação de textos. Tem textos publicados em jornais, livros e revistas. "Refúgio para bisões", seu romance de estreia, conquistou o terceiro lugar no prêmio Biblioteca Digital do Paraná e foi publicado pela Matria Editora, em 2024.