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Publicada em 13 de Setembro de 2024 às 17:11

A situação econômica do RS e o aumento nos pedidos de recuperação judicial

Henrique Carraro Ficagna, advogado do escritório FSS Advogados

Henrique Carraro Ficagna, advogado do escritório FSS Advogados

/ FSS Advogados/Divulgação/JC
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Jornal do Comércio
 
 
A recuperação judicial é um processo legal que permite que empresas em dificuldades financeiras busquem reestruturação para evitar a falência e continuar suas atividades. O objetivo é preservar a empresa, manter os empregos e satisfazer, de forma parcial ou total, os credores. Durante o processo, a empresa deve apresentar um plano de recuperação que precisa ser aprovado pelos credores e homologado pelo juiz. Esse plano geralmente inclui a reestruturação das dívidas e a implementação de mudanças operacionais para melhorar a viabilidade financeira da empresa.
O estado do Rio Grande do Sul, como muitos outros estados brasileiros, tem enfrentado uma série de desafios econômicos que têm impactado as empresas locais. Entre os principais fatores que contribuíram para o aumento dos pedidos de recuperação judicial nos últimos anos, está a crise econômica, gerada pela recessão significativa nos últimos anos, com aumento de custos e queda na demanda de produtos e serviços.
As variações nos preços das commodities, como soja ou petróleo, que são importantes para a economia do Rio Grande do Sul, podem afetar a saúde financeira das empresas. Além disso, o aumento na tributação também afetou significativamente o desempenho dos contribuintes. Não obstante isso, a própria má gestão, a falta de planejamento estratégico, ou mesmo a simples precificação errada de produtos e serviços, contribuem para o aumento da margem negativa empresarial, que acaba invariavelmente perante o poder judiciário.
Esses fatores combinados têm levado a um aumento nos pedidos de recuperação judicial no Rio Grande do Sul, refletindo as dificuldades econômicas enfrentadas pelas empresas locais. A recuperação judicial se torna uma ferramenta crucial para ajudar essas empresas a superar crises financeiras e buscar uma trajetória mais sustentável no futuro.
As enchentes de maio em nosso estado tiveram e têm um impacto significativo na economia gaúcha, afetando diversos aspectos da vida social e econômica. Esses eventos climáticos extremos podem causar danos substanciais à infraestrutura, ao setor agrícola e à indústria, além de impactar diretamente a vida das pessoas, com a falta de acessibilidade a localidades, o aumento no custo de seguros, especialmente naqueles mais impactados, de imóveis e veículos, bem como a própria repercussão social e psicológica destes eventos, que impacta na produtividade e na qualidade de vida de maneira indireta.
A combinação desses fatores pode criar um ciclo de dificuldades econômicas que se estende por um longo período após as enchentes. A resposta eficaz a esses eventos requer planejamento, investimentos em infraestrutura resiliente e políticas de gerenciamento de risco para minimizar os impactos futuros.
Assim, a combinação de todos estes fatores, seja de forma direta ou indireta, fez com que houvesse um aumento significativo nos pedidos de recuperação judicial no estado do Rio Grande do Sul no primeiro semestre do ano de 2024, e acaba por colocar o poder judiciário como o principal responsável em fiscalizar, seja através da figura do administrador judicial, seja através do Ministério Público, o cumprimento da lei e o real soerguimento econômico da empresa demandante deste benefício legal.
 

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