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Publicada em 01 de Setembro de 2024 às 16:00

Campos de Cima da Serra abre horizontes para o turismo não convencional

/Urbia/Divulgação/JC
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Carmen Carlet, especial para o JC*
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Os Campos de Cima da Serra, região também conhecida como Campos de Vacaria, fica no Nordeste do Rio Grande do Sul, conta com municípios cercados pelos cânions dos Aparados da Serra e pela serra de Santa Catarina. Reconhecida como rota turística em 2019, a área abrange municípios como Vacaria, Cambará do Sul e Bom Jesus, e oferece uma paisagem variada de campos, rios e cachoeiras, com altitudes que chegam a 1.400 metros. Com uma temperatura média de 16,3°C, a região também se destaca pela preservação da herança cultural alemã e italiana, que se reflete em festas, culinária e arquitetura.
 

A serra dos vales profundos desperta a atenção dos turistas

Região é coberta por campos e planaltos, recortados por rios, cachoeiras e vales profundos, e a topografia é ampla com altitudes que variam de 700 a 1.400 metros

Região é coberta por campos e planaltos, recortados por rios, cachoeiras e vales profundos, e a topografia é ampla com altitudes que variam de 700 a 1.400 metros

/BR Expedições/Divulgação/JC
Localizada na parte mais alta do Rio Grande do Sul, no extremo nordeste gaúcho, a região dos Campos de Cima da Serra - ou Campos de Vacaria como também é conhecida -
é cercada a leste pelos cânions dos Aparados da Serra e, ao norte, pela serra da vizinha Santa Catarina. A região é relativamente jovem no quesito turismo, visto que somente em 2019 foi reconhecida a Rota Turística dos Campos de Cima da Serra, por meio de Projeto de Lei (PL) sancionado pelo governador Eduardo Leite e composta pelos municípios de Vacaria, Ipê, Pinhal da Serra, Muitos Capões, São José dos Ausentes, Monte Alegre dos Campos, Esmeralda, Campestre da Serra, Bom Jesus e Cambará do Sul. Embora não façam parte oficial da rota turística, outras cidades como Jaquirana, Lagoa Vermelha e São Francisco de Paula também compõem a região e contribuem com seus encantos para atrair visitantes que buscam alternativas aos roteiros tradicionais.
Geograficamente, a região é coberta por campos e planaltos, recortados por rios, cachoeiras e vales profundos. A topografia é ampla, com altitudes que variam de 700 a 1.400 metros acima do mar, sediando, inclusive, o ponto mais alto do Rio Grande do Sul - o Pico do Monte Negro, em São José dos Ausentes - entre outras inúmeras paisagens com vistas panorâmicas e temperatura média anual 16,3°C. Além da exuberante beleza natural, os Campos de Cima da Serra também preservam uma forte herança cultural com influências das colonizações alemã e italiana. Essa fusão se manifesta em festas típicas, culinária farta e arquitetura que conferem um charme extra e peculiar à região.
De acordo com Daniela Ligabue, turismóloga da Secretaria de Turismo de Vacaria, a região é destaque no cenário nacional pelos seus atrativos naturais, onde sobressaem-se os dois parques nacionais localizados no município de Cambará do Sul, junto com cachoeiras e trilhas, "eles se tornaram os principais produtos procurados pelos turistas", avalia a profissional ao destacar que existe muito mais na região, como aventura, turismo rural e ambiental.
Recentemente, um novo segmento tem sido destaque: o enoturismo que, como acontece em outras regiões já consolidadas, vem ganhando espaço na preferência dos turistas. A especialista conta que o enoturismo tem despontado como um novo atrativo, pois as diferenças de altitude, relevo e clima, resultam em rótulos bem diferenciados dos produzidos nas demais regiões produtoras de vinhos do Estado.
Em 2017, foi criada a Associação de Vitivinicultores dos Campos de Cima da Serra, formada por seis vinícolas estabelecidas, e com duas delas já oferecendo o produto: a Vinícola Campestre, de Vacaria, e a Vinícola Família Lemos de Almeida, do município de Muitos Capões. "Já existem projetos de ampliação por parte destas e acreditamos em um futuro próximo outras irão investir neste segmento", antecipa Daniela.
Embora o turismo venha crescendo ele ainda não é a principal fonte de renda - assim como o é na região das Hortênsias. Conforme avalia Daniela, na maioria dos municípios dos Campos de Cima da Serra, as principais atividades estão ligadas à produção agrícola e rural.
"Mas, a cada ano, vemos um aumento significativo na contribuição do setor turístico como incremento às receitas municipais", projeta a turismóloga ao lembrar que a coleta e organização destes dados ainda está em fase inicial e hoje conta com uma recente ferramenta: o Observatório de Turismo da Serra Gaúcha, onde os municípios dos Campos de Cima da Serra estão inseridos e devem iniciar em breve a alimentação do sistema.
Para ajudar a fomentar o desenvolvimento do turismo, o Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Região dos Campos de Cima da Serra (Condesus) construiu um planejamento estratégico para o período 2021/2025 que deve promover geração de emprego, renda e empreendedorismo, valorização histórica e cultural e a preservação ambiental da região.
Para tanto, o plano objetiva consolidar os Campos de Cima da Serra como destino turístico de reconhecimento nacional, ter uma mão de obra qualificada, capacitação dos gestores públicos do turismo, além de promover a integração dos municípios com a criação de rotas intermunicipais, entre outros.
Os municípios da região contam com diferentes realidades em se tratando de hospedagens e gastronomia. Naqueles onde o turismo é mais desenvolvido, existem variedades de opções, para atender os visitantes. Daniela elenca que a região conta com hotéis que são referência em sustentabilidade e que oferecem experiências únicas, bem como pequenas pousadas rurais, onde o hóspede pode viver o cotidiano campeiro. Já a gastronomia é muito rica, oferecendo desde a comida típica regional, contemplando produtos locais como pinhão, frutas e queijo serrano, até lugares com refinada cozinha internacional.
 

Governo do Estado investe em infraestrutura

/Paulo Brack/Arquivo Pessoal/JC
Em 2022, por meio do programa Avançar Turismo, o governo gaúcho aplicou R$ 1,37 milhão na infraestrutura da região. Entre os investimentos, foram direcionados cerca de R$ 500 mil para melhorias no Parque Assis Santos Rodrigues, em Bom Jesus. O projeto contempla construção de arquibancadas e banheiros, com objetivo de aumentar o fluxo e incrementar a renda dos empreendedores locais. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado do Rio Grande do Sul (Setur RS), no total, Bom Jesus recebe cerca de 20 mil turistas por ano.
Outra aplicação relevante de recursos foi R$ 483,8 mil destinados ao Condesus para 55 pins com QRCode que leva o turista a ter acesso às informações dos atrativos da região. Para Jaquirana, foram repassados R$ 400 mil para pavimentação da rua Vera Cruz, que dá acesso ao Mirante do Cristo Redentor.
O total do Valor Adicionado Bruto (VAB) do turismo dos Campos de Cima da Serra foi de R$ 1,6 milhão, conforme dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este número corresponde a 0,7% do total do Estado. Na região, 56% dos empregos relacionados às atividades turísticas são decorrentes de restaurantes e outros estabelecimentos e serviços de alimentação e bebidas e 27,6% dos empregos são referentes a hotéis e similares.
 

O que fazer na região?

Bom Jesus: Considerado um município essencialmente agrícola, onde o tradicionalismo está presente no dia a dia da comunidade. Os principais eventos realizados são o Rodeio Crioulo, torneios e o Seminário Nacional de Tropeirismo, tendo como objetivo principal divulgar a história, cultura, gastronomia e artesanato local. Atrações: Rota das Cascatas, Barragem Rio dos Touros, Funil da Água Branca, Cachoeira do Rio Cerquinha.
Cambará do Sul: Seus cânions fazem parte do Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, reconhecido pela Unesco. Capital gaúcha do mel. No inverno, é destaque no ranking de baixas temperaturas, chamando atenção pela geada e a incidência de neve. Atrações: Parque Nacional de Aparados da Serra, Passeio do Mel.
Campestre da Serra: Uma obra do início do século passado chama atenção dos turistas. A Ponte do Korff é uma ponte metálica, com assoalho de madeira e pilares de pedra, inaugurada em 1907. A ponte tem 108 m de comprimento e 19,6 m de altura e foi toda construída com rebites.
Esmeralda: Forte turismo rural, valorizando a cultura campeira. A cidade tem orgulho de ter sediado o primeiro tiro de laço, que deu origem aos rodeios de hoje. Atrações: Parque dos Rodeios, Santuário Senhor Bom Jesus.
Ipê: Atualmente recebe o título de "Capital Nacional da Agroecologia". Colonizada desde o Século XIX por imigrantes italianos que trouxeram consigo os costumes observados na arquitetura, gastronomia e tradições cultuadas até os dias de hoje. Atrações: Cachoeira Dona Odila, Azeiteria Vinciteri, Ponte Férrea do Rio Saltinho.
Jaquirana: A cidade oferece uma experiência única para os amantes da natureza e da tranquilidade. Uma curiosidade é a escadaria que leva ao Mirante do Cristo Redentor com 167 degraus, os quais indicam as contas do rosário. No Morro da Cruz, também é possível conhecer a Trincheira da Revolução de 1923. Atrações: Cachoeira das Três Quedas, Cachoeira do Funil, Cachoeira Rodeio das Pedras, Cânion Perau Branco.
Lagoa Vermelha: É conhecida por oferecer o melhor churrasco do Brasil, por isso não faltam churrascarias e restaurantes que servem os mais deliciosos cortes.
Monte Alegre dos Campos: O município é pequeno, conserva antigos costumes e mantém forte a religiosidade. Por seus caminhos, o visitante tem a oportunidade de conhecer diversas capelas, que homenageiam os santos protetores e que abençoam cada distrito de Monte Alegre dos Campos. O município apresenta exuberâncias naturais que encantam os visitantes, com campos, serras, rios cristalinos, araucárias, penhascos e cachoeiras.
Muitos Capões: O município possui atrativos turísticos com potencial contemplativo, histórico, cultural, ecológico e aventura. Sua economia baseia-se na agricultura, agropecuária e fruticultura. A Festa do Pinhão, o Rodeio Intermunicipal e o Natal na Praça são os principais eventos. Atrações: Quatro Quedas da Sanga Jovelina, Usina e Cachoeira do Rio Saltinho.
Pinhal da Serra: O turista se surpreende com as paisagens, como a proporcionada pela Usina Hidrelétrica Barra Grande, considerada a segunda mais alta do mundo. O roteiro pelo interior do município leva a paisagens bucólicas e naturais. A Festa da Semana Farroupilha, tradicional nos Campos de Cima da Serra, associa atividades de cultura, tradição e lazer, integrando atividades e povos. Atrações: Parque Arqueológico, Cascata Celso Cardoso.
São Francisco de Paula: Destino localizado entre a Serra Gaúcha e os Campos de Cima da Serra, no caminho entre Gramado e os cânions, com paisagens de belos campos com araucárias e inúmeras cachoeiras, onde se pode percorrer trilhas e passear a cavalo. O turista pode reservar um tempo para as compras de artigos de couro e lã de ovelha. Atrações: Lago São Bernardo, Mátria Parque das Flores, Parque das 8 Cachoeiras
São José dos Ausentes: Cidade marcada pelas baixas temperaturas tem o ponto mais alto do Rio Grande do Sul, o Pico Monte Negro, com 1.403 metros de altitude em relação ao nível do mar. Atrações: Cânions (Monte Negro, Amola Faca, Boa Vista, Tabuleiro, Coxilha, Realengo, entre outros).
Vacaria: Também conhecida como a "Porteira do Rio Grande", por sua localização na divisa com Santa Catarina. O município é o maior produtor de maçãs do RS e segundo do Brasil. É terra do Rodeio Internacional, considerada a maior Festa Tradicionalista da América do Sul. A Vinícola Campestre é um cartão postal da cidade. O ambiente moderno e acolhedor convida os turistas a apreciar as delícias locais e a conhecer a cultura vinícola da região.
 

São Chico está na rota dos investimentos da hotelaria com padrão internacional

Ao todo, 14 cabanas-pipa foram construídas a partir de barris de vinhos repaginados para receber os hóspedes

Ao todo, 14 cabanas-pipa foram construídas a partir de barris de vinhos repaginados para receber os hóspedes

/Cid Guedes/Divulgação/JC
Rafael Castello Costa, secretário de turismo de São Francisco de Paula, conta que, embora muito longe do que passaram outras regiões, a Serra está começando a se recompor da tragédia climática vivida pelos gaúchos em maio deste ano. "Temos muitas estradas vicinais e muitos pontilhões que ligam os distritos que foram colapsados", afirma. Embora, em sua visão, o impacto foi muito mais socioeconômico em função das RS-020 e RS-235 que tiveram deslizamentos, o que resultou na queda da afluência turística. No entanto, a recuperação deste período de baixa já iniciou com a programação de eventos para o próximo verão, como o Paralelo Festival que acontecerá entre 30 de novembro e 1º de dezembro - maratona musical com nomes nacionais - e o São Chico Beatle Festival, na terceira semana de janeiro de 2025 - com bandas de renome em tributo ao quarteto de Liverpool.
Antevendo o potencial de crescimento turístico na região, Costa destaca os aportes que vêm da iniciativa privada em São Francisco de Paula. O secretário estima mais de R$ 1 bilhão em investimentos em novos empreendimentos, destacando entre eles os resorts de Grêmio e Internacional e também o Colline de France. "Tudo muito em função de estarmos fazendo o dever de casa e trazendo um maior fluxo turístico através da estruturação criada pelo poder público".
Laghetto Sports Resort - resultante da parceria entre a BR Resorts e a Laghetto Hotéis - é uma das promessas para levar muitos torcedores colorados e gremistas à região a partir de 2029, quando ficarão prontos e funcionarão através de cotas de uma a duas semanas. Com investimento de R$ 1 bilhão, os resorts da dupla Grenal estarão localizados lado a lado com 461 apartamentos cada e infraestrutura que permitirá aos hóspedes vivenciar o dia a dia de um estádio com campo de futebol com medidas oficiais, túnel de acesso, vestiário para os dois times e arbitragem, além de salas de aquecimento completamente tematizadas e academia profissional, entre outras atrações.
De acordo com Gustavo Kinzel, sócio da Laghetto Sports Resort, foram realizadas pesquisas com antropólogos e historiadores para que cada canto do resort fosse fiel à história e à paixão que movem os clubes e as torcidas. Kinzel conta que um dos motivos da escolha de São Francisco para sediar o empreendimento foi sua localização estratégica, próxima de grandes polos emissores de fluxo, além do crescimento de sua importância no mapa turístico regional.
Eleito melhor hotel do mundo em 2021 pelo TripAdvisor, o gramadense Colline de France está ampliando a experiência para outros lugares. São Francisco de Paula - juntamente com Balneário Camboriú (SC) e Miguel Pereira (RJ) - deve receber até 2028 uma unidade do grupo. O Colline de France São Francisco de Paula já está com o projeto aprovado e contará com 45 apartamentos além de contribuir com a cidade através da geração de 60 empregos diretos. De acordo com a diretora do Colline de France, Ana Clara Grings Tomazi, cada novo hotel está recebendo investimentos que variam entre R$ 60 milhões e R$ 70 milhões.
"A estratégia para termos uma equipe tão comprometida e um serviço de padrão tão elevado será a mesma nas novas unidades. Acreditamos que o primeiro e um dos mais importantes passos nessa caminhada é a seleção dos integrantes de nossa equipe", complementa a empresária. Duas holdings estão à frente da ampliação: uma formada pelos fundadores e a outra por investidores de outros estados.
Mas quem já quer aproveitar agora a exuberância da região tem algumas opções consideradas experiências completas. Inaugurado há dois anos e desde o final de 2023 sob a gestão da Bourbon Hospitalidade, empresa 100% brasileira com 60 anos de atuação no mercado, o Bourbon Serra Gaúcha recebeu, em janeiro deste ano, o Traveller Review Awards 2024, prêmio conferido anualmente pelo site Booking.com e que reconhece a excelência em hospitalidade de alguns dos principais players do segmento no mundo.
Para alojar os hóspedes, oferece 45 acomodações: 20 bangalôs que permitem apreciar as estrelas através de claraboias, 14 cabanas-pipa construídas a partir de barris de vinhos repaginados, duas casas completas e nove apartamentos de luxo, todos com ofurôs, lareiras e decoração primorosa. A gastronomia segue um alto padrão de qualidade com o Lalo Cabaña servindo as principais refeições do dia. Do café da manhã ao jantar, o local é um ponto de encontro gastronômico com parrilla, forno à lenha e cozinha à vista para os hóspedes assistirem a preparação dos pratos, além de contar com palco para shows e lareira.
As adegas são uma atração à parte para enólogos e apreciadores dos bons vinhos, trazendo uma seleção apurada de rótulos nacionais e internacionais. A referência às vinícolas locais, aliás, pode ser percebida, ainda, nos acabamentos em madeira utilizados no mobiliário nos principais pontos do empreendimento. O resort funciona com regime de pensão completa.
Outro espaço que chama atenção é o Castelo MontSalvat. Localizado a apenas três quilômetros do centro de São Francisco, caracteriza-se por ser um empreendimento temático criado para atender eventos sociais e corporativos com pegada diferenciada. Inspirado na estética dos castelos celtas da Europa Setentrional, possui estilo neogótico e encontra-se em meio a uma exuberante área de preservação.
De acordo com os irmãos Manuela Caringi de Turnes Amato e Antônio Caringi de Turnes, sócios-proprietários, o Castelo MontSalvat foi projetado para ser um espaço imersivo de eventos e hospedagem, fomentando insumos e serviços locais criados especificamente para ele, ressaltando o turismo rural temático e autossustentável na Serra Gaúcha. A área interna do Castelo é composta por múltiplos ambientes, sendo eles: Hall dos Tronos, Mezanino, Salão Galahad e Capela de Pedra, decorada com elementos inspirados na iconografia bizantina.
Todos os espaços foram minuciosamente decorados com artefatos epocais, reverenciando desde a arte produzida em solo europeu até acervo do artista plástico gaúcho Antônio Caringi, proporcionando aos visitantes uma imersão histórica universal e regional. O MontSalvat está aberto a visitações e também dispõe três suítes para hospedagem.
 

Urbia investe mais de R$ 55 milhões em parques

No cânion Fortaleza está localizada a maior tirolesa da América do Sul

No cânion Fortaleza está localizada a maior tirolesa da América do Sul

/Urbia/Divulgação/JC
Presente no Rio Grande do Sul desde 2021, quando assinou o contrato de concessão por 30 anos com o Ministério do Meio Ambiente e com o Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio), a Urbia administra os Parques Nacionais de Aparados da Serra e da Serra Geral e suas principais áreas de visitação: Cânion Fortaleza, Cânion Itaimbezinho e Rio do Boi, situadas em Cambará do Sul e em Praia Grande, cidade localizada em Santa Catarina.
Desde agosto de 2023, a empresa vem implementando melhorias nos parques gaúchos, resultando em investimentos de mais de R$ 55 milhões em infraestrutura. De acordo com a Urbia, tudo vem sendo feito de forma a valorizar a região, priorizando, inclusive, a contratação de mão de obra local. Além disso, a Urbia injetou em média R$ 7 milhões por ano na economia local, somente em salários, e recolheu R$ 329 mil em Imposto Sobre Serviço (ISS), no ano passado.
Entre as melhorias nos parques estão a implementação de sistemas de primeiros socorros, sistemas de comunicação, de segurança e vigilância, limpeza, manutenção e revitalização. Também foram executadas reforma e manutenção nas estruturas existentes, como os serviços de alimentação (cafeteria, restaurante e refeições rápidas), locação de bicicletas no Itaimbezinho, atrativo de aventura (Tirolesa, no Fortaleza, a maior da América do Sul), reabertura e manejo da trilha do Quebra-Cangalha no Fortaleza e gestão de resíduos.
Também é realizado um trabalho de conscientização ambiental com os visitantes. Esse cuidado faz com que espécies ameaçadas de extinção, como o lobo-guará, sejam avistados com cada vez mais frequência nos cânions. Falando de futuro, a Urbia conta que, em breve, será lançado um projeto educacional para escolas e, ainda em desenvolvimento, está a configuração de espaços para atenção ao visitante, além de projetos como amanhecer e entardecer nos cânions. Para maximizar a experiência dos visitantes, a concessionária estipulou que ao adquirir a entrada - R$ 97,00 inteira - o turista poderá ter até três acessos aos cânions Itaimbezinho e Fortaleza no período de sete dias.
Mesmo assim, o valor do ingresso foi pauta de uma audiência pública no início de agosto por reclamações de parte da comunidade que afirma ter havido queda no turismo após a concessão dos parques. Na oportunidade, a chefe substituta do ICMBio no parque, a analista ambiental Eridiane da Silva, afirmou que existe uma negociação desde o início do ano para que um termo aditivo seja aplicado ao de concessão. O objetivo é que seja criado um subsídio, com a União repassando recursos à concessionária como forma de reduzir o preço das entradas. Apesar da negociação, ainda não há informações do possível valor do subsídio e nem um prazo para o processo ser finalizado.
 

Aventura em expedições sobre rodas leva a lugares elaborados

De uma paixão familiar por explorar diferentes lugares com paisagens intensas e exuberantes surgiu o projeto que proporciona e incentiva o gosto por aventuras em um veículo com tração nas quatro rodas. Com roteiros cuidadosamente elaborados para levar seus clientes a explorarem novos espaços no mapa verde e de águas, Gian Debiasi criou a Brasil Expedições em 2020. A ideia é proporcionar experiências e memórias inesquecíveis. Trata-se de uma proposta para vivenciar a emoção na prática com roteiros que contemplam diferentes intensidades ajustados para todos os públicos, incluindo pessoas com deficiências, além de bebês, crianças e idosos. E, conforme Debiasi, a faixa de aventureiros é vasta: dos 25 aos 76 anos.
Além do atrativo em meio à natureza, a expedição envolve hospedagem em hotéis e refeições em restaurantes, proporcionando um envolvimento com as cidades por onde passam os roteiros.
Com cronogramas planejados com antecedência, Debiasi já anuncia o desbravamento dos Cânions de Cambará do Sul e região em janeiro do próximo ano. No roteiro estão o Cânion Cambajuba e Cachoeira do Nassuca, além da travessia e cachoeira do Passo do S, no Parque Estadual do Tainhas, localizado no vale do Rio Tainhas, no trecho situado entre os arroios Taperinha e do Junco. Quem quiser olhar as paisagens de outro ponto de vista, pode incluir um voo de balão. A expedição será coordenada pelo próprio Debiasi e terá um roteiro intenso com momentos em 4x4 off-road para desbravar caminhos, como adianta o empreendedor. A expedição envolverá passeios, acomodação e refeições ao preço médio de R$ 3 mil para duas pessoas.
 

Mel produzido em Cambará do Sul é destaque nacional

Passeio do Mel permite ao visitante conhecer um pouco da história da apicultura e da identificação de espécies melíferas

Passeio do Mel permite ao visitante conhecer um pouco da história da apicultura e da identificação de espécies melíferas

/Apiário Cambará/Divulgação/JC
Além de ser a "terra dos cânions", Cambará do Sul é reconhecida, também, como a Capital do Mel de Florada Nativa. A Lei assinada pelo governador Eduardo Leite, em abril deste ano, veio em reconhecimento ao Projeto de Lei de autoria do deputado estadual Zé Nunes, do Partido dos Trabalhadores (PT), que, ao propor o reconhecimento, destacou que, além do turismo, movimentado pelas belezas naturais da cidade, a produção agropecuária tem papel fundamental na economia local e a produção de mel é uma atividade destacada pela diversidade e qualidade. A região dos Campos de Cima da Serra é privilegiada pela natureza com campos nativos, que se somam às florestas do Bioma Mata Atlântica e com formações geológicas que talham os imponentes cânions.
Segundo levantamento do gabinete do deputado, o município de Cambará conta com 42 mil hectares de mata nativa. "Com essa diversidade ecológica, produz-se vários tipos de mel, com qualidade reconhecida nacional e internacionalmente", explica Nunes, que é coordenador da Frente Parlamentar da Apicultura e Meliponicultura. Este tipo de mel é produzido a cada dois anos, por isso apresenta sucesso no mercado internacional, com alto valor agregado.
Cambará do Sul já tem seus apicultores organizados através da Associação Cambaraense de Apicultores (Acapi) e da Associação dos Apicultores dos Campos de Cima da Serra (Apicampos). A região está em processo de consolidação da Rota do Mel dos Campos de Cima da Serra, que deve articular vários municípios em projetos de desenvolvimento territorial. "Diante desse contexto geográfico, ambiental, econômico e histórico, avalio que o município de Cambará do Sul, que tem na atividade uma base produtiva fundamental envolvendo aproximadamente 120 produtores, merece o título", afirma Nunes.
Para tornar o produto mais uma atração na região, a Secretaria de Turismo de Cambará do Sul incluiu o Passeio do Mel em seu site, uma forma de divulgar a importância das florestas nativas e do mel silvestre, além de convidar os visitantes a se encantarem com o doce sabor. Aliás, duas agroindústrias produtoras de mel - o Apiário Cambará e Apicultura do Máximo - estão entre as dez melhores do País e entre as cinco melhores na categoria Mel Claro do Brasil, segundo o Prêmio CNA Brasil Artesanal 2024, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Liane Castilhos, que comanda o Apiário Cambará, conta que a história começou com seus pais, em 1982. Hoje a empresa, além de produzir mel, também promove o Passeio do Mel, que leva os turistas a uma experiência sensorial. No passeio, o visitante tem a oportunidade de conhecer um pouco da história da apicultura, a identificação de espécies melíferas, variações de sabores de acordo com a floração e organização do apiário, entre outras atividades. Ao final, são brindados com um piquenique com produtos locais e à base de mel, bem como degustação de diversos tipos de mel.
De acordo com Liane, o Sebrae RS foi fundamental tanto nas consultorias de aprimoramento do empreendimento, quanto no apoio durante a mudança da rotulagem. A empreendedora afirma que hoje tem um produto que pode ser comercializado em qualquer lugar, principalmente depois do Selo Arte (certificado de identidade e qualidade, que possibilita o comércio nacional de produtos alimentícios elaborados de forma artesanal). "Atualmente, participo de eventos pelo Brasil, tenho meu mel em pontos do Rio Grande do Sul e em outros estados", ressalta Liane, ao citar também o produto como uma clássica atração turística na região.
Já, Adriana De Bortoli da Silva, proprietária da Apicultura do Máximo, localizada em Jaquirana, explica que o negócio começou quando seu marido herdou a profissão do bisavô, pioneiro no segmento em Cambará do Sul. A família já está na quinta geração de apicultores e, após um processo de profissionalização e cursos, também auxiliado pelo Sebrae RS, o negócio prosperou.
"Em 2008, começamos com o trabalho na apicultura, e em 2014 ocorreu a construção da nossa agroindústria familiar. Em 2019, meu marido faleceu e optei por prosseguir no negócio", conta. Em 2020, a Apicultura do Máximo foi premiada no Concurso de Qualidade do Mel dos Campos de Cima da Serra.
 

 * Carmen Carlet, jornalista formada pela Famecos, Pucrs. Atuou como colunista, repórter e correspondente de veículos especializados em propaganda e marketing. Atualmente, trabalha com assessoria de comunicação, produção de conteúdo e conexões criativas.

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