O Rio Grande do Sul, atingido pelo pior desastre climático de sua história, ainda mal começou a "juntar os cacos" dos destroços de suas cidades e suas atividades econômicas. A água das inundações ainda sobe no Sul do Estado e ainda não voltou ao seu nível normal na Região Metropolitana de Porto Alegre em mais de 20 dias desde o início das chuvas sem precedentes que caíram no estado no mês de maio.
No entanto, mesmo em meio a essa tentativa de se reerguer, que empresários de todas as regiões do RS e todos os portes já convivem com a perspectiva de que essas ocorrências fazem parte de um "novo normal": um estado permanente de emergência climática, que alonga a duração e intensifica as característica dos fenômenos que os gaúchos conhecem bem, como vendavais, estiagem e as próprias inundações; e trazem novos desafios, como a pandemia de covid e a ocorrência de doenças que eram pouco comuns na Região Sul, como a dengue, e que agora se prolifera com rapidez.
Essa realidade inevitável e assustadora coloca sobre os ombros de toda a sociedade civil a responsabilidade de se antecipar à próxima catástrofe climática que assolará o RS - e que ninguém sabe exatamente quando acontecerá -, por meio de ações que, ainda que não possam evitar a ocorrência desses fenômenos, têm o propósito de mitigar danos e garantir mais segurança ao funcionamento da sociedade, salvando não só vidas, mas também permitindo a continuidade das atividades econômicas e vocações do estado.
"Tenho a impressão de que o empresariado, de um modo geral, ainda não incorpora muito a noção de risco em suas decisões", opina o engenheiro Guilherme Fernandes Marques, que coordena o Núcleo de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos do Instituto de Pesquisas Hídricas (IPH) da Ufrgs. "Muitas pessoas habitam e investem em áreas cujos riscos elas desconhecem. Isso precisa ser melhor entendido e absorvido, assim como a relação desses riscos com a cadeia produtiva das regiões do estado", pontua, a exemplo dos próprios reflexos que os danos nas empresas atingidas pela enchente de maio gera para outros setores não diretamente afetados nas inundações.
O aumento de ocorrências de clima severo não só no RS, mas no Brasil e no mundo, sustenta Marques, "está trazendo outra perspectiva de risco para os negócios, e o setor empresarial precisa entender melhor como ocorrem essas mudanças, para ter a capacidade de mudar suas decisões".
De acordo com o engenheiro, um parâmetro dessa necessidade se dá no chamado "período de retorno", o tempo médio que se passa entre duas ocorrências extremas. "Isso precisa ser recalculado. Se a gente constrói uma ponte com 50 anos de período de retorno, agora terá de construir com mais, para dar mais segurança", exemplifica, enfatizando que o risco precisa ser calculado já considerando as mudanças no clima, "porque elas já são reais".
"Sem contar o último ano, nos últimos 124 anos foram quatro eventos de cheia extrema no RS. E aí, só nos últimos oito meses, tivemos três eventos. Isso mostra, de forma praticamente inequívoca, que já vivemos sob outra realidade de risco", explica. "Dez anos atrás, uma tinha preocupações diferentes. Era o mercado, era a crise na Ásia ou na China. Hoje, além de tudo isso, tem a questão do risco climático. Então acho que isso precisa ser mais claramente comunicado para a sociedade", alerta.
A gestão de riscos e a preparação para desastres pode significar uma capacidade mais ágil na retomada dos negócios. Dados da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (FEMA) do governo dos Estados Unidos, que tem uma robusta rede de prevenção e mitigação de desastres, 40% das empresas não volta a funcionar após ser atingida por uma catástrofe; outras 25% acabam encerrando atividades no período de um ano.
No Brasil, ainda que o levantamento e gestão de riscos não seja uma prática desconhecida para empresas de diferentes portes - em alguns casos, é pré-requisito obrigatório para obtenção de financiamentos ou no estabelecimento da tradicional Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), voltada à segurança física dos colaboradores - os recentes desastres hidrológicos pegaram muita gente de surpresa.
Um levantamento conjunto realizado pela Câmara de Indústria e Comércio do Vale do Taquari (CIC-VT), Federasul, Sebrae e a Secretaria do Desenvolvimento Econômico (Sedec), em parceria com entidades e prefeituras da região, logo após a enchente de setembro, mostrou que 71% das 1.428 empresas ouvidas não tinham um seguro que cobrisse os danos provocados pelo desastre. Ao mesmo tempo, 16% delas não tinham ainda uma estimativa de retorno das atividades.
"Isso nos serviu para buscar subsídios, e falar com os governos estadual e federal, com as seguradoras. Ela foi balizadora para entendermos a dimensão e profundidade dos danos. São dados muito importantes para ver se as empresas vão voltar a trabalhar, se têm condições de ficar (no mesmo local) e de se recuperar", constatou Ângelo Fontana, presidente da CIC-VT e da Associação Comercial e Industrial de Encantado (Aci-E).
Fontana pontua que a última enchente, em maio, motivou a aplicação de outra pesquisa, ampliada, disponível para preenchimento de qualquer empresa gaúcha, com o objetivo de mapear todos os desdobramentos provocados pela tragédia.
O dirigente alerta que a incerteza que permeia as empresas do Vale do Taquari, que já enfrentaram três eventos climáticos de grandes proporções, faz a entidade levantar a hipótese de incentivar a criação de condomínios industriais em outras cidades da região que sofreram com as cheias em menor proporção. "Para poder acolher essas empresas, senão vai haver uma debandada enorme", preocupa-se. "Mas a decisão das empresas agora não pode mais ser baseada na emoção, e sim na razão", salienta.
Política de defesa civil precisa ser permanente, defende consultora
Haverá dias de frio no Estado, mas na maior parte predominam dias amenos, aponta a meteorologia
/MetSul Meteorologia/divulgação/JCAinda que o Brasil tenha regramentos bem elaborados de defesa civil e seja signatários de pactos internacionais como o Marco de Ação de Hyogo (2005-2015) e o Marco de Sendai para a Redução do Risco de Desastres (2015- 2030), no País há dificuldade em estabelecer uma cultura e prática permanentes de prevenção e preparação.
A avaliação é da consultora autônoma Eloisa Maria Adami Giazzon, que já atuou no grupo de pesquisa Gestão de Risco de Desastres (Grid) e no Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (Ceped) da Ufrgs, além de ter integrado a equipe de elaboração da primeira etapa da proposta para o Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil.
"É generalizada no Brasil, com algumas exceções, uma atuação muito maior na resposta aos desastres, uma integração somente quando eles ocorrem. Porque aí todos os setores se mobilizam. Mas a gente vê que esse ciclo não é contínuo", analisa. São políticas, segundo Giazzon, cujo funcionamento envolve não só os diferentes órgãos e esferas de governo, mas toda a sociedade civil, incluindo empresas privadas e a população.
A especialista explica que as fases da gestão de risco de desastre envolvem prevenção, mitigação, preparação, resposta e reconstrução. "Esse ciclo engloba itens como planejamento urbano, mapeamentos, a legislação, capacitações de técnicas e o envolvimento de gestores presentes na própria comunidade, na sociedade. É uma dinâmica importante, principalmente neste momento que a gente está vivendo", enfatiza.
No âmbito interno das empresas, esse envolvimento muitas vezes se dá por meio do estabelecimento de um plano específico voltado a desastres, com o comprometimento de uma equipe responsável. "É algo que temos mais organizado na questão dos incêndios, por exemplo, com um grupo de brigadistas".
De acordo com Giazzon, além do mapeamento prévio dos riscos aos quais a empresa está sujeita, um plano de desastres aborda pontos como as condições da área física onde a empresa está instalada, as dinâmicas logísticas, as competências e funções de cada colaborador, para saber quais profissionais devem ser acionados diante de uma emergência e quais as movimentações e rotas de evacuação necessárias. "É o mesmo que um município tem de fazer para cada tipo de desastre ao qual está sujeito", compara.
Outra coisa importante, ressalta a consultora, é realizar simulados que envolvam todas as áreas e colaboradores da empresa. "Esse é um bom treinamento para que todos os envolvidos compreendam como seria de fato a atuação no momento em que um desastre está prestes a acontecer. Além disso, é preciso saber compreender os alertas", adverte, em relação aos avisos emitidos pela defesa civil e órgãos meteorológicos.
Plano de desastres após cheia de setembro preveniu piores danos mesmo com inundação maior
Fábrica de produtos de limpeza localizada em Encantado enfrenta alagamentos devido às cheias no Vale do Taquari
/Fontana SA/Divulgação/JCA elaboração de um plano especificamente voltado à possibilidade de mais uma cheia do Rio Taquari após a tragédia ocorrida em setembro de 2023 possibilitou a uma empresa de Encantado evitar danos mais abrangentes mesmo com uma área ainda maior atingida pelas águas durante este mês de maio.
A iniciativa permitiu à Fontana, indústria do setor de higiene e limpeza que opera na cidade há exatos 90 anos, limitar as perdas de seu estoque acabado - produtos prontos para a distribuição logística - a 20% do total, mesmo com cerca de 90% das instalações da empresa engolidas pela água, além de menos danos em equipamentos de controle e outros itens. Em setembro, essa perda havia sido de 70%. É o que conta o diretor da empresa, Maurício Ecker Fontana.
"Nosso planejamento, que era de médio e longo prazo, está se tornando de curto prazo", admite o empresário. Segundo Fontana, a indústria estava atuando de maneira paliativa para mitigar o risco apresentado pelas cheias de setembro e novembro, mantendo os estoques em outras áreas menos suscetíveis a inundações e para evitar perda total em outro evento de grande magnitude, explica.
Para tal, a empresa colocou em prática um plano para desastres construído internamente, e com o comprometimento permanente de 15 colaboradores de diferentes áreas da Fontana. "Esse planejamento só não teve mais eficiência pelas quedas de barreira e interrupção de estradas de Encantado mesmo antes da enchente", relata o diretor, pontuando a necessidade mais aprimoramento na estratégia adotada.
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Fontana detalha que a iniciativa resultou em um documento de 15 páginas com todos os detalhamentos e funções delegadas. "Tenho o responsável da engenharia que faz o contato com as prestadoras de serviço para a remoção dos itens, a área de expedição que solicita a coleta de produto acabado pelas transportadoras para nosso centro logístico em Teutônia, e assim por diante."
Além dessa organização interna, a área ambiental da empresa ficou a cargo do acompanhamento dos índices pluviométricos pelos órgãos oficiais, com a elaboração de um boletim meteorológico interno - semanal quando não há ocorrência de chuvas e diário, quando há previsão de precipitação e tempestades.
"Se o rio chega a 8 metros em Santa Tereza, por exemplo, com um índice pluviométrico aumentando, significa que precisamos parar a produção de tais e tais setores, desmontar tais máquinas, remover tais equipamentos e recolocar os estoques em outros depósitos", explica.
Já da porta para fora, Fontana acredita que é necessária uma movimentação da sociedade e governos para permitir a instalação de empresas em novas áreas industriais na região e no estado, menos suscetíveis a desastres, com a agilização da burocracia relativa a licenças, registros e outros trâmites que precisam estar de acordo com a legislação. Outra questão colocada é a necessidade de desassoreamento da bacia do Taquari. "Essa é uma realidade da qual se fala a mais de 40 anos, e que não evoluiu", critica.
Êxodo de mão de obra é preocupação para empresas afetadas
As consequências do clima severo e precipitações em excesso que vêm marcando o mês de maio no Rio Grande do Sol ocorrem em cascata: a interrupção da atividade de diversos setores impacta em todo o cenário econômico do estado, interrompendo cadeias produtivas inteiras e colocando toda a sociedade "em suspenso". Os gaúchos vivem a incerteza de como essa situação será remediada e superada, além do medo de novas ocorrências, já que é a terceira chuva de proporções catastróficas a atingir o RS no período de oito meses.
Um setor é especialmente sensível e frágil diante do trauma de tantas perdas: o de mão de obra. "Mesmo que uma empresa não tenha sido atingida pela água, ela será afetada pelo impacto econômico da interrupção ou saúde de outras empresas, sem dúvida, porque o ecossistema de negócios que existe começa a se modificar e há a redução da disponibilidade de insumos, mas também de mão de obra", observa o engenheiro Guilherme Marques, do Instituto de Pesquisas Hídricas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Segundo Marques, esse é um ponto também a ser levado em conta em análises de risco que envolvem a mitigação de danos provocados por desastres.
O presidente da Câmara de Indústria e Comércio do Vale do Taquari (CIC-VT), Ângelo Fontana, confirma a análise do pesquisador. Segundo o dirigente classista, o problema já começou a acontecer a partir da enchente de setembro, que causou danos extensos às empresas da região, e tende a se agravar com as cheias ocorridas em maio, que apesar do comportamento diferente, foi de proporções ainda maiores que em 2023. "Temos de dar um foco especial a isso", pontua.
"Se a empresa não está empregando e não gera renda, as lojas não vão vender nada. Se tivermos as empresas recuperadas, mas não houver força de trabalho, vamos para trás", adverte. Por isso, pontua o empresário, um ponto importante na reconstrução do Estado, e intimamente ligado à recuperação da atividade econômica é a habitação. "Sem habitação e emprego, o êxodo acontece". Além de defender o levantamento de locais mais seguros para a instalação de empresas, Ângelo crê que é necessária uma política de habitação que garanta áreas com menores riscos para a construção de moradia e investimentos em segurança pública.
A saída de trabalhadores é uma preocupação concreta também para Maurício Ecker Fontana, diretor na Fontana, empresa de Encantado que atua na área de higiene e limpeza há 90 anos. "Temos mais de 15 funcionários da nossa fábrica que já passaram pelo RH e disseram: 'olha, estamos indo', e vão procurar outro local para viver. Uns vão para Teutônia, outros para Marau, e até outros estados. A gente tem de agir o mais rápido possível para dar uma garantia a essas pessoas", prevê. "Se elas não tiverem mais condições financeiras e psicológicas de continuar morando na região, é um movimento que acaba acontecendo", admite o empresário.
Enchentes obrigam a ampliação de planos de prevenção já existentes
Pulverização da produção de uvas beneficiou vinícola Garibaldi, conta Angonezi
/Augusto Tomasi/Divulgação/JCNo contexto da tragédia ambiental que se abateu sobre o Rio Grande do Sul e, até o fim da semana passada, vitimou 163 pessoas em todo o estado, mesmo setores econômicos intimamente ligados à gestão do clima, como o vitivinícola, foram absolutamente pegos de surpresa com o volume pluviométrico registrado ao longo de maio.
"Sendo bem sincero, ninguém imaginava que haveria uma precipitação de 640 milímetros", constata Alexandre Angonezi, diretor administrativo da Cooperativa Vinícola Garibaldi, que reúne mais de 450 pequenos produtores de uva em uma média de três a quatro hectares de vinhedos.
Ainda que a gestão de riscos climáticos seja uma atividade cotidiana para as vinícolas, os planos de resiliência ambiental e voltado a emergências terão de ser revistos para incorporar a nova realidade climática com que o RS já convive e que gera incerteza em relação ao futuro. "A mudança climática figura entre as principais preocupações que temos. Algumas ações já são praticadas, outras ainda precisamos estruturar", explica o executivo.
Mesmo assim, as medidas de resiliência e riscos da vinícola, parte do planejamento estratégico, que consideram conceitos de ESG, amenizou muitos dos danos que poderiam atingir as atividades da Garibaldi. "Temos nosso Comitê Geral de Governança, que trata dessas questões quando, por exemplo, se institui uma crise".
Entre essas ações, está a pulverização da produção de uvas. "Estamos atuando em 18 municípios da região. Por essa distribuição mais abrangente, os riscos se diluem. Nessa situação de agora, o levantamento de danos constatou 10 hectares de produção perdidos em um universo de 1.200 hectares de parreirais", contabiliza. "Sabemos que se tivéssemos essa produção concentrada no local, e esse local fosse afetado, como aconteceu em outras vinícolas, teríamos um impacto muito maior."
Outra iniciativa da vinícola é o estabelecimento de um vinhedo experimental que estuda o comportamento de mais de 60 variedades vitícolas de diversos países. "Uma das características buscadas está nas variedades resistentes, as variedades PIWI", conta, apontando uvas menos propensas a infecção por fungos, por exemplo. Junto com isso, a empresa propaga entre os produtores cooperados técnicas para um manejo mais adequado de insumos, otimizando a produção e aprimorando a qualidade. Além disso, a Garibaldi se baseia nas medições de três estações meteorológicas próprias.
"Também há três anos ministramos um curso de gestão da propriedade rural que engloba entre seus módulos a gestão de riscos. É uma soma de fatores, reunindo conhecimentos internos e parcerias externas, que a gente procura adotar para podermos nos antecipar a eventos severos", assegura Angonezi.
Plano de resiliência climática permitiu auxílio à comunidade durante a tragédia
Goelzer destaca ações de preservação e mitigação de danos ambientais
/Arquivo Pessoal/Divulgação/JCA diferença que planos de resiliência e mitigação de desastres pode fazer diante de um evento climático e ambiental de grande magnitude pode significar não só a amenização de danos, mas possibilitar que a empresa seja um ponto de apoio à comunidade da população afetada por catástrofes.
Fundada em 1992, mesmo ano da Rio 92, a Quinta da Estância, em Viamão, voltada à área de ecoturismo e educação ambiental, tem uma política interna de resiliência que torna a propriedade, junto com a Estância das Oliveiras, dedicada à olivicultura e produção de azeites, autossuficiente no abastecimento de água e energia. Isso possibilitou, além de permanecer livre de cortes de energia e água no período mais agudo das chuvas de maio, que a propriedade abastecesse caminhões pipa para as comunidades em torno da fazenda e hospitais da Região Metropolitana, em um total de mais de 500 mil litros.
Segundo Rafael Goelzer, diretor de Relacionamento com o Mercado e também diretor na Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul (Federasul), as ações de resiliência, somadas a diversas iniciativas de preservação do meio ambiente e combate ao aquecimento global, representam 20% das despesas fixas da empresa mensalmente, desde o início.
"Desde 1992, a gente já começou essas ações com o plantio de árvores. Tínhamos uma região que, devido ao uso para pastagem animal, era desnudo e vulnerável às chuvas intensas. Então, neste período, tivemos o plantio de mais de 60 mil árvores, entre matas nativas e ciliares, garantindo que nascentes e córregos se manterão mais íntimos. As raízes seguram a chuva, deixam o solo mais permeável e com mais capacidade de absorção de água", explica.
Além disso, a instalação de uma unidade biológica de tratamento de efluentes tornou possível o consumo de água dos lençóis freáticos existentes sob a propriedade. Junto com a geração de 100% da energia elétrica por fontes renováveis e sua distribuição subterrânea, também sempre há energia disponível para a Quinta da Estância e a Estância das Oliveiras, em um fornecimento que não está sujeito ao principal fenômeno climático extremo que atinge a empresa: as ventanias, que costumam provocar interrupção com a queda de postes e fios de eletricidade. "Com isso, o bombeamento dos poços artesianos não foi interrompido, garantindo a doação de água à comunidade", celebra Goelzer.
Outro cuidado contra os ventos envolveu a construção das benfeitorias da propriedade em harmonia com as características do terreno, tornando as instalações mais resistentes.
Ainda que a conduta de longo prazo permita à empresa minimizar a possibilidade de danos, Goelzer pontua que a Quinta da Estância também possui uma estratégia voltada especificamente a emergências. "Em eventos com estruturas temporárias, como Gazebos, que não suportam um clima extremo, temos um plano de evacuação para os prédios. Isso é necessário para o dia-a-dia, na proteção de nossa equipe que ficam aqui a semana toda, os tratadores de animais, tratoristas, entre outros", detalha.
Por fim, a empresa de guarnece contra danos com o apoio de um seguro das estruturas da fazenda e que cobrem a ocorrência de fenômenos extremos. "Mas não lembro a última vez que tivemos de acionar um seguro, em função exatamente desses cuidados que tomamos", conclui.
* Lívia Araújo é jornalista formada pela Universidade Estadual Paulista. Já atuou nas redações da Gazeta do Povo, DCI e Jornal do Comércio e passou pela Diadorim Editora.