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Publicada em 19 de Maio de 2024 às 16:00

Empresas se mobilizam para enfrentar as enchentes no Rio Grande do Sul

Diante da devastação no Rio Grande do Sul, o setor privado se destaca por sua mobilização

Diante da devastação no Rio Grande do Sul, o setor privado se destaca por sua mobilização

Nelson Almeida/AFP/JC
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Roberta Mello
Especial para o JC*
Especial para o JC*
Diante da devastação provocada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, o setor privado se destaca por sua mobilização. Empresas aderiram a diversas ações solidárias, desde doações em dinheiro até campanhas de financiamento coletivo e leilões beneficentes. O Estado, praticamente isolado, tornou-se epicentro da solidariedade, com uma força de vontade capaz de driblar os desafios logísticos. Nesta edição do caderno Empresas & Negócios, o Jornal do Comércio destaca essas iniciativas, reconhecendo alguns dos gestos em prol da recuperação do Estado.
 

Biamar, de Farroupilha, confeccionará mil cobertores por semana durante todo o inverno para abastecer abrigos e também as famílias que perderam tudo com a cheia histórica que assolou o Estado

Biamar, de Farroupilha, confeccionará mil cobertores por semana durante todo o inverno para abastecer abrigos e também as famílias que perderam tudo com a cheia histórica que assolou o Estado

Biamar/Divulgação/JC
Além da mobilização sem precedentes da população e do poder público para salvar, acolher e abrigar, muitas empresas também resolveram contribuir para minimizar os enormes danos gerados pelas enchentes no Rio Grande do Sul. São inúmeras as ações envolvendo empresas e entidades empresariais em resposta às demandas urgentes, como a dificuldade enfrentada pelo povo gaúcho atingido em acessar água potável, ou atendendo a necessidades perenes de vestuário, cobertas, alimentação e segurança.
O impacto das enchentes sobre a renda da população já é sentido, porém de difícil contabilização. O setor produtivo começa a avaliar os prejuízos econômicos da tragédia. Relatório divulgado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS divulgado em 9 de maio destaca que o volume de recursos necessários para a reconstrução de áreas públicas, das famílias e de empresas no Rio Grande do Sul será "absolutamente inalcançável". Segundo a federação, os danos patrimoniais das famílias podem passar de R$ 2,3 bilhões.
As fortes chuvas devem levar também a uma alta dos preços dos alimentos, impactando o poder de compra das famílias, prevê a Fecomercio-SP. Entre os produtos que devem ter os preços afetados estão os derivados de leite e o arroz.
Mesmo diante de um cenário desolador, o setor privado se mobiliza através de doações em dinheiro, auxílio no transporte de mantimentos, campanha de financiamento coletivo, criação de fundos para projetos de reconstrução e leilões. São tantas as empresas engajadas e as formas de colaborar, das mais criativas às tradicionais, que o Rio Grande do Sul se tornou o principal destino da solidariedade, apesar de praticamente isolado dadas as dificuldades de conexão logística com outros estados e países.
Por isso, nesta edição do caderno Empresas & Negócios, o Jornal do Comércio abre espaço a algumas destas iniciativas para contar suas histórias e, através delas, valorizar cada atitude voltada à recuperação do Estado. Uma delas vem da Serra gaúcha: serão cerca de mil cobertores produzidos por semana durante todo o inverno na Biamar Malhas, malharia de Farroupilha. Para aquecer nas baixas temperaturas, a empresa adaptou a linha de produção, dedicando uma célula de teares, com cinco unidades, para fabricação exclusiva de cobertores para doação, ampliando a capacidade se comparado ao processo manual de unir retalhos que fazia desde a enchente do ano passado. Cada cobertor leva cerca de 25 minutos para ficar pronto e pesa cerca de 1kg. Na estampa, palavras de carinho e afeto, junto ao desenho do mapa do RS. Além dos cobertores, a marca também estruturou a produção de luvas, meias e toucas exclusivamente para doação.
A Biamar garante que, enquanto houver demanda, o esforço não vai parar. "Vamos abraçar nossa população que tanto perdeu nessa tragédia, oferecendo o calor para ajudar a resgatar também a esperança nessa reconstrução do nosso estado. Uniremos esforços para sair dessa, juntos", diz Suélen Biazoli, coordenadora de criatividade e estilo da Biamar Malhas. Inclusive, marcas fornecedoras de fios que queiram ser parceiras da ação, podem doar a matéria-prima diretamente para a Biamar que será destinada exclusivamente para os teares operando em prol do RS.
"O inverno sempre moveu a Biamar. Neste momento, ele nos move em direção a acalentar ainda mais nosso Rio Grande do Sul, em meio a essa tragédia que estamos vivendo", reforça Suélen Biazoli.
Até agora, mais de mil calças, blusas, casacos, jaquetas, cachecóis e calçados nos tamanhos adulto e infantil foram doados, junto com cobertores e produtos de limpeza e higiene. As cidades afetadas pelas enchentes seguirão recebendo doações, tanto as organizadas pela própria marca, quanto as que chegam no complexo industrial. No momento, o foco do ponto de coleta instalado na Biamar é doações para crianças, como fraldas, brinquedos, mamadeiras, chupetas e roupinhas de bebê.

Programa irá receber projetos de reconstrução dos municípios afetados

Família Ling vai destinar R$ 50 milhões a projeto com foco em obras de recuperação de infraestrutura

Família Ling vai destinar R$ 50 milhões a projeto com foco em obras de recuperação de infraestrutura

Mauricio Tonetto/Secom/jc
O Instituto Ling, em conjunto com a Federasul e Instituto Cultural Floresta, anunciou na semana passada o Reconstrói RS, programa voltado à reconstrução do Rio Grande do Sul com foco em obras de recuperação da infraestrutura nas regiões diretamente afetadas. O objetivo é que os recursos cheguem o mais rápido possível, sem intermediações, para financiar obras urgentes, de alto impacto e de forma permanente, sempre em parceria com as comunidades locais.
A iniciativa também visa catalisar um estado de espírito, estimulando lideranças da sociedade civil de cada localidade atingida a chamarem para si a responsabilidade pela reconstrução, emprestando sua capacidade empreendedora na avaliação do que aconteceu para propor melhores soluções.
Os primeiros R$ 50 milhões foram doados pela família Ling, mantenedora do Instituto Ling no Brasil e da Ling Foundation, com atuação nos Estados Unidos. O programa já conta com a adesão das Lojas Renner, de Salim Mattar, fundador da Localiza, que destinou R$ 5 milhões, de Jayme Garfinkel, controlador da Porto Seguro, e do Instituto Franco, com R$ 1 milhão cada. O apoio de outras pessoas e famílias, empresas e organizações é bem-vindo.
"A ideia é incentivar a mobilização em um modelo descentralizado, cooperativo, baseado na confiança nas lideranças comunitárias que são os verdadeiros protagonistas, os que melhor conhecem a realidade local, e na responsabilidade compartilhada em relação ao aporte de recursos", afirma William Ling, presidente do Instituto Ling.
Cada projeto vai receber até R$ 1 milhão. A Federasul, através de 190 Associações Comerciais e Industriais (ACIs) do interior do Estado, e o Instituto Cultural Floresta (ICF) realizarão a triagem, fiscalização e o acompanhamento da destinação dos recursos e da execução dos projetos.
As comunidades que queiram pleitear recursos deverão acionar as ACIs de suas regiões ou o ICF a partir de 1 de junho e submeter suas propostas. Um comitê avaliador composto por especialistas em infraestrutura e engenharia e familiarizados com a realidade do Estado, verificará pontos como a pertinência e a qualidade técnica dos projetos.
Os proponentes dos projetos aprovados serão orientados pelo Instituto Ling sobre as providências para contratação dos recursos. A primeira etapa do cronograma financeiro das obras ficará a cargo da comunidade. O aporte do Instituto Ling será liberado na segunda etapa do cronograma, sem intermediações, com o objetivo de agilizar ao máximo a reconstrução.
"Este é o momento de pensar em erguer o Rio Grande do Sul com a união de todos, de forma descentralizada e a partir do conhecimento local. Quem sabe desta tragédia, possa nascer um novo Brasil?", destaca Ling.

Escritório de design investe em campanha de financiamento coletivo para destinar a abrigo

Paula Langie, diretora da Nektar, organiza a venda de pôsteres; 70% da renda será repassada para casa de abrigo

Paula Langie, diretora da Nektar, organiza a venda de pôsteres; 70% da renda será repassada para casa de abrigo

Nektar Design/Divulgação/JC
A fim de ampliar a arrecadação de fundos para a Casa de Abrigo Anne Frank, situada no bairro Floresta, que oferece acolhimento a mulheres e crianças em situação de vulnerabilidade, Néktar Design decidiu usar aquilo que tem de sobra: a criatividade. O escritório porto-alegrense dedicado à inovação e ao design lançou uma campanha de financiamento coletivo do pôster "Árvores de Porto Alegre".
Com colaboração a partir de R$ 30,00, é possível adquirir a arte ou um kit com o pôster e uma série de postais com locais queridos do bairro Bom Fim. O objetivo foi reunir o desejo latente em todas as pessoas de ajudar com a entrega de um produto bastante simbólico, explica Paula Langie Araujo, diretora da Néktar Design.
A arte foi concebida ainda em 2023 após episódios de chuva e vento fortes que derrubaram uma série de árvores presentes nas ruas da capital gaúcha. "Esse trabalho foi feito com a intenção de comemorar os 19 anos da Néktar e de homenagear nossa cidade, que já foi considerada uma das mais arborizadas do mundo, e resgatar a importância das arvores e das áreas verdes para as cidades se adaptarem a situações externas como a que enfrentamos hoje. Entregamos a parceiros, clientes, mas ouvimos muita gente dizer que também queria ter em sua casa", diz Paula.
Menos de um ano depois, a cidade é assolada por uma destruição ainda maior e a equipe da Néktar, em busca de formas novas e emergenciais de colaborar decide revisitar este material. Lançada no dia 10 de maio, a campanha oferece uma quantidade limitada de 250 pôsteres à venda e tem o objetivo de arrecadar R$ 12,5 mil - 70% será destinado à estruturação da Casa de Abrigo Anne Frank.
Além desta ação, a Néktar já está considerando novas iniciativas para continuar contribuindo. "Sabemos que temos uma longa jornada de limpeza e reconstrução da cidade e já estamos pensando em como o design pode contribuir nessa nova etapa também", finaliza. Para participar desta iniciativa, é possível encontrar mais informações via redes sociais da Néktar Design e através da plataforma Apoia.se. 

Iniciativas buscam reanimar setor vitivinícola gaúcho

Leilão beneficente de vinhos raros foi promovido pela Associação Brasileira de Sommeliers do Rio Grande do Sul

Leilão beneficente de vinhos raros foi promovido pela Associação Brasileira de Sommeliers do Rio Grande do Sul

Cleber Brauner/divulgação/jc
Um leilão de vinhos raros promovido pela Associação Brasileira de Sommeliers do Rio Grande do Sul (ABS-RS) busca colaborar com a reestruturação de municípios do interior do Estado, principalmente aqueles com tradição na produção da bebida. Inspirado em um tradicional leilão beneficente realizado em Borgonha, França, há mais de 100 anos, a ABS-RS criou seu próprio certame beneficente no Rio Grande do Sul em 2022. Nos dois primeiros anos, foram beneficiados o Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama) e a instituição Mão Amiga de Caxias do Sul, respectivamente.
Este ano, a ABS decidiu antecipar a data do evento e realizar uma série de leilões ao longo do mês de maio de forma online em parceria com o Cristiano Escola Leilões. "Diferentemente dos anos anteriores, não criamos um novo rótulo exclusivo. Como foi uma ação emergencial, abrimos espaço para doações de vinícolas e colecionadores para envio de vinhos raros e icônicos e o envolvimento não podia ter sido melhor", salienta Caroline Dani, presidente da ABS-RS.
ABS-RS/divulgação/jc
Diferentemente dos anos anteriores, não foi criado um novo rótulo exclusivo, diz Caroline
 
Um novo leilão com lotes inéditos é lançado nesta segunda-feira (20). A iniciativa conta com o apoio significativo da Aprovale e Altos Montes, além de vinícolas de Flores da Cunha e Nova Pádua. Diversas outras empresas e pessoas físicas também se juntaram à causa com doações.
Os recursos arrecadados serão destinados a duas instituições: Câmara da Indústria e Comércio de Bento Gonçalves, através do Movimento Unidos por Bento, Rotary Club do Rio Grande do Sul, que contempla diferentes municípios do interior do Estado. A meta é arrecadar pelo menos R$ 50 mil ao longo do mês.
Também a fim de colaborar com a recuperação de um setor que ainda contabiliza as perdas geradas pelas chuvas incessantes em todo o Estado, uma iniciativa busca estimular o consumo do vinho produzido em solo gaúcho. Antes mesmo de um levantamento definitivo dos prejuízos, que podem chegar à destruição de pelo menos 500 hectares de vinhedos, segundo projeção da Emater/RS Ascar, entidades ligadas ao setor abriram uma frente de trabalho para amenizar o impacto.
A plataforma Brasil de Vinhos, que traz informações sobre a bebida produzida no País, lançou a campanha "Compre Vinho Gaúcho" com o objetivo de estimular a cadeia produtiva do vinho no Rio Grande do Sul, uma parte vital da economia local. A iniciativa é uma resposta a relatos comoventes de produtores que perderam vinhedos de 10, 20 e até 30 anos devido à recente tragédia climática.
"A cadeia produtiva do vinho envolve desde o agricultor, cuja família depende da produção, até aqueles que envasam e distribuem o produto. E a extensão dos danos só será conhecida quando os técnicos puderem avaliar as áreas afetadas", explica Lucia Porto, sócia da Brasil de Vinhos ao lado de Caroline Dani, Luiz Gustavo Lovato e Róger Thieme Perotto. Diante dessa situação, a plataforma decidiu usar sua influência e capilaridade entre sommeliers e formadores de opinião e apoiar principalmente os pequenos produtores que foram duramente atingidos.
 
lucia porto/arquivo pessoal/jc
Lucia diz que extensão dos danos só será conhecida quando forem avaliadas as áreas afetadas
A campanha encoraja pessoas de fora do Estado a consumir vinho gaúcho e já conta com o reforço de nomes de peso, como o chef Claude Troisgros, a enóloga Cynthia Malacarne e um dos principais enólogos da Argentina, Alejandro Vigil, dentre outros. Quem quiser participar, pode visitar o site da Brasil de Vinhos e escolher uma vinícola do Rio Grande do Sul através do buscador, explica Lucia.
"Mesmo que essa entrega demore um pouco mais para acontecer, queremos sensibilizar o consumidor. Saiba que ao receber o vinho, você estará contribuindo para a lenta e dolorosa reestruturação das vinícolas afetadas", destaca Lucia.
Um dos vinhateiros já impactados é Eduardo Gastaldo, fundador da Ruiz Gastaldo Vinícola Urbana, em Porto Alegre, para quem a campanha vem em bom momento. "Mesmo os produtores que não foram atingidos diretamente, também sofrem com as enchentes indiretamente. Eu mesmo estou com a vinícola fechada porque entendi que não tinha como simplesmente seguir com a produção. Parei e estou ajudando em resgates, em abrigos", comenta. Mesmo em um momento difícil, ele comemora o engajamento dos clientes e o recebimento de muitos novos pedidos, inclusive de pessoas de fora do Rio Grande do Sul, dentre eles chefs e restaurantes renomados. 

Treino solidário reverte em recursos financeiros e homenagem ao RS

Venda dos ingressos para 36 mil torcedores do Atlético-MG rendeu R$ 660 mil e mais de 10 toneladas de donativos

Venda dos ingressos para 36 mil torcedores do Atlético-MG rendeu R$ 660 mil e mais de 10 toneladas de donativos

MRV/Divulgação/JC
Atenta aos acontecimentos recentes, a MRV, maior construtora da América Latina, e o Instituto MRV estão solidários e promovendo uma série de ações em apoio à população do Rio Grande do Sul, afetada pela tragédia dos temporais nos últimos dias. A companhia, que atua há 17 anos em solo gaúcho e possui 84 empreendimentos no Estado, promoveu junto com o Clube Atlético Mineiro um treino solidário.
Com mais de 36 mil torcedores presentes, o evento contou com homenagem aos gaúchos e reverteu a venda dos ingressos em doações para as vítimas no RS. Foram arrecadados aproximadamente R$ 660 mil e mais de 10 toneladas de donativos entregues nos quatro pontos de coleta na Arena MRV, que serão destinados ao RS.
Também em apoio ao Estado, a companhia já está atuando em conjunto com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) no esforço de doações em dinheiro. Em parceria com a entidade, foram doados R$ 50 mil para apoiar o governo do RS. Além disso, foi realizada a doação de R$ 30 mil ao Instituto Cultural Floresta para a instalação de antenas de internet via satélite Starlink no Estado. O objetivo é apoiar os trabalhos de monitoramento e acesso à informação das autoridades locais onde outras redes não estão funcionando no momento.
Em uma campanha de arrecadação anunciada nas redes sociais, juntamente com o Instituto MRV, a cada R$ 1,00 doado pela população em geral a um fundo do Instituto via Pix ou QR Code, a empresa vai doar mais R$ 1,00, dobrando o valor total arrecadado. O valor será destinado à Cruz Vermelha, para distribuição do Cartão Humanitário. Diversas obras, lojas espalhadas pelo País, além da sede da companhia em Belo Horizonte são pontos de recebimento de mantimentos, que foram transferidos por responsabilidade da MRV para o Rio Grande do Sul.
"Estamos acompanhando a situação e buscando as melhores formas de ajudar em cada etapa. Sabemos que o momento é de salvar vidas e de ajuda imediata e estamos empenhados em colaborar nas urgências. Quando for a hora de reconstruir, também estaremos ao lado do povo gaúcho", afirma Ítalo Pita, diretor comercial da MRV.
Mais de 300 colaboradores da MRV e seus familiares, afetados pelas enchentes e que tiveram de sair de suas casas por morarem em áreas atingidas, vêm recebendo apoio psicológico oferecido pela companhia. Alguns deles estão em abrigos ou em casas de familiares e amigos e outros foram direcionados pela companhia a hotéis e a unidades da Luggo (startup da MRV&CO com imóveis mobiliados e semi mobiliados para aluguel). A construtora também está organizando a antecipação da primeira parcela do 13º salário e antecipação das férias a quem solicitar.
As obras foram paralisadas e as jornadas de trabalho foram suspensas ou flexibilizadas de acordo com as necessidades individuais em um primeiro momento. Agora, porém, as atividades estão sendo progressivamente retomadas, com foco total na entrega aos clientes, o mais rápido possível, dos empreendimentos que estão próximos de finalização.

Venda virtual de obras de arte reverte em ajuda

Schmidt criou o projeto SOS Arte, que já conta com criações doadas

Schmidt criou o projeto SOS Arte, que já conta com criações doadas

Carlos Schmidt/arquivo pessoal/jc
Carlos Schmidt, proprietário da Galeria Guion em Porto Alegre, decidiu doar a venda de quadros de seu acervo e criou o projeto SOS Arte, que hoje já conta inclusive com obras doadas diretamente por artistas visuais. Através de grupos em redes sociais, ele estimula a arrecadação através do que faz há anos na Capital: curar e comercializar criações artísticas.
O valor integral é repassado a entidades do interior selecionadas por Schmidt e divulgadas juntamente com a obra ofertada. "O pagamento é feito diretamente pelo comprador na conta da entidade, sem passar por mim. Após, é apresentado o comprovante e faço o envio da obra", explica.
Para Schmidt, a falta de engajamento em iniciativas solidárias muitas vezes está relacionada à ausência de resultados tangíveis. "Esta foi a maneira que encontrei de oferecer uma forma mais palpável de envolver a comunidade. A receptividade tem sido positiva, com até mesmo marchands de São Paulo e leiloeiros do Rio de Janeiro demonstrando interesse em algumas obras".
Até o momento, o leilão arrecadou aproximadamente R$ 4 mil em apenas uma semana, com sete obras arrematadas. "É mais do que qualquer galeria brasileira consegue vender no mesmo período de tempo, o que comprova que não se trata apenas da aquisição da obra, mas de algo muito maior", destaca Schmidt.

Rede francesa aportou cerca de R$ 2 milhões

A Leroy Merlin já doou o equivalente a R$ 2 milhões em mais de 40 mil itens, incluindo luvas, botas, lanternas, cordas e ferramentas em geral, além de mantas, cobertores e kits de higiene pessoal para atender às solicitações da Defesa Civil e demais entidades. "Este é um momento sem precedentes, no qual é crucial unirmos esforços para enfrentar os desafios impostos pelo desastre social e ambiental", declara Ignacio Sánchez, CEO da Leroy Merlin Brasil.
Outra ação conduzida pela companhia é a disponibilização de uma lista de produtos essenciais a preço de custo e com opções de parcelamento estendido para os clientes das três lojas no estado. "Estamos mobilizando a nossa rede de fornecedores, parceiros, entidades da sociedade civil em uma ação coordenada e conjunta, de doação de produtos, recursos e ações de voluntariado para o momento de retomada na reconstrução dos lares gaúchos e de estruturas públicas. Estamos em constante monitoramento da situação, junto com as autoridades locais, prontos para oferecer suporte contínuo e eficaz", finaliza o CEO da companhia. Todas as unidades da Leroy Merlin no Brasil estão atuando como pontos de arrecadação.
 

Conheça outras iniciativas que têm feito a dirença no enfrentamento à tragédia

Maior crise climática da história gaúcha atingiu Porto Alegre e a grande maioria dos municípios pelo Estado

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Anselmo Cunha/AFP/JC
 Irani Papel e Embalagem
Além de doações financeiras, de água, colchões, por exemplo, de forma mais emergencial e diretamente ao Instituto Cultural Floresta, a Irani também está encaminhando caixas de papelão para transporte de alimentos e outros produtos. Até meados de maio foram mais de 20 mil unidades doadas, para as seguintes instituições: 6.090 unidades para abrigo de Guaíba, 6 mil caixas para o Corpo de Bombeiros de Porto Alegre, 4.285 para a Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs), 2 mil para abrigo de Cachoeirinha, 2 mil caixas para Prefeitura de Indaiatuba/SP (município paulista que se mobilizou no apoio aos gaúchos e onde a Irani tem uma unidade) e 600 caixas para o Corpo de Bombeiros de Concórdia/SC (de onde partiram doações para o RS).
 Universidade de Caxias do Sul
Rede solidária formada pelo curso de Moda da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e o Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem, Malharias, Vestuário, Calçados e Acessórios da Serra Gaúcha (Fitemavest) já confeccionou quase 2 mil cobertores doados às vítimas das chuvas no Estado.
 Imply
A empresa de tecnologia com sede em Santa Cruz do Sul ligada a dezenas de clubes e arenas de futebol, entre eles o Internacional, Grêmio e Juventude, cedeu helicóptero para resgates e transporte de alimentos, medicamentos e geradores para áreas isoladas, donativos e equipes de apoio em diversas frentes para auxílio aos impactados, além do fornecimento da infraestrutura da empresa, que está sendo utilizada pela Polícia Civil e outras organizações para recursos de resgate.
 Instituto Desenvolve Pecuária
O Instituto Desenvolve Pecuária realiza arrecadação de doações que serão direcionadas aos municípios mais afetados através da Defesa Civil e de verbas destinadas à reconstrução. Além disso, realizou na semana passada o Leilão Agro Solidário, cuja renda será 100% revertida aos atingidos por essa tragédia, sendo 80% destinada à campanha realizada pela entidade.
 Santander
O Banco Santander mobilizou, até o momento, entre recursos próprios e doações de colaboradores e clientes, cerca de R$ 7 milhões. Este montante está sendo direcionado a ações destinadas a amenizar os impactos das chuvas para a população. Uma parte dos recursos foi doada por funcionários e dobrada pela instituição, conforme anunciado na criação do Instituto Santander, um fundo de ajuda humanitária que permanece aberto para receber doações. Outra parcela corresponde ao aporte feito pelo Santander à Febraban, em conjunto com outros bancos.
 Atitus
A Atitus Educação, instituição de ensino superior com unidades em Porto Alegre e Passo Fundo, resolveu estimular os alunos a colocarem em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula. A fim de colaborar com a etapa de limpeza das casas e reconstrução, estudantes da Escola Politécnica da Atitus, situada no Campus Santa Terezinha em Passo Fundo, produziram uma leva de 1 mil rodos destinados à limpeza das residências afetadas pelas enchentes. Além desta contribuição, a Atitus também está oferecendo suporte psicológico às vítimas. Estudantes e docentes do curso de Psicologia estão prestando atendimento aos desabrigados, fornecendo apoio emocional a quem teve perdas causadas pela crise climática no Rio Grande do Sul.
 Carrefour
O Grupo Carrefour Brasil informou que congelou preços em todas as lojas do estado e doará 500 mil quilos, que equivalem a 50 mil cestas básicas, em alimentos, água e produtos de higiene para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Os itens doados serão destinados prioritariamente à Defesa Civil do Estado do Rio Grande do Sul, à organização não-governamental Ação da Cidadania e a outras organizações sociais locais do estado, que estão atendendo as vítimas e distribuindo os mantimentos. A logística envolve o envio terrestre e aéreo, equivalente a 18 carretas.

Conheça as ações da Indústria Gaúcha no caderno Dia da Indústria, veiculado nesta quinta-feira (24).
 

*Roberta Mello é formada em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica (Pucrs). Atuou como repórter de Economia no Jornal do Comércio de 2013 a 2021, onde conquistou os prêmios B3 de Jornalismo - Categoria Demais Regiões (edição 2018) e Transparência de Jornalismo (2017). Hoje, atua como assessora de imprensa e repórter freelancer.

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